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*aviso que nesse capítulo ocorrerão menções a abusos e violência*

Chegar naquele lugar foi torturante. Sua roupa, um macacão laranja desbotado, fedia a outra pessoa, as algemas que deixavam seus braços voltados para as costas apertadas a ponto de marcarem sua pele de maneira desconfortável e os olhares que lhe eram dirigidos o faziam querer gritar.

Instituto Baltimore, era o que se lia na fachada do que parecia um misto de castelo com casa, fachada em mármore sujo e um tanto descuidado, o chão de fora uma tentativa de gramado queimado e falhado, portas grandes de madeira escura que pareciam ser pesadas, janelas também grandes e gradeadas.

Não parecia ruim, o advogado disse que era melhor que a cadeia, pois ali só bastaria ele ter um bom comportamento e depois de uns meses ele seria liberado, pois ele continuaria atrás de provas para mostrar que ele é inocente e que tudo foi armado. Torcia para que não demorasse, não sabia se ia conseguir se comportar por muito tempo.

O carro parou e logo ele foi arrastado pelo braço para as escadas do local, tropeçando em seus próprios pés pois o policial o arrastava com força e o levava com pressa. Bateu na porta duas vezes, depois de alguns segundos ela se abriu de maneira lenta e pesada, mostrando quão grossa era. Logo que era possível passar entre elas, Fernando fora arrastado para dentro. Dentro tinha um piso de madeira escuro opaco, uma bancada de mármore com madeira e uma estátua de um anjo de mármore branco com as asas abertas, logo atrás dele, uma escadaria de madeira.

A moça que estava atrás da bancada digitava de maneira concentrada em um computador um tanto velho, o policial ia abrir a boca para chamar a atenção da moça um grito veio dos andares superiores, ecoando de maneira estridente por toda a instituição, causando um arrepio descer pelo corpo de Fernando. Aquele grito estridente de uma mulher estava carregado de dor, mas do mesmo jeito que ele começou ele sessou. Isso fez o sangue do loiro gelar, e pela primeira vez, sentiu medo de ter ido para lá.

A mulher não se abalou, continuou escrevendo, até o policial parecia estar abalado com o grito, e com a indiferença dela. Soltou um pigarro, chamando a atenção da moça, e tirando Fernando dos pensamentos torturantes sobre o que poderia ter causado aquele grito.

― Boa tarde, suponho que seja o comandante Mancini?

― Exatamente, senhora. Vim trazer o acusado para que seja encarcerado.

― Ora essa, aqui não encarceramos nossos pacientes, tratamos e curamos eles. ― Falou uma terceira voz vinda da direita, um homem alto e magro, com óculos de tartaruga, vestido todo de branco, indo em direção a eles. ― Tudo que fazemos aqui em Baltimore é para o bem dos pacientes.

Fernando o olhou de cima a baixo, pode ver um cassetete em sua cintura, e respingos de sangue mal removidos de sua blusa, quando seus olhos voltaram para sua face, viu que o mesmo lhe encarava como se fosse devora-lo. Fernando não gostou disso.

― Não podemos voltar para a delegacia, preciso falar com meu advogado e..

Sua frase foi cortada por um tapa vindo do próprio homem de branco, o ardor veio antes do próprio som da palma colidindo com o lado da sua face. Fernando virou em choque para ele, já ia rebater, voltando seu corpo em direção ao mesmo para ir para cima, quando foi repuxado pelo policial.

― Pacientes só falam quando falam com eles, não se deve esquecer das boas maneiras. ― Disse com um sorriso cínico.

Nem a mulher nem o comandante se abalaram, tinha algo errado ali.

― VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO QUEM PORRA VOCÊ PENSA QUE É?!? ­― gritou quando se recuperou do choque, se debatendo nos braços do policial enquanto tentava se soltar. ― EU NÃO VOU FICAR AQUI, VOCÊS NÃO TÊM O DIREITO DE ME TRATAR ASSIM!

Call Me Lady (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora