Fiz uma atadura com um pedaço de tecido da minha calça, que as criaturas rasgaram, e apertei o mais forte que consegui para estancar o sangue, depois cobri o braço com a manga da blusa. Os garotos andavam a minha frente e, portanto, nem sequer notaram a mordida.
Eu sabia que era errado não contá-los, mas também sabia o que aconteceria se eu contasse. Por ora, não sentia dor, apenas um cansaço imensurável.
Já havia alguns dias que estávamos nessa viagem de volta para a capital, a comida havia acabado, a água estava a acabar, quase a metade de nós se foi, tirando todo o esforço que tivemos durante as explosões na CEF e nas lutas com aquelas coisas. O pior de tudo era ter certeza de que nossa jornada tinha sido em vão.
Todos os lugares por onde passamos estavam infectados e a cada metro que ficávamos mais perto, minhas esperanças de encontrar a cidade inteira sumia. Eu não podia deixar de imaginar uma Albany destruída, vazia, sem vida, sem ninguém. Quando eu pensava na minha mãe, as piores ideias me vinham a mente...
Caminhamos por cerca de meia hora, e ainda faltava um bom caminho pela frente. O cansaço já havia se tornado o de menos. Meu braço doía demais, como uma pontada forte; minhas pernas também doíam depois de tanto tempo andando; meus olhos estavam cansados - pedindo constantemente para que eu os fechasse. Eu estava começando a soar frio.
Me sentei ali mesmo na rua, mais um pouco e eu logo desmaiaria se não fosse por aquele descanso. Jon e Steve se aproximaram e se sentaram ao meu lado, enquanto Luke continuara em pé. Jon segurou minha mão e pôde perceber que elas estavam frias, depois colocou sua mão sobre minha testa e me olhou com olhar de preocupado.
***
- Você está suando frio. - disse Jon
- Você está se sentindo bem? - Steve logo se manifestou.
- Estou bem! - respondi rapidamente - Só estou com calor. - minha respiração estava ofegante.
***
Steve se virou para pegar uma garrafa de água na mochila, enquanto Jon deitava-me em seu ombro. A garrafa estava com menos que a metade cheia. Aquela era a última água que tínhamos e queríamos guardar para algo realmente importante - e eles não sabiam o quanto isso era importante. Steve abriu a tampa da garrafa e me deu para beber.
Virei os goles de água rapidamente, sem nem perceber que estava tomando tudo. Para Jon e Steve estava tudo bem, afinal, logo estaríamos em casa. Mas Luke ficou furioso.
***
- Mas que porra, Lara. - gritou Luke, tirando a garrafa das minhas mãos e olhando para as últimas gotas que escorriam de volta para baixo.
- Relaxa cara. - disse Steve - Era só água. A gente toma quando chegarmos em casa.
- Era só água? - balbuciou Luke - ERA A ÚLTIMA ÁGUA QUE TÍNHAMOS!
Ele estava fora de si e eu não o culpava, sua cabeça estava cheia de coisas e agora teria mais uma para ficar se preocupando.
- Ela está passando mal, não vê? Se fosse com a Anne você faria o mesmo. - disse Jon.
- Não fala dela! - gritou Luke.
***
Luke o empurrou e ele caiu no chão. Eles começaram a se bater ali mesmo na rua, até que Steve tirou Luke de cima de Jon e apartou a briga.
O nariz de Jon estava ensanguentado e o olho de Luke estava ficando roxo. Steve entrou na frente para que eles não voltassem a brigar e disse para Luke que ele podia ir embora sozinho se quisesse. Eles se encararam por um tempo.
Luke olhou para mim, na esperança de que eu o dissesse para ficar, mas eu não fui capaz, apenas olhei para baixo e permaneci quieta. Ele balançou a cabeça e deu uma risada de deboche, depois se virou e foi embora.
Ele entrou em uma outra rua e depois não o vimos mais...
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A última excursão
Science FictionNarrada pelos personagens, "A última excursão" conta a história pós apocalíptica vivida por um grupo de jovens amigos. Juntos eles tentarão de tudo para sobreviver e chegar até a capital, mas nem tudo ocorre como o esperado. *Concluído #8 em ficção...