Ema: antes

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Aquelas férias de verão tinham tudo para acabarem na perfeição: naquele dia estava sol e havia um extenso mar à sua volta, que se encontrava bastante calmo, parecendo uma grande tábua sem fim, com cores entre o dourado e azul, e mais tarde, já com o céu corado, e o sol pronto para dar mais um mergulho, um tom avermelhado do seu reflexo que desaparecia com ele. Era sempre bom ver o por do sol dali.

Sentia-se, agora sentada a ouvir as pequenas ondas do mar que pareciam o único ruído do universo, como se pudesse contemplar aqueles breves momentos num infinito que durava sempre menos do que o previsto, mas que parecia parar o tempo de Emma por breves instantes.

Finalmente, quando o sol desaparecia por completo dando a finalidade a mais um dia, Emma ia para casa, enquanto contemplava no carro, o mar a distanciar-se e a ficar num tom escuro, parecendo como um líquido viscoso qualquer parecido com petróleo com uma infinidade de quilómetros. Ao longe conseguia ver as luzes de pequenos barcos há pouco acesas que regressavam das suas viagens, ou apenas que as continuavam, e bem longe, como que noutro contexto, um farol que indicava o caminho àqueles navegantes do mundo aquático.

Durante as suas três semanas de férias que iam acabar em breve, Ema tinha mergulhado vezes sem conta naquele mar, tinha conhecido dezenas de pessoas naquela praia ao qual poderia chamar de amigo, tinha saído todas as noites para comer um gelado enquanto convivia com pessoas de todo o tipo até as tantas da manhã, tinha comido vezes sem conta "pasta al sugo", pizzas, mozzarella, lasanhas e todas as especiarias italiana, tinha encontrado grutas quase submersas no qual se aventurara quando a maré estava baixa, e no qual tinha descoberto as mais maravilhas aquáticas, tinha até feito o seu habitual "sub", consistente em tentar descer o mais possível debaixo de água e, naquele momento, enquanto estava no carro, na rotina de regresso a casa, ao pensar no pouco tempo que faltava para se ir embora daquele paraíso, não conseguia deixar de se sentir um pouco triste, não querendo deixar nada por fazer naqueles últimos dias com o pai.

Dali a quatro dias iria se defrontar com uma viagem de comboio até aos seus avós, que por sua vez, a levariam ao Aeroporto, onde faria uma ultima viagem até à sua localidade atual e onde vivia com sua mãe. Emma adorava viajar de avião e normalmente, sempre que ia para a casa de praia também tinha de ir de comboio com o seu pai, uma viagem interminável e até mesmo secante onde se punham sempre a ver um filme ou dois para passar o tempo. Mas, pela primeira vez desde sempre o pai iria continuar na sua casa de praia, o que faria com que Ema fosse sozinha naquela viagem de comboio. Embora achasse uma seca as viagens intermináveis que já tinha vindo a repetir a sua vida toda, não deixava de sentir uma ponta de entusiamo como se quisesse que algo naquela viagem acontecesse. Embora fazendo várias ideias na sua cabeça Ema estava longe de imaginar o que realmente ia acontecer...

o rapaz do comboioOnde histórias criam vida. Descubra agora