Capítulo 8 - Parte I

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      [...] Pegamos o carro que ainda estava funcionando e voltamos para a estrada, desta vez quem dirigiu fui eu. Era uma hora da manhã e eu estava morrendo de sono. Ainda faltava alguns minutos até Albany, mas não dava para mim, mais um pouco eu dormiria no volante e provavelmente mataria todo mundo, nada de acidentes depois do que havia acontecido na estrada. Decidi parar e descansar um pouco. Eu avisei os outros e me deitei ali no banco mesmo. Jon me emprestou sua jaqueta para me cobrir.

   Quando me dei conta estava sendo acordada por Peter. Já havia amanhecido e eu nem me toquei. Assim que levantei, olhei ao redor e percebi. Onde diabos estavam os outros? Só estavamos eu, Peter e Luke no carro. Logo os três que mais dormem.

***

- Onde estão Jon, Steve e Paul? - perguntei.

- Eles queriam dar uma olhada na cidade. Não duvido que Paul tenha parado naquele lugar de boliche, Sunset Lanes. Deve ser o único lazer aqui de Roessleville. - respondeu Peter e, para ser sincera, só me importava a primeira parte.

- Nós não temos tem...

***

   Nem consegui sequer terminar minha frase e Jon e Steve apareceram do nada batendo nos vidros do carro desesperados. Até Luke, que dormia o sono mais pesado, acordou. Abrimos o carro e eles entraram. Pude ver ao fundo várias criaturas.

***

- Cadê o Paul? - perguntou Peter.

- Ele está morto. - respondeu Steve e eu fiquei em choque - Dirige! Vai! - ele gritou.

***

   Eu engatei a marcha, fui tirando o pé da embreagem e pisei no acelerador, mas não tive nem muito tempo de sair dali. Peter voou por cima de mim no volante. O carro virou e foi direto para as árvores.

   Por sorte, todos estavam bem, só com alguns machucados. Mas o carro já era. Os garotos começaram a discutir e nem se deram conta, Peter estava voltando. Luke correu e o segurou para que não fizesse nenhuma besteira.

***

- Eu preciso ver, Luke. - ele disse - Ele é como meu irmão, você sabe disso.

- Não dá, Peter. - começou - Você não aguentaria ver.

- Eu não me importo. Você não viu a Anne morrer não é? - questionou Peter sem nem esperar a resposta - Então sabe o que eu estou sentindo.

***

   O caso era diferente, mas a situação era a mesma, a de não dar um último adeus. Luke respirou fundo e concordou com a cabeça. Jon e Steve entraram na floresta para cortar caminho, e desviar das criaturas, até onde tudo aconteceu. Nós os seguimos.

   Quando chegamos lá o corpo de Paul não estava mais no chão, estava em pé, virado de costas para nós. Peter se aproximava chamando por seu nome, mas ele não respondia. Nós gritamos para que ele não tocasse, mas o fez mesmo assim. Quando virou estava deformado, coberto por sangue e mordido em vários lugares, aquilo não era mais o Paul.

   Aquela coisa pulou em cima de Peter enquanto ele se debatia e, sem pensar duas vezes Luke atirou, e aquela coisa cambaleou no chão. Peter, sem forças para se levantar por completo, ajoelhou na grama, desesperado e com a mão no pescoço. Quando ele tirou a mão, cheia de sangue, nós conseguimos ver, era uma mordida. Ele chorava e gritava de dor.

   Eu não aguentava ver aquilo. Puxei a pistola das mãos de Luke e apertei o gatilho. Enquanto escorria sangue do buraco em seu peito todos olhavam para mim. Eu me senti como um monstro. Enxuguei as lágrimas que escorreram em meu rosto e devolvi a arma...

   Não tínhamos mais o carro e teríamos que ir a pé, isso daria quase mais uma hora e meia até a capital

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   Não tínhamos mais o carro e teríamos que ir a pé, isso daria quase mais uma hora e meia até a capital. Andamos um pouco e estávamos novamente na avenida central de Roessleville. Só precisávamos seguir em frente.

   Um tumulto se fez numa travessa da avenida, várias daquelas criaturas pareciam perseguir alguém. Melhor para nós, assim poderíamos passar reto. Mas não era certo. Não depois do que eu havia feito. Entramos na rua e nos escondemos atrás de uma casa na tentativa de enxergar o que estava acontecendo. Era uma garota, deveria ter a nossa idade e estava fugindo.

   Não precisamos sequer conversar, os garotos tinham em mente o mesmo que eu. Peguei uma taboa de madeira que estava solta - talvez aquilo pudesse ajudar. Começamos a gritar e fazer barulho para que viessem até nós, mas eles pareciam não se importar, então fomos para cima.

   Acertamos algumas daquelas criaturas com o que havíamos pego e Luke com a arma, o suficiente para que a garota corresse e entrasse em uma casa no fim da rua. Logo aquelas coisas nos derrubaram. Fomos cercados e a taboa de madeira não servia mais. Eu me pus a tentar lutar com aquilo em cima de mim, mas por um segundo, todo meu esforço foi em vão. Eu provavelmente morreria alí, mas Luke usou a última bala da pistola para me ajudar. Os outros me ajudaram a levantar e começamos a correr.

   Meu braço doía e sangrava demais. Quando tomei coragem para olhar, pude ver, eu havia sido mordida...

A última excursãoOnde histórias criam vida. Descubra agora