História de Kim Dahyun

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"— Saia daqui e nunca mais ouse pisar seus pés imundos em minha casa, eu sinto vergonha de ser sua mãe!"

Foi tudo que pude ouvir após sair pela porta da casa dos meus país pela última vez para nunca mais voltar, eu havia feito uma promessa á mim mesma e eu custaria á quebra-lá. 

Não importa o tamanho da dificuldade ou do problema que eu enfrente, eu resolverei isso sozinha, eu não quero ter que voltar à procura de minha "família" nem como cadáver, pode me jogar no mar como oferenda, eu realmente não ligo contanto que não precise deles para nada.

Isso tudo só havia acontecido por uma coisa, ou melhor, uma pessoa, em mais específico Kim Heechul que agora tinha meu sobrenome em seus documentos, algo que lutamos tanto para termos e agora eu só queria voltar no tempo e dar um tapa na cara da antiga Dahyun, ela mal sabia o caos que estava semeando em sua vida.

Pobre e ingênua Dahyun, pois Heechul sabia muito bem disso. Ele sempre se mostrou um cara legal, extremamente prestativo, um verdadeiro cavalheiro, ele carregava consigo uma energia tão boa, era impossível estar na presença dele e não rir á todo mundo, mas era só um disfarce, por trás de toda essa bondade, ele era o ser humano mais podre que eu já tive o desprazer de conhecer.

Apartir da primeira briga que tivemos, depois de casados, minha vida virou um inferno, apenas um desentendimento bobo, acreditava eu, havia desencadeado o pior lado daquele homem.

"— Eu vou te matar — repetia incansáveis vezes, enquanto arranhava meu rosto com um facão de cozinha. Apenas apertei meus olhos com força deixando as lágrimas se espremerem e cairem no carpete. Pouco me importava, eu estava apenas aceitando que aqueles seriam meus últimos suspiros.

— Heechul, não. — implorei, o ouvindo jogar a faca longe e sair de casa, me deixando ensaguentada e aos prantos no chão frio da sala".

Fui interrompida de meus pensamentos por Nayeon e Jeongyeon que pareciam ter parado o que estavam fazendo apenas para me observar, eu parecia estar tão no mundo da lua assim?

— Dois reais pelo seu pensamento. — brincou Nayeon, me fazendo rir, me aconcheguei melhor naquela cama desconfortável mas infelizmente era o que tinhamos.

— O que tanto pensa amor? — me perguntou Jeongyeon, se sentando ao meu lado, assim como Nayeon havia feito segundos atrás, estavamos expremidas naquela cama minúscula e mesmo assim, naquele momento isso parecia não ter a menor importância.

Jeongyeon tinha essa mania de me chamar de amor e outras apelidos carinhosos desde que me entendo por gente, mas isso é apenas algo exclusivo meu, já que ela não tem a mínima paciência com Nayeon por exemplo.

Eu dividia quarto com Nayeon e Jeongyeon desde que meus problemas começaram, Heechul havia sido demitido de seu emprego e consequentemente despejado de nossa antiga casa, ele nunca havia me deixado trabalhar, dizia que lugar de mulher era na cozinha e todas essas coisas fúteis.

Homens. Era o que minha mãe sempre dizia sobre meu pai limitar seus afazeres e lhe fazer de gato e sapato. Um pensamento extremamente machista que infelizmente estava enraizado em toda a minha geração, deveria ser o karma, nem eu que havia plena consciência disso havia conseguido fugir do destino, ele era certeiro.

Depois disso, Heechul havia se tornado um homem ainda mais agressivo, me obrigava a trabalhar a lugares como esse para se "sustentar", ou seja, nenhum centavo do que eu faço aqui realmente vai para mim, eu estou presa à homem por toda a minha vida e essa era a coisa mais desgastante que já poderia ter acontecido comigo. Eu me pergunto porque o destino sacaneia algumas pessoas e privilegia outras. Pessoas boas não tinham nenhum privilégio por isso, essa é a verdade, apenas pessoas aproveitadoras e espertas tinham.

Eu sempre recebo visitas de Heechul, todas as noites, como diz ele: para fazermos amor.

Isso está mais para tudo, menos para amor. Eu era literalmente obrigada á dar prazer á aquele homem e para quem mais daquele bordel quisesse, sem muito pestanejar. Nayeon e Jeongyeon não tinham muito o que fazer sobre isso, segundo as outras meninas da casa isso tudo era completamente normal, afinal ele era meu marido e poderia fazer tudo que quisesse.

"Pelo menos você tem família" Foi uma das coisas que tive que escutar enquanto vivi aqui, e passei a aprender que as únicas as quais eu realmente deveria confiar eram minhas rommates. Apenas elas me ouviam com empatia e procurando entender o meu problema, mesmo nunca tendo passado por ele. Elas se tornaram a minha verdadeira família, a família que eu nunca tive. Família não se trata do sangue que corre em nossas veias e nós já haviamos nos conformado com isso.

— Estou pensando em tudo, em como eu vim parar aqui e essas coisas, pensando em toda a minha história. — falei, encarando as duas garotas ao meu lado, esperando algum pronunciamento delas que provavelmente logo viria.

— Não pense nisso Dahy, só irá te fazer mal cada vez mais. — disse Jeongyeon, acariciando meus ombros.

— Eu não quero esquecer de onde vim, por isso eu fico me lembrando. — menti.

— Você nunca vai esquecer Dahyun, nós não queremos isso, queremos que você supere isso e que relembrar de tudo isso não te faça mal, mas por enquanto ainda faz, então não pense.

— Toda noite ele está aqui para me lembrar disso. — rebati sem muito pensar, me sentindo culpada logo após, as meninas não mereciam escutar todo o meu drama e depois serem tratada de forma ríspida, eu era uma ingrata mesmo, meus pais sempre me falavam isso, e eles não estavam errados, mesmo que eles falassem do jeito deles, um jeito grosso e que magoava, eles nunca erraram nada que fizeram questão de jogar na minha cara, nada e isso só fazia eu me sentir ainda mais mal.

— Não pense nisso, bebê. — me abraçou mais forte, fazendo algumas lágrimas caírem, rapidamente as sequei, eu não iria chorar, não iria. — Nós vamos sair dessa, eu prometo, nós três, juntas.

— Não me prometa coisas que você não pode cumprir. — disse um tanto chateada por saber que aquilo seria apenas da boca da fora, para me acalmar e quem sabe plantar um tico de esperança em mim, mas isso não existia mais, eu sabia à que estava fadada e não era á liberdade, muito pelo contrário, se aqui já está um inferno, se eu sair daqui, seria pior, não consigo prever o quanto Heechul me persegueria até conseguir o que tanto quer. 

Ter as mãos em volta do meu pescoço.

— Eu estou lhe promentendo isso, não só para você, mas para mim e para Jeongyeon, nós iremos sair daqui, eu sinto que vamos conseguir, ao menos alguma de nós. — apertou nossas mãos levemente, como se quisesse passar alguma segurança.

— Nós ganhamos uma merreca por dia e estamos atoladas de dívidas com o bordel, nunca vamos sair daqui, ainda mais eu, que não recebo nada. — fui realista.

— Você vai sair daqui, Dahyun. — apertou ainda mais minha mão, me fazendo encarar seus olhos, pela primeira vez, vi verdade neles. Talvez demorasse, e eu preferia que demorasse, mas algum dia sairiamos daqui, nem que fosse em um caixão.

Black Widow • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora