Dentro de sua mente há uma tempestade se formando, nada pode ser sentido, ela nunca sentiu.
Viveu sua vida mecanicamente, sem criar laços, sem criar raízes.
Sempre oi muito fácil que desde de cedo sua vontade de fazer amizades fora inútil, durante a vida escolar, não permanecia em um lugar tempo o suficiente para conhecer a turma, durante a faculdade confiou e se decepcionou.
Mas após a primeira decepção na graduação, se vacinou, e percebeu que tudo aquilo era passageiro, ninguém gostava dela.
Aqueles em quem confiou nunca tentou manter uma conversa, ou convivência, sempre sentiu que havia uma mascara ali por baixo, que talvez não fosse interessante o bastante para alguém querer conhecer e se aproximar.
Após um momento de fraqueza, se recuperou, pensando apenas em seu objetivo.
Com a formatura, veio a procura por uma carreira, queria ser tudo aquilo que sonhara, ser reconhecida como uma excelente profissional, obter conquistas, obter uma boa condição de vida.
Estabeleceu uma meta, lutou para a concluir, após todo aquele estudo, havia algo que precisava ser feito para satisfação pessoal, mas isso teria que esperar.
Mudou de cidade, sua vida se tornara uma rotina intensa de trabalho, estudo e luta (para distração). Durante uma viagem, ela o conheceu, aquele que era o escolhido mas também o proibido.
Havia ido a um show e lá estava ele, com uma combinação básica de jeans, camisa preta e jaqueta de couro, ele lhe era familiar, mas sua mente estava distante o bastante para fazer a ligação.
Eles acabaram se esbarrando e ao se desculpar, a conversa simplesmente fluiu, como se fossem amigos há anos, mas eram completos estranhos.
Ambos sentiram aquela conexão, acreditando ser apenas sexual saíram juntos, ela até então não havia dormindo com nenhum estranho, e ele exalava um ar confiante, como sempre fora uma mulher fria, permitiu ceder aquele estranho. De qualquer maneira, partiria de volta para sua cidade no dia seguinte.
Andaram por um longo período, conversaram sobre filmes, músicas e livros, era incrível o quanto eram parecidos, apenas a personalidade era diferente, mas o gosto era semelhante.
Perto das 02:00 da manhã perceberam que estavam conversando há 4 horas, chegaram ao hotel e ela lhe perguntou se queria subir, ele aceitou.
Pela sua atitude, nada daquilo devia ser estranho a ele, mas a ela era e estava bastante nervosa. Conversaram por mais um tempo, e quando finalmente se beijaram, parecia que suas bocas tinham vontade própria, e haviam se preparado a vida toda para aquele momento.
Foi tudo tão calmo, mas ao mesmo tempo intenso, em suas mentes nenhum pensamento ousava atrapalhar aquele momento, era como um sonho, mas eles sempre acabam e com esse não seria diferente.
O dia amanheceu, ambos estavam sorrindo, passaram o resto da semana juntos. Aproveitavam o silêncio da noite e o brilho do Sol, sempre inventando desculpas para tocar um no outro, buscando a sensação de paz, de estar em casa.
No último dia, ele tentou a convencer de ficar ali em sua companhia.
-Tenho uma carreira para continuar, trabalho e casa. Não posso simplesmente ficar aqui.
Ele tinha medo que com a ida dela de volta a seu país de origem, tudo que viveram virasse apenas doces lembranças de um delicioso inverno, no qual ambos não imaginavam que podia acontecer.
Com 11 anos a mais que ela, ele sabia que o risco de ser apenas mais uma memória era grande, mas precisava respeitar sua decisão, mesmo que doesse. Na noite anterior a sua partida, ela lhe perguntou se ele havia amado alguém verdadeiramente e profundamente, ele disse que apenas amores de estações passaram em sua vida, em sua mente sabia que ela não seria esse tipo de amor, sentia algo mais forte, diferente de tudo, mas não ousava lhe confessar, tudo aquilo era muito estranho, e ele sempre fora um homem muito controlado apesar de suas paixões.
A pergunta lhe foi devolvida, e a resposta fora simples.
- Uma vez me disseram que mantenho o corpo quente mas o coração frio, não posso discordar, nunca me apaixonei, acredito que isso não acontece com pessoas como eu.
Ele lhe olhou profundamente perguntando como ela podia pensar naquilo, penou em mil frases que a fariam se sentir melhor, mas optou por não dizer nenhuma delas, apenas puxou seu corpo junto ao seu, e pensou em como poderia dormir sem a ver novamente.
Ela adormeceu em seus braços enquanto ele chorava silenciosamente durante a noite, ela fora uma benção e uma maldição. Uma benção por fazer ele se sentir amado (mesmo que ela não tenha dito isso com palavras, expressou por olhares, atitude e carinhos), sua inspiração para a música havia voltado com força total, e ela era o motivo. Maldição por ter que ir embora , por não ter aceitado permanecer naquele país estranho com ele, dois estrangeiros juntos (apesar de estar acostumado com o lugar), sua atitude independente, orgulhosa e segura o fazia se apaixonar ainda mais por ela.
Ao se despedirem no aeroporto, ele ficou imaginando sua vida naquele estranho país, seus amigos, familiares, tudo que possuía lá. Foi para sua casa e se pôs a escrever, durante todo o dia, com a mão doendo parou no meio da noite, olhou o celular pela milésima vez, nada, nenhuma ligação ou mensagem.
Já de madrugada recebeu sua mensagem, ela havia finalmente chegado em casa. Ele se lembrou do olhar que ela lhe dirigiu quando lhe prometeu que iria a visitar, não acreditara em uma só palavra, como músico, ela acreditava que ele nunca a veria novamente, já ele tinha medo de ela escolher algum amigo cientista, enquanto concluía o doutorado.
Sem certeza nenhuma, viveram um dia de cada vez, sempre tentando se comunicar, sentindo saudades, mas sem coragem de revelar o verdadeiro sentimento que vivia escondido de ambos os lados.
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Cartas
Historia CortaLi em algum lugar a importância de se escrever cartas. Então aqui vai uma coletânea delas. Obrigado leitor por estar acompanhando. PLÁGIO É CRIME! (Art.184 e parágrafos do Código Penal)