KATE 3: companhia

21 2 2
                                    

   Eu queria correr,não,eu queria desaparecer, sumir do mundo, por que agora eu realmente não sabia nem quem eu era de verdade.
  As lágrimas atrapalhavam minha visão,mas mesmo assim eu andava.
   Não estava indo pra casa,não queria ir para lugar algum,apenas continuava andando,ignorando a todos que passavam e me olhavam.
   Mas a minha aparência pouco me importava.
   Meu melhor amigo havia escondido de mim, por todo esse tempo, que ele já sabia como era a minha mãe; que talvez a única imagem paterna que já tive talvez não estivesse morta; que eu não estava sozinha nos meus pesadelos que eu tinha toda noite.
   Por que era isso que eles eram.
   Pesadelos.
   Eu nem sabia se ele era realmente meu amigo ou se até isso tinha fingido esse tempo todo.
   A única pessoa que eu confiava de verdade tinha me escondido a razão de eu ter aquelas visões. E me fez me sentir sozinha por todos esses anos.
   Oque estava acontecendo comigo?
   Continuei andando até que me deparei com um bosque.
  Estava escurecendo,mas eu não queria voltar para casa.
   Senti um peso na mochila. Quando abri percebi que havia um livro. Aquele livro que Ed tinha me mostrado.
   Não era possivel, como ele tinha posto ele lá?
   Não queria saber. Joguei aquele livro o mais longe que pude e me sentei em um banco próximo. Deixei minha mochila no chão,e comecei a chorar, com as pernas apertadas sobre o peito. Estava acabada.
  E oque era aquilo tudo?
   Eu, uma vidente? Não era possivel. Mas como Ed sabia que eu tinha visto aquela mulher? Eu não tinha contado a ninguem sobre aquilo.
   Ouvi um barulho perto.
_Está tudo bem?
   Não queria responder. Óbvio que não estava.
_Posso me sentar ao seu lado?
   Não queria companhia, mas oque eu poderia fazer?
   Acenti com a cabeça.
   A pessoa ficou ali. Apenas quieta e sem dizer uma palavra. Não sei se agradecia por não me forçar a dizer nada, ou se achava estranho o fato de ela permanecer ali.
   Me virei um pouco para ao menos ver quem era.
   Era uma garota. Parecia ter a minha idade. Tinha um cabelo cacheado bem cheio,que eu realmente não sabia destinguir qual cor era. Tinha um rosto amigavel, mas eu não queria confiar em mais ninguem.
   E não ia.
_Está ficando escuro. Você deveria ir para casa. Esta parte da cidade não é muito segura a noite.
   Me virei para ela,não era possível que eu tinha andado tanto.
  Meu deus. Eu tinha andado muito,não reconhecia nenhuma rua ao meu redor. O desespero de agora também estar perdida e sem nenhuma moeda só aumentou o meu choro.
_Você não é daqui não é?
_Não._Eu disse enquanto limpava as lágrimas que caiam no meu rosto.
_Ah, você fala, isso é bom.
   Aquilo me provocou um leve sorriso.
_Se quiser posso te ajudar a voltar para casa. Talvez eu saiba onde você mora. Qual o seu bairro?
_San Diego.
_Ao norte?
_Sim.
_Meu Deus,a quanto tempo você esta andando?
   Eu realmente não sabia. Des de que saí da casa de Ed eu simplesmente andei.
_Não faço ideia.
_Bom deve ter sido muito tempo, porque mesmo de carro demoraria uns 20 minutos.
   Me assustei com aquilo.
_Você deve estar cansada. Quer algo? Minha casa é aqui perto. Nem que seja um copo de água. Você parece precisar.
   Eu realmente não tinha escolha. E sem nenhuma informação eu não iria para lugar nenhum.
_Um copo de água parece bom.
_Muito bem,vamos, a proposito, qual é o seu nome?
_Kateryne.
_Muito bem kateryne. Eu me chamo Lorrany.

   Nós não andamos por muito tempo,mas seguimos em direção a uma casa pequena.
_Camille, nós temos visita_ Disse ela ao abrir a porta.
_Ah, não eu não pretendo ficar por muito tempo. Não quero encomodar._eu disse.
_Pare com isso. Oque você precisar estaremos a disposição.
   Ouvi alguns passinhos correndo.
_Tia Lola!
   Vi uma menininha correndo e Lorrany a pegou no colo.
_Oi como está você? Onde esta sua mãe?
_Está vindo. Quem é ela?
_Uma amiga. Seja comportada e comprimente ela.
  A garotinha se virou para mim e disse empolgada.
_Oi,meu nome é Hanna, como se chama? De onde veio? Nossa você é bonita.
  Sorri em meio aquela empolgação. Ela lembrava minhas irmãs.
_Ah, oi, como vai?_Disse uma outra garota  que também parecia ter a minnha idade. Ela estava vindo da cozinha. Estava com um coque alto mas com algumas mechas cacheadas caindo sobre o rosto. Tinha uma pele meio morena.
_Mamãe! Olha que linda ela é!_Disse. a garotinha em direção a mãe. Era diferente o fato dela já ter cido mãe sendo que parecia ser tão nova.
_Camille,esta é Kateryne. Ela andou muito tempo e queria um copo de água. Mas acho que alguma coisa mais quente seria melhor.
   Ela se virou para mim e me disse.
_Olá como vai? Me chamo Camille. Por favor não ligue para Hanna, ela sempre fica agitada com visitas. Venha, sente-se. Por favor fique á vontade._ Ela me disse apontando para a cadeira que ficava na cozinha.
  Aquela era uma casa pequena,mas boa. A impressão que dava era que elas moravam juntas.
_O que aconteceu?_ Disse lorrany ao se sentar ao meu lado.
_Prefiro não dizer._Eu disse. Não queria ter que falar sobre oque aconteceu.
_Camille, você sabe como se chega ao bairro San Diego? Kateryne veio de lá. Mas não sei dizer se há algum ônibus que passe por lá._Disse lorrany.
_Há uma estação no metrô que passa lá. Mas ela esta fechada para reforma, e só reabrirá amanhã de manhã. Se ela resolver ir a pé vai demorar uns 40 minutos mas já está escuro e não é bom sai a noite. Também não tem nenhum taxi por perto. Eles preferem não passar por aqui. Sinto muito. Mas você terá que passar a noite aqui. A não ser que queira ser assaltada ou coisa pior.
   Meu Deus. Oque estava acontecendo. Não podia ficar ali. Tinha que ir para casa.
_Não se preocupe. Gostamos de ajudar. E temos um quarto para visitas. Você seria bem vinda. Aqui apenas mora eu e ela.
   Eu realmente não tinha escolha. O bairro parecia ser bem perigoso. E não costumava andar sozinha. E bem provavelmente eu só me perderia mais ainda. Tinha que ficar ali.
_Tudo bem.  Obrigada.
_Sem problemas._Disse lorrany com um sorriso amigavel.
  Mas não pretendia confiar em ninguém.
   Não ainda.

 

A garota que sonhavaOnde histórias criam vida. Descubra agora