O encontro

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— Chou Tzuyu você tem exatos três segundos para começar á se explicar ou nós duas vamos embora daqui. — disse seriamente, ouvindo nosso táxi se afastar, me deixando paralisada em frente á casa. — Vamos, Tzuyu, me diga.

— Precisamos relaxar Momo, desde que você terminou seu namoro eu não te vejo mais sair para uma noite de diversão, e como eu já ia vir, imaginei que não seria uma ideia tão ruim lhe trazer junto comigo.

— Foi uma ideia horrível. — completei, não conseguindo conter meu rosto insatisfeito com toda a situação, estavamos em frente á uma enorme casa de estrutura pobre, mas que possuia um enorme e brilhoso letreiro com o nome do local que eu suspeitava que pudesse ser visto da varanda de meu apartamento.

O bordel era extremamente afastado do centro da cidade, fazendo com que fosse apenas uma "casa" nortuna no meio do nada, apesar desse tipo de atividade ser proibida em toda Coréia, o dono do estabelecimento não parecia se importar muito com isso, o proibido era mais gostoso.

— Então, vai entrar? — questionou-me Tzuyu, lhe encarei dos pés à cabeça, ela com toda a certeza entraria e me deixaria ali caso minha decisão fosse diferente da dela e não poderia ser tão ruim assim certo? Uma rara noite de bebedeira nunca me causou nada além de uma puta ressaca no outro dia. Apenas suspirei fundo encarando a garota mais nova a minha frente, que abriu um sorriso do tamanho de sua face me puxando alegremente para dentro do estabelecimento, parecia que eu havia acabado de dar o presente dos sonhos para uma criança. Tzuyu ainda era uma criança aos meus olhos.

Ao entrar no local, fui atingida por diferente cores e o local um tanto escuro mas pude identificar alguns policias fardados usufrindo dos serviços que o local oferecia, eles com certeza eram o que garantiam que a casa não fosse fechada, eu não conseguia conter minha expressão de nojo para eles, boa parte da polícia de qualquer país era mais digna de desprezo do que uma criminosa como eu.

Oh, esqueci de me apresentar devidamente, não que isso seja de fato importante mas eu sou Hirai Momo ou a mulher mais procurada pela polícia especializada em investigação secreta do Japão, país onde nasci, mais especificamente em Kyoto.

Assassina em série era meu apelido por lá, mas estava longe de ser só isso, eu praticava uma dezena de coisas ilegais e frequentar um bordel era a menor delas.

O projeto para minha captura era extremamente secreto, eram poucos e privilegiados os que sabiam da minha existência, eles acreditavam que se a população fosse alertada sobre o perigo que a minha existência exalava, isso geraria um pânico geral na população, isso é só uma das coisas que eu discordo completamente da polícia já que eu não mato ninguém no Japão á mais de anos, mas outra pessoa faz isso por mim, e portanto, eu acabo sempre ganhando o crédito.

— Momo? Momo? Hirai Momo! — me chamava á tempos Tzuyu, que recorreu à dar um tapa estalado em meu rosto.

— Você enlouqueceu? — questionei irritada, aquilo havia doído.

— Se você não fosse tão distraída isso não teria acontecido. — deu de ombros, pouco se importando comigo.

Caminhei até o bar, que não era tão longe dali deixando Tzuyu sozinha para que a mesma resolvesse seus problemas -tesão acumulado-, nunca ficavamos juntas em lugares como esse por mais de dez minutos então aquele realmente havia sido o nosso recorde.

Conheci a Tzuyu em minha fuga do Japão para a Coréia, e a dela de Taiwan para cá. Enquanto eu sou procurada em meus país, Chou era no dela e daí viramos boas amigas por termos nos refugiado na mesma casa de uma colega em comum, Son Chaeyoung, a única procurada em seu país que não resolveu fugir. 

Por mim, eu nunca teria saído do Japão também, mas foi um caso de vida ou morte quando fiquei sabendo que eles estavam me rastreando e me capturariam em menos de 48 horas, minha primera ideia foi fugir, dito e feito. Minha casa em Kyoto agora era apenas pedaços para mendigos já que havia sido toda destruída pela polícia e -infelizmente- não haviam encontrado ninguém em casa.

Afastei meus pensamentos ao ouvir uma voz conhecida em meus ouvidos, assim que virei meu primeiro copo de alguma vodka vagabunda que havia lá.

— Não me lembro de você ser tão forte para  bebida assim. — encarei a garota de soslaio, pensando na falta de sorte que eu tinha, foi um erro ter salgado a santa ceia.

— Boa noite Jihyo. — cumprimentei a mesma, que se encontrava à poucos centímetros de mim. — O que faz aqui?

— Eu era quem deveria perguntar isso, afinal você é quem está no meu estabelecimento.

— Eu deveria me surprender com isso? — abri um sorriso falso, mas que aos olhos de qualquer um ali, era o mais verdadeiro de todos.

Park Jihyo é uma de minhas ex-namoradas, a única aqui na Coréia e provavelmente um de meus relacionamentos mais duradouros perdendo apenas para o meu com Mina, no Japão. Ele durou metade do tempo em quem estive aqui na Coréia, e isso já faz mais de dois anos, Jihyo foi uma das minhas maiores cúmplices em todas as barbaridades que já cometi, esse foi um dos maiores motivos para termos terminado, o motivo dele nunca foi falta de amor e sim coisas mais importantes em um relacionamento como o nosso do que isso.

Aos olhos dos outros nós duas nos odiamos, mas as aparências também enganam nesse sentido, apesar de sempre trocarmos farpas uma com a outra e nos tratarmos de forma irônica, é porque estamos apenas magoadas uma com a outra e essa é a melhor forma de camuflar isso, toda vez que nós viamos eu sentia meu coração errar as batidas, mas ao mesmo tempo, eu também sentia minha ferida imaginária arder, a forma como eu tratava ela, simbolizava apenas como eu queria que ela sentisse um pouco do que eu sinto.

— Pensei que tivesse retornado ao Japão. — disse, puxando outro assunto, enquanto eu tomava outro drink.

— Só se eu fosse louca. — soltei, olhando ao meu redor, haviam várias garotas, as observei bem, Jihyo havia ficado em silêncio durante todo esse processo, a mesma havia automaticamente percebido o que eu estava fazendo, umideci os lábios ao encontrar uma de "meu agrado", a mesma era ruiva, não muito alta e nem muito baixa. — Se importaria se-

— Nem um pouco. — foi seca, caminhando para longe sem nem ao menos uma despedida, observei a garota um pouco mais nova do que eu, se perder entre aquela multidão de pessoas, suspirei, virando mais um copo e me levando do banco um pouco tonta, Jihyo estava certa, eu nunca fui muito forte para bebida. E não, eu não iria atrás de nenhuma prostituta, havia feito aquilo apenas pelo prazer de ver Jihyo enciumada.

Dei alguns passos, pensando no que deveria fazer agora, procurar Tzuyu estava fora de cogitação, não demorou muito para que eu perdesse o equilíbrio e quase caisse, se não fosse por uma garota, eu teria ido de encontro com o chão.

— Obrigada. — agradeci á mesma, que me encarou e forçou um sorriso.

— Disponha. — disse calmamente, a mesma não parecia muito feliz, apesar de tentar transparecer isso com seu sorriso, seu olhar caído provava totalmente o contrário.

Pensando nisso -e movida pelo álcool também-, toquei em seu braço, a mesma logo se virou um tanto confusa.

— Hm? — fiquei alguns segundos em silêncio, vendo seu nome no crachá que a mesma usava.

 — Quanto você cobra, Kim Dahyun? — fui direto ao ponto com a garota que abriu sua boca em um pequeno 'o'.

Black Widow • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora