Capítulo 6

899 58 153
                                    

- Vamo embora, amor? - Maria Laura pediu.

- Ah não, gente... - Carol choramingou.

- Tô com sono... - Low continuou.

- Bora. - Gabriela respondeu e foi até a escadinha da piscina, saindo dali.

- Tá certo, boa noite, meninas. - Carol falou e as outras duas mulheres se despediram do casal antes de entrar na casa.

- Ficou sozinha agora, né? Porque eu não sou nada. - Alan falou puxando a baiana pela cintura. - Mas ainda bem que esse nada aqui existe e vai te fazer dengo, massagem e te fazer cafuné até dormir... - Ele falou com a boca perto da de Carol.

.

Gabriela sonhou com a proximidade de Carolina... O calor da baiana atingindo seu corpo, seu nariz passeando pela pele no pescoço da mais baixa. Ela rindo baixinho e rouco, pedindo por mais contato. 

Acordou e o peso da vida real foi quase físico, se sentiu empurrada pra baixo, contra o colchão. Uma bigorna emocional pesando seu peito. 

Arfou. 

Foi só um sonho... 

Olhou pro lado, as costas brancas de Maria, aquelas pintinhas que um dia gostou tanto de tocar e conectar uma na outra. Eram cada vez mais raros os dias em que achava graça nelas. Naquele dia em específico, sentiu apenas uma familiaridade quase triste.

Queria que aquelas costas fossem de outra pessoa. Desejou ter só isso, só por uns segundos. As costas de Peixinho pra sentir, pra passar as mãos, as unhas. Só isso. Queria poder fechar os olhos e tocar Carol, fazer um carinho repetitivo até pegar no sono de novo.

Seu coração doeu. É só loucura que esse sonho causou. Quando essa viagem acabar, a angústia vai passar. 

Sentiu um gosto amargo na boca e uma sensação horrível. Não saberia descrever. Foi ao banheiro, fez xixi, molhou o rosto e a nuca e respirou fundo, procurando outra coisa que ocupasse seus pensamentos e voltou a se deitar, pegando no sono de novo.

Em outro canto da cidade, Carolina discutia com Alan durante uma caminhada.

- Não dá pra te entender, véi. - Ela falou mais alto enquanto apressava o passo. O loiro respirou fundo e continuou andando em um ritmo um pouco mais lento, ficando pra trás. Ele abriu a boca e soltou um som, mas desistiu de falar.

A baiana se irritou ainda mais. Ele fazia as coisas e depois, quando ela reclamava, ficava com cara de cachorro que caiu da mudança. Não falava, não se explicava. Só se enrolava cada vez mais. Ela parou de andar e se virou pra ele. Agora abaixou o tom, com medo de que alguém passasse e percebesse a discussão.

- Pra quê cê fica com esses papinhos com meu cunhado? 

- Por que é tão ruim assim ter contado pra ele que tu foi chamar Gabi ontem?

- Porque você não tem que ficar contando da nossa vida pra ele, nem se metendo nas coisas dele com a minha irmã. Brotheragem mais escrota essa, seu compromisso é comigo.

- Foi mal, Carol... Não tive má intenção.

- Velho, é toda vez a mesma coisa.

- Mas ele é teu cunhado... Até parece... Até parece que eu falei com algum estranho. Tá tudo dentro da família... O que tem demais em contar do nosso rolê de ontem?

- Alan, por favor... - A baiana revirou os olhos. - Eu não sei por qual motivo você tem que contar detalhes da nossa vida.

- Alan? - Ele falou numa voz mais arrastada e segurou o antebraço dela, fazendo um carinho. - Ô mozão... - Ele sorriu e a baiana revirou os olhos novamente. - Tô cheio de surpresa lá... - O loiro falou o restante da frase meio embolado e Carol soltou um "ahn?". - Tô cheio de surpresas hoje pra tu. - Ele repetiu mais firme.

Só uma conversaOnde histórias criam vida. Descubra agora