Magic Shop

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Era um estabelecimento pequeno, com tons de rosa pastel e creme, e que justamente por isso contrastavam espetacularmente com o resto da paisagem escura de Forks. Bella nunca pensou que abriria uma lanchonete naquela cidade esquecida por Deus, mas, desde que Charlie tinha adoecido e passado por uma cirurgia cardíaca, ela nem sequer hesitou em morar onde Judas perdeu as botas.

Ela e Charlie moravam no apartamento no segundo piso, enquanto que a lanchonete ficava embaixo. O lugar tinha poucas cadeiras. Apenas quatro mesinhas que permitiam que duas pessoas ficassem confortáveis, duas dentro, duas fora do estabelecimento, mas era tão bonitinho que Bella queria morrer.

As paredes claras faziam o lugar parecer maior e davam uma sensação gostosa de aconchego. O pequeno display exibia os doces delicados que Bella se sentia orgulhosa por ter feito. Os cupcakes com coberturas em formato de margaridas, as tatteletes de morango e mirtilos que pareciam muito apetitosas, cokkies do tamanho da mão dela, croissants de chocolate que certamente combinariam bem com os drinks acafeinados que recém–adquirida máquina de torrar grãos de café iria fazer.

Bella esperava que as pessoas parassem ali para comprar quitutes volta e meia, uma vez que o lugar ficava em uma das principais avenidas de Forks - não que existisse muitas avenidas em uma cidade com não mais que dez mil habitantes. Ela sabia que os amigos de Charlie certamente passariam no local em algum momento do dia e ela especialmente preparara uma torta de maçã que Renee lhe ensinara anos antes.

Mal ela pusera a torta no display, Jacob veio lhe visitar.

O código da broderagem exigia que ele fosse o primeiro a aparecer.

– E aí? Como estão os negócios hoje? – ele perguntou com um sorriso maroto. Bella revirou os olhos, estando secretamente agradecida que dessa vez ele se lembrou de colocar uma camisa.

Jacob era pedreiro e vivia tirando a camisa para "não ficar fedida ou suja com poeira", era o que ele dizia, mas Bella sabia que era uma baita mentira: Jacob só queria seduzir o dono da casa que ele atualmente estava trabalhando. Tudo o que Forks tinha de pequena, também tinha de moradores com personalidade e visão de mundo fora da caixinha. Ali não existia racismo reverso, nem homofobia, nativos americanos eram respeitados e latinos bem vindos. Talvez fosse porque Forks ficasse bem perto do Canadá.

Outra coisa boa de Forks era que as amizades duravam. Jacob e Bella se conheceram ainda crianças, uma vez que Charllie tinha a mania de caçar junto do pai de Jacob. Os dois passaram a infância comendo linguiça de carne de cervo assada na brasa, às vezes, se eles eram sortudos, churrasco de carne alce. Acredite: o gosto era melhor do que o nome. Os mais idosos da cidade contavam histórias de vampiros e lobisomens ao anoitecer, numa fogueira onde todos assavam machimelo e ora colocavam a fofoca em dia, ora proseavam causos de terror.

Muitas vezes eles brincavam na floresta e se metiam em encrenca juntos. Uma vez foi especialmente perigosa porque os dois resolveram aprender a nadar se jogando no lago, sem qualquer supervisão de adulto ou uma boia por perto. A sorte é que deu certo e os dois aprenderam a nadar, mas, como não deveria deixar de ser, Renee e a mãe de Jacob lhes deram uma bronca gigantesca. Foi a primeira e única vez que Bella viu sua mãe completamente estressada, normalmente, ela era aquela hippie maluca que envergonha todo mundo com as good vibes.

– Os negócios estão fracos ainda. –ela disse, apoiando o rosto na mão direita enquanto olhava o relógio que marcava oito da manhã. – Obrigada por ainda estar de camisa.

Jacob deu um sorriso arteiro e Bella imediatamente ficou séria.

– Se você quiser, eu posso fazer um strip tease aqui. Quem sabe isso não atrai mais gente pra sua lanchonete? –comentou Jacob erguendo as sobrancelhas num vai e vem que o deixava a cara de um tarado da machadinha.

Doce desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora