6. Reencontros

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... passou a mão no quadril, parando próximo ao cóccix...

 passou a mão no quadril, parando próximo ao cóccix

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Avistar o ventre redonda da irmã, Suna, e o marido, Vicente Max, paparicá-la era reconfortante, depois da odisseia que tinha sido a história deles. Ainda receava por Max a longo prazo, temia que ele não suportasse viver sem as fugas violentas proporcionadas pelas fidelizadas. Não queria que a irmã se decepcionasse, entretanto, agora ela sabia bem o terreno que pisava, conhecia sobre a fixação dele, em ferir mulheres, no passado.


Marcel estava na residência de Max e Suna. Era véspera de Natal e o ambiente estava calmo e animado. Uma árvore de natalina que quase batia no teto, com grandes bolas e laços vermelhos e dourados fazia parte da ornamentação, no canto da sala. Sobre os móveis também havia alguns enfeites decorativos do mesmo motivo.


No maior sofá do living, a mãe de Suna, dona Fátima, e dona Bené, a avó, uma idosa de uns 80 anos, ágil, apesar das sequelas de um derrame, estavam numa conversa animada com Maya, com quem Marcel teve um envolvimento de uns dois meses. Não haviam dado certo pois ela escondia segredos e porque o advogado não queria relacionamento mais sério com ela e a mulher era amiga de Suna.


A Maya, dona de muitas tatuagens espalhadas pelo corpo, usava documentos falsos. Na verdade, ela se chama Lorena. Suna dizia compreender os motivos de Maya estar escondendo a verdadeira identidade. A amizade entre elas continuava forte como aço. A ex-garçonete também se firmara como sócia de Suna e gerente na confeitaria Doces Amores.


Inclusive, Marcel e Maya seriam os padrinhos de June. Só que ele não tolerava grandes e perigosas mentiras. E aquele nome falso era uma delas. Entretanto, reconhecia que Maya era uma moça muito legal, cúmplice e amiga.


Os festejos de fim de ano deixavam Marcel reflexivo. Havia sido em um período como aquele, que descobrira a pior traição de Vanessa. Belo presente, pensou ao bebericar da taça de vinho e provar o queijo francês. Vanessa lhe roubou a capacidade de confiar numa mulher em termos emocionais. E a cada ano, a distância daqueles episódios não lhe assegurava a cura.


A mágoa do homem não se resumia ao fim da relação, pois, caso tivesse descoberto de outra forma sobre o caráter de Vanessa, iria romper mesmo que o machucasse. Tinha sido muito pior. Avistou a barriga de Suna outra vez e se recordou da gestação de Vanessa.


Ela estava de cinco meses, de acordo com o médico, quando perdeu o bebê. Não foi de causa natural. Ela havia abortado um feto que, por três meses, pensara que era seu filho, só que, segundo ela, era de outro homem... Um rapaz pobre e branco, por isso, ela decidiu interromper a vida do neném, quebrando seus sonhos e crenças, por centenas de vezes.

Medo de Amar - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora