ED 3: missão

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   Eu estava no meu quarto. Já passava das nove da noite e eu decidi que iria pra cama mais cedo. Elizabeth havia perguntado porque a Kate estava chorando, mas eu simplesmente não quis dizer mais nada. Jantamos em completo silencio e depois ela também foi para seu quarto.
   Eu ainda precisava contar para ela, mas eu não estava com cabeça pra isso.
   Fui ate a janela e a abri. Era um noite de inverno e apesar de estar abaixo de zero lá fora, tinha nescessidade de sentir o vento.
   Não era possivel.
   Por que eu ainda não tinha contado pra ela?
   Por que demorei tanto tempo?
   Tudo bem que quando Gerald havia me contado sobre a mãe de Kate eu tinha apenas 5 ou 6 anos. Mas porque eu não disse depois?
   Eu me lembrava de tudo. Cada detalhe. Inclusive do que ele tinha me dito.
"Fica mais fácil para tormentus achar alguém quando esse alguém  tem conhecimento sobre seus dons,pois ele consegue detectar a minima falha possivel na realidade e no espaço em que vivemos."
   E era isso. Eu tinha medo.
   Tinha medo de que ele a encontrasse e fizesse com ela o que fez com as outras videntes. Tinha medo de que seus sonhos piorassem e ela descobrisse por conta própria que era especial. Tinha medo de que ela simplesmente não me quisesse mais como amigo.
   E foi exatamente isso que aconteceu.
   O medo tinha me cegado e tinha me feito privá-la do conhecimento que ela deveria ter por direito. Ela não tinha culpa.
   Eu era o culpado.
   E agora tinha estragado as coisas.
   Burro, burro, burro...
   Como concegue estragar as coisas desse jeito Edmond!?
   Eu estava encostado sobre a janela e comecei a sentir o frio me queimar. Estava começando a estremecer,por que a final estava ventando muito, e eu estava sem camisa.
   Ouvi batidas na porta.
_Sou eu Ed._Disse Beth ao abrir uma fresta na porta_Quer conversar?
   Eu não me virei para ela, não queria dizer uma palavra. Me sentia como um ladrão sendo condenado pela própria culpa.
_Não_Eu disse,seco.
_Ah,por favor,pare com isso. Não é só por uma briguinha que vocês vão deixar de ser amigos._Ela disse enquanto entrava.
   Perdi a paciência.
_Na verdade é isso mesmo Elizabeth! Eu fui burro o suficiente para ficar calado sobre o que Kate tinha mais direito de saber e agora ela,e talvez mais pessoas podem estar correndo perigo! Você sabe oque tormentus é capaz de fazer! É isso que esta acontecendo!
   Fechei a janela. Com força. Talvez mais do que devia.
   Mas estava irritado. Principalmente comigo.
_Você está me dizendo...
_Sim,eu contei pra ela, como deveria ter feito a anos. E egora ela está brava comigo e se partirmos a este ponto ela ficaria desprotegida. E o pior é que será isso que vai acontecer.
   Ela ficou calada. Estava na minha porta com uma xícara de café nas mãos. Estava pensando em algo.
_Mas e se só eu fosse?
_Oque? Elizabeth. Tem noção do que está falando? Você ficaria desprotegida. Você arriscaria a propria vida.
_Mas não quero que meu irmão se culpe a vida toda por que fez algo errado mas pela intenção certa.
_Eu nem sei se tive a intenção tão certa assim...
_Claro que teve, você estava com medo de perde-la por que ela era importante de mais pra você. E eu não estaria em tanto perigo assim. Lembra que a sua mãe expulsou o senhor coisa feia por mil anos? Está tudo bem.
_Elizabeth,era isso que precisava falar com você. Antes de ontem,quando Kate estava desmaiada ela teve um sonho, e nele Gerald tinha dito que ele estava voltando.
_Mas...não é possivel...como?
   Suspirei.
_Eu não sei,mas se ele veio até ela só para dizer isso, não deve ser brincadeira.
   Ela olhou para o chão,estávamos sem alternativa.
_Não,eu vou Ed,você fica aqui e cuida da Kate. Eu me viro. Não sou frágil,até mesmo por que eu que cuidei de você a vida toda.
_Elizabeth, não.
_Eu vou. Isso já esta decidido. E você trate de fazer as pazes com sua amiguinha porque se ela for a última vidente que existe vamos precisar muito dela.
_Mas eu não sei se ela vai querer fazer as pazes!
_Se vira! É a velha lei do "você quebrou, você concerta!" Se você está se culpando pelo seus erros, aprenda a lidar com eles! E não fique aqui como um menininho emburrado.
   Permaneci calado. Estava com raiva, mas ela estava certa.
_Eu irei amanhã ao amanhecer. E você já sabe oque fazer.
  Ela já ia saindo do meu quarto quando eu disse:
_Elizabeth!_Ela se virou._Obrigado.
  Ela sorriu.
_Vai lá ser meu heroi.
  E assim ela se foi e fechou a porta.
  Elizabeth era loira, seus traços eram finos e ela iria se misturar em meio aos siberianos. Mas não sabia se era o suficiente para que fugisse de Tormentus.
  Esperava que fosse.
  Mas eu tinha uma missão, e agora eu a cumpriria, pois ela estava confiando em mim.
  E precisava conquistar de novo uma outra confiança.

A garota que sonhavaOnde histórias criam vida. Descubra agora