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- Eu fiz ele me mostrar como ele era.
Verônica dava um gole em seu martini.

- E ele mostrou?
A boca da Anita fez um "O".

- Mostrou.
Agora a mulher se ajeitou no banco do bar.

- Ele parece como uma piriguete?

- Na verdade ele parece exatamente o que ele é, um estudante em graduação de Londres.
Verônica sacou o telefone da bolsa e mostrou o perfil a sua amiga.
- Olha a pele dele! Dê zoom.

- É perfeita.
Anita riu e entregou o telefone a outra.

- Eu o odeio!

- Gostaria que ele não tivesse contado?

- Não sei...provavelmente. Isso é até pior do que se ele tivesse apenas fodido com ele, não é? Ele se encontrou com ele, gostou dele, se abriu com ele...ele ficou com ele a gente não faz isso tem tempo, é algo tão íntimo.
Verônica rodava a azeitona enfiada no palito pela boca do copo com sua bebida.

-Ele correu para casa pra confessar.
Anita levantou as sombrancelhas.
- Que homem faz esse tipo de coisa?

- Ai, merda.
Verônica acabou com sua bebida e ouviu um barulho vindo da porta do bar e olhou totalmente surpresa para a amiga a sua frente e Anita ficou sem entender.

- O que foi?
A outra só levantou as sombrancelhas sorrindo como se tivesse indicando algo.

- Então, qual de vocês, senhoras encantadoras, é a Verônica?
Roger deu um sorriso presunçoso se movendo de um lado para o outro bem levemente.

Pela tarde John não aguentava mais ficar naquele cubículo sem ter notícias da Verônica que tinha saído pela manhã e sem notícias do loiro que o lhe encantou de uma forma que nem as sereias chegariam perto. Roger era tudo o que John sempre quis ser, mais altruísta e autêntico, ele tem essa despreocupação com o que os outros iriam falar dele e John almejava isso. Ser mais livre e ligar menos para o que falavam dele por exemplo nos churrascos com a família da Verônica. Desde que os filhos chegaram sua liberdade foi sumindo e já se via num cotidiano estressante e psicologicamente desgastante. Sem aguentar mais com os sentimentos martelando em sua cabeça pegou o telefone e enviou uma mensagem para o Roger dizendo que o encontrasse no King's Lynn mas dessa vez no café e não no hotel. John pegou o metrô e chegou no café bem rápido sentando no banco em frente a ele e sua perna não parava de balançar por causa do nervosismo.

- Oi.
Roger estava vestindo um sobretudo preto e sapatos pretos também se sentou ao lado de John no banco o olhando já com uma pontada de desespero em seu peito.

- Hey, chegou rápido...
Os dois se beijaram nas bochechas.

- Estava aqui a muito tempo?
Roger colocou suas mãos no bolso e lá ficou alisando o tecido em sinal de aquietar sua ansiedade.

- Não, não muito.
Houve um silêncio meio constrangedor entre eles mas John sabia que precisava falar aquilo que estava em sua cabeça desde cedo.

- Eu amo minha esposa eu realmente amo ela demais, só pra você saber. Ela é uma das poucas coisas em minha vida que eu realmente tenho certeza.

- John, eu era seu acompanhante, você não precisa terminar comigo é só não me ligar novamente. Certo?
Roger tentava aliviar a tensão rindo mas sabia o quão estava sendo difícil.

- Certo.
John olhava os carros passando na tentativa de desviar daqueles olhos azuis magnéticos.
-Eu gosto bastante de você mas não podemos. Eu não sei quando eu vou conseguir parar de pensar em você eu só espero que seja realmente logo. Isso era o que eu queria...
John sorria agora olhando Roger que em nenhum momento tinha parado de sorrir ou de ficar com os olhos gentis e compreensíveis.
John olhou para baixo por um momento e Roger fechou todo o rosto querendo chorar ali mesmo nos pés do John se possível.

𝘺𝘰𝘶, 𝘮𝘦 𝘢𝘯𝘥 𝘩𝘦𝘳 ─ dealorOnde histórias criam vida. Descubra agora