Acordo e respiro.
Sinal de que estou vivo.
Mas será mesmo que estou? Esta questão sempre me aflige.
Estou, estou sim, penso para me reconfortar.
Só preciso de um café.
Vícios, vícios. Melancolia.
Levanto-me.
Chão frio.
Onde estão meus chinelos?
Devo ter ido dormir sem.
Não, me esqueci de novo. Não tenho chinelos.
O último o perdi.
Onde mesmo?
De certo na chácara.
Viagem doida, aquela.
Café, café, café.
Continuo com sono. Nem parece que dormi por dez horas.
Dez horas?
Pego o celular na escrivaninha.
11:27.
Acho que me deitei as 02:00.
7, 8, 9...
É, quase dez horas.
Café, café, café.
Caminho descalço mesmo. É só fingir que o chão é areia. É só fingir que a areia é da praia. É só fingir que a praia pegou Sol por toda a manhã. Só fingir. Fingir.
A casa toda escura.
Mania de fechar as cortinas. Tenho que largar disso. Não vejo nada.
Aqui, digo abrindo as cortinas.
Incomoda um pouco, mas logo passa. A luz me faz tão bem.Nem parece que morri.
De novo essa besteira. Eu não morri! Que ideia.
Como você não morreu se vive só, se não abandona a ti mesmo.
Morrer. Não caio mais nessa. Devo estar louco, isto sim.
Café, café, café.
Pego a chaleira. Nome engraçado.
Chaleira de café. Rio.
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Gravuras Incompletas do Porvir
Krótkie OpowiadaniaComplô da dualidade, caminho irremediável da perdição, uma conversa com o universo do próprio eu, de dentro para dentro, magnetismo psicodélico, ou tudo aquilo que você sempre quis falar para si mesmo mas não teve coragem.