Capítulo 8

1.2K 70 145
                                    

- Eu ria, véi, tanto que não tive nem força pra puxar minha mãe, tem noção? Ela lá com as pernas pra cima e eu morrendo de rir, quando fui tentar puxar, eu não conseguia... - Carolina terminava de contar a história rindo e tocou mais uma vez a perna de Gabi. Já era a terceira vez, pelas contas da paulista. As duas estavam sentadas de perna de índio em cima de uma pedra.

Gabriela também ria junto e mudou de assunto quando reparou no céu acinzentado.

- Cara, já tá escurecendo, há quanto tempo a gente tá aqui?

- Porra, há quase quatro horas. - A baiana respondeu checando o celular. - Nossa, voou. Por isso que já esvaziou aqui e a gente nem reparou.

- Não, o papo tá bom. Bora, né?! Tentar chegar lá antes de escurecer totalmente.

- A gente nem entrou na água, véi, bora dar um mergulho pelo menos.

- Pô, Peixinho...

- Oxe, que foi?

- Deve estar um gelo...

- Fique aí então, vou entrar um pouquinho e a gente já vai. - A baiana falou e começou a tirar o tênis.

- Cê é doida. - Gabi comentou.

Carolina se levantou e tirou a calça de ginástica. A paulista olhou de relance e se esforçou pra voltar a olhar pra frente, pra correnteza da cachoeira, enquanto Carol terminava de se despir para ficar apenas de biquíni. 

A morena deu a volta pela terra até chegar numa parte mais rasa e entrar na água. Foi entrando devagar, estava mesmo um gelo, mas persistiu e mergulhou.

- Aaaaai, que maravilha! - Ela gritou quando tirou a cabeça da água. - Venhaaa, Gabi! - Chamou antes de mergulhar de novo. A paulista apenas riu e ficou admirando a outra nadar.

Você já sabe qual é
Quando você ver o meu sinal
Ta na hora de meter o pé
Pra minha casa e não é pra ir tomar café
Você já sabe qual é
É só ir seguindo a Marginal
Passa no shopping Tatuapé
Já tá em casa e não é pra ir tomar café

Tem café

Mas prefiro um chá que é pra relaxar
E te deixar louca
Tem café
Mas prefiro um chá que é pra relaxar
E te deixar louca

Gabriela cantou, batucando com as mãos nas pernas e estalando os dedos. Carol sorriu pra ela lá debaixo e continuou aproveitando a água.

- Canta mais... - Ela pediu quando Gabi parou.

- Qual?

- Qualquer coisa na sua voz é um carinho na minha alma.

- Olha, você tem todas as coisas... - Ela começou e a baiana mordeu o lábio inferior. - Que um dia eu sonhei pra mim, a cabeça cheia de problemas... Mas eu não me importo, eu gosto mesmo assim... 

Gabi seguiu cantando e Carol fechou os olhos, o corpo entregue ao balanço leve da água.

- Boraaaaa, Carolina! - Gabi gritou depois de um tempo.

- Tô saindo com uma nega, ela é marrenta e brava... - Carol cantarolou. 

- Vamo, Peixão. Eu sei que é difícil sair do seu habitat.

Carolina riu e saiu da cachoeira.

- Ter que bater ponto é fodaaa! - Ela comentou quando voltou pra pedra, apertando o cabelo e molhando as costas de Gabi.

- Ai! - A negra gritou sentindo a água gelada no corpo quente.

- Cê perdeu, véi. A gente não trouxe nem toalha, ó pá isso! - Carolina falou e Gabriela olhou pra ela, passando as mãos no corpo pra eliminar o excesso de água. - Vamo ter que esperar um pouquinho pra escorrer a água, viu? - Ela falou e se sentou ao lado de Gabi novamente, que riu e balançou a cabeça negativamente. - Nem venha reclamar...

Só uma conversaOnde histórias criam vida. Descubra agora