KATE 4: sonhos estranhos

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  Eu estava no banheiro, estava enrolando na banheira para poder evitar as perguntas da tia Alice.                  Aquele dia não chegava ao fim. Mas realmente não seria muito melhor no outro. Seria segunda, teria que ir para a escola e teria que ficar evitando o Ed o dia todo, além daquela bendita prova que eu não estava nem um pouco afim de fazer.
  Mas não tinha escolha.
  Dês de o dia em que eu desmaiei no banheiro,não sabia o porquê, mas evitava me olhar no espelho. Me sentia vigiada, e eu realmente estava com medo de isso não ser só coisa da minha cabeça.
  Tentava organizar tudo que tinha contecido. E não tinha como negar aquilo que Ed tinha falado, aquela seria a única explicação do porquê que eu tinha aqueles sonhos,além de  que ele provou que podia ve-los
   E aquela sombra, e se ela for aquele mestre sei lá oque que ele tinha me dito? Mas, o que ele queria comigo? Não pedi para nascer assim,no final das contas, eu não tinha culpa.
  Me levantei e peguei minha toalha. Andei pelo meu quarto e me deparei com aquele livro aberto em cima da minha cama.
  Mas como? Como Ed tinha posto ele na minha mochila e como ele tinha me trazido até ele? E se aquele livro tivesse vida ou sei lá ?
  Não. Era apenas um livro.
  Ele estava aberto em uma página em branco. Não havia nada escrito. Tentei virar de página mas parecia que estava colada. Me virei para poder pegar alguma roupa no meu armário e quando me virei percebi que tinha algo nele.
  Sonhe.
  É oque? Meu Deus. Comecei a ficar com medo. Mas de novo. Não conseguia me mexer.
  As páginas se viraram sozinhas. E eu queria gritar,mas parecia que alguém estava me segurando de forma que não pudesse fazer absolutamente nada.
  Comecei a ficar sonolenta,mas me esforcei de todo modo para não adormecer. Aquilo não podia me controlar. Eu tinha que ser mais forte.             
  Foi quando vi algo estranho pela janela. Parecia ser uma nuvem negra,como se fosse uma tempestade.
  Comecei a ficar tonta. E de algum modo apenas senti meu impacto contra o piso de madeira.

  Estava em um lugar que não conhecia, parecia uma cidade,não sabia ao certo pela confusão. Algumas pessoas corriam e havia alguns bombeiros correndo até a praia. Comecei a andar até onde eles estavam indo e vi algo que parecia ser uma lataria enorme e destruída. Os bombeiros tentavam tirar pessoas de lá e tinham varias outras chorando ao lado de pacotes negros de diversos tamanhos. Vi uma menina chorando e tentei consola-la mas parecia que ela não me via. Assim como todos os outros. Ela chorava descontrolavelmente e andava de um lado para o outro. Até que alguém chamou seu nome e ela se virou até um homem,que a pegou nos braços.
  Vi também um garoto muito machucado e me aproximei para poder ajuda-lo. Eu o chamei e ele olhou para mim. Parecia ser o único que me via. Ele estava com algo que parecia ser um pedaço de ferro ultrapassando sua perna esquerda,e muitos cortes ao redor do peito. Era triste e se alguem não o socorresse ele poderia morrer.
  Tentei chamar a atenção de alguém mas ninguém me via. Me aproximei dele de novo. Lágrimas escorriam pelo seu rosto mas ele não emitia um som sequer.
  Eu tinha que ajuda-lo.
  Mas não sabia o que deveria fazer, então por instinto eu toquei de leve sua perna e minha mão atravessou ela. Era como se eu fosse algum tipo de espirito e não podia tocar em nada. Mas eu senti o ferro que estava lá,e o puxei. O garoto não gritou, berrou ou se lamentou pela dor. Pelo contrário,parecia que eu estava o aliviando. Quando retirei a barra a joguei para outro lado e rasguei um pedaço do vestido que tinha posto rápido antes de adormecer. Coloquei o tecido sobre a ferida que milagrosamente se fechou instantaneamente.
  Fiquei pasma.
  Mas oque eu tinha feito?
  Vi que o mesmo homem que tinha pegado a menina veio correndo até a direção dele e quando o viu, o garoto deu um leve sorriso.
_Vou ficar bem_ Disse ele com um tom suave.
  O homem o pegou em seus braços e o levou para perto de um bombeiro que com certeza,cuidaria dele.
  Fiquei de pé e observei oque se passava.
  Por que só aquele menino podia me ver?
  Era tudo muito estranho.
  Caminhei e fui ajudando algumas pessoas, mesmo elas não conseguindo me ver eu podia pegar uma coisa aqui e outra ali.
  Quando cheguei em frente ao que parecia ser a floresta daquele lugar vi pegadas e,não sabia o porquê, mas fui atrás delas. Fui andando até a mata começar a se fechar e vi uma mulher correndo. Ela corria muito,tropeçando em alguns galhos e se levantando novamente para correr o mais rápido que podia. Fui ate ela e  ela tropeçou e caiu.
  Eu conhecia ela, so não sabia de onde.
  Tentei ajuda-la mas um vento forte me chamou a atenção. Aquela mesma nuvem que tinha visto em meu quarto se aproximava. E eu, assim como ela, queria correr. Mas não podia. Ela se levantou e continuou correndo. Olhei para trás e a nuvem se aproximava.
_Acorde kate, acorde!_Eu dizia para mim mesma. Queria só despertar daquele pesadelo.
  Foi quando vi uma luz saindo de trás de algumas árvores e se jogando contra a nuvem,que se espalhou e engoliu a luz.
_Saia daqui!_Aquilo gritava de dentro da sombra.
  E pela primeira vez eu consegui correr. Corri o mais rápido que pude. Mas quando cheguei no fim da floresta vi uma ponte. Me aproximei  e andei sobre ela. Ela contornava um rio que aparentemente ia para o mar. Me senti cansada. E cai no chão,ou oque eu achava que era. Pois minha visão se apagava aos poucos até que  não podia mais ver nada.
 
  Me levantei do chão do meu quarto sem entender nada do que estava acontecendo. E um grande "O QUE?" reinava sobre a minha cabeça. Olhei para minha cama e o livro esrava fechado. Andei até ele e o coloquei onde ele deveria estar. Na minha prateleira de papéis. Me joguei na cama,estava com uma dor de cabeça intensa, e quando fui por minha mão na testa senti meu braço queimar.                Olhei e havia um corte.
_Mas oquê..._Eu disse me levantando.
  Quando cheguei ao espelho vi que estava com o meu vestido rasgado e um enorme corte feito no braço direito, que ia dês do meu ombro até pouco antes do cotovelo. Aquilo ardia intensamente e fui ate a pia para limpa-lo. Me contorsi ao sentir a água fria tocar o corte e parecia estar arrancando toda a minha pele.
  Depois de lava-lo,com muito esforço peguei uma toalha e o sequei, examinando-o. Não seria necessário pontos,mas ele deveria ficar enfaixado. Peguei um poco de gaze na minha gaveta e o enrolei delicadamente e o prendi com fita.
  Ninguém podia saber oque tinha acontecido.
  Troquei de roupa com o maior esforço e peguei a blusa de frio mais larga que tinha para tampar o machucado e não doer mais do que devia. Escondi o vestido rasgado em meu armário e calcei meus chinelos.        Meus pés estavam muito arranhados pelos galhos e pedras e devia esconder aquilo também.
  No final parecia que o tempo estava frio, mas eu não podia arriscar de que minha tia descobrisse oque estava acontecendo.

  Passou-se alguns minutos e um estranho silêncio permanecia sobre a casa. Eu estava no meu quarto esse tempo todo,então resolvi descer para ver oque estava acontecendo.
_Tia?_Eu disse enquanto descia as escadas.
  Olhei na sala, no banheiro do andar de baixo e na cozinha. Só havia alguns talheres jogados na pia e um copo quebrado no chão.
_Tia Alice? Meninas? Onde vocês estão? Ooooii..._ Ninguém respondia,procurei por todos os cômodos da casa mas não tinha ninguém.
  Achei estranho, será que tinham saído sem me avisar?
  Saí até a varanda e olhei para fora. O carro dela estava alí.
  Peguei o telefone fixo e liguei para o número do telefone da tia Alice. Que tocou até desligar.
  Comecei a ficar assustada, para onde elas foram?
  Já devia ser umas 4 ou 5 da tarde e nenhum sinal delas. Olhei para a janela. Tudo muito quieto. Até que o momento em que ouvi batidas na porta.
  Quando a abri me deparei com Gerald entrando subitamente  e fazendo um gesto para que me mantivesse calada.
_Mas oq..._ele me enterrompeu pondo a mão tapando minha boca.
_Shhh! Fique quieta!_Disse ele sussurrando.
  Tentei me afastar mas ele me segurou firme.
  OQUE QUE ESTAVA ACONTECENDO COMIGO MEU DEUS!?
   Ele se afastou percebendo que não iria mais me rebelar e começou a fechar todas as janelas e a trancar todas as portas.
_Eu sei que você está confusa sobre tudo, e já esta duvidando sobre até você mesma estar sã._ disse ele ainda sussurrando._ Mas eu preciso que você confie em mim. Escute.
  Ele se sentou no chão e eu me sentei no tapete da sala,de forma com que ficassemos um de frente para o outro, já não tinha mais como fugir e eu queria saber oque estava acontecendo.
_Você teve mais um dos seus sonhos de realidade_continuou ele_ e neles você pode agir diretamente com a matéria, oque significa que assim como você pode ajudar e se envolver, você pode se machucar._Disse ele apontando para meu braço._Kate, você tem que ser forte. Ele já está lá fora, e você tem que lutar.
_Mas eu...
  Tudo começou a escurecer e a voz dele começou a ficar afastada.
__Você tem que lutar...
  Comecei a sentir uma dor enorme na região do braço e comecei a sentir minha cabeça pulsar. Estava tudo escurecendo.
_Lutar...
_Ah!_Eu disse me levantando do chão do quarto.
  Mas,oque..
  Eu estava sonhando? Mas como?            Senti a dor no braço. Ainda estava com aquele vestido mas dessa vez intacto. Todos os cortes tinham sumido exceto o do braço,que queimava a ponto de me deixar tonta. _Kate? Está tudo bem?_Ouvi tia Alice abrindo a porta.
_Sim...eu só tropecei..._menti, tentando esconder o arranhão no braço._Ainda estou terminhando de trocar de roupa.
_Tudo bem, o almoço já está quase pronto,eu te chamo quando estiver.
_ok, obrigada.
  Eu estava muito confusa. E precisava de respostas,e por mais que não quisesse a única pessoa que  as me daria seria a que eu menos queria ver no momento.
 

A garota que sonhavaOnde histórias criam vida. Descubra agora