Cap. 02

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Durante uns bons minutos ele apenas me observa, isso me incomoda, eu odeio ser analisada.

— Já terminou? — Pergunto, ele dá um meio sorriso, apenas evidenciando que ele sabe do que estou falando.

— Você é nova nisso, não é?

— Defina "nisso". — Tomo um gole da minha bebida sem tirar os olhos dele. Rare também mantém seu olhar fixo em mim, levantando o braço sem quebrar o nosso contato visual.

Como em um passe de mágica, um garçom aparece e entrega a ele um copo com uísque.

— Não precisa responder —diz ele — Eu não sou novo nisso, e nunca a vi nesse cruzeiro.

— Então esse cruzeiro acontece com frequência? — Mais do que você imagina. — Ele bebe um pouco e em seguida coloca o copo na mesa, seus olhos nunca saindo dos meus, é intenso.

Não posso dizer que sou do tipo de mulher que baixa a cabeça e fica constrangida com um flerte, mas algo nesse cara me faz querer recuar. Ele não quebrou nosso contato visual desde sentou, e isso me intriga.

— Então vamos ver se entendi — olho em volta e noto que todos os casais estão apenas conversando, alguns mais animados, outros contidos, porém aparentemente não passa de conversas inofensivas.

— Estamos em um cruzeiro de luxo, onde a palavra relaxar, vai muito além do óbvio.

Ele rir da minha constatação, e isso me arranca um pequeno sorriso.

— Quase isso. — Rare cruza as mãos em cima da mesa e apoia o queixo, ele inclina um pouco para frente — Diga-me Lucille, o que você acredita ser além do óbvio?

Cada palavra que sai da sua boca envia arrepios pelo meu corpo inteiro. A maneira como ele fala, seu sotaque se sobressaindo um pouco, ele não é americano, mas disfarça seu sotaque muito bem. Se eu não fosse uma pessoa atenta jamais teria percebido a diferença.

Porém, não ouso arriscar seu país de origem, Rare tem traços fortes, exóticos até. E tudo isso acompanhado de um olhar intenso e uma voz sexy.

O cara é uma perdição ambulante.

— Lucille?— Chama minha atenção, estive tão imersa em pensamentos que não respondi sua pergunta. Ele sabe disso, e é estranho que eu sinta como se ele soubesse cada pensamento meu.

— Acompanhantes de luxo — digo por fim e tomo mais um gole do meu drink. — Eu ainda matarei a minha sócia por me meter nisso.

— Você é do tipo de pessoa que faz suposições? Porque você apenas viu algo e supôs que somos acompanhantes.

— Eu vi pessoas sendo expostas como mercadorias.

— Somos sempre expostos como mercadoria. Seja em uma reunião de negócios para passar confiança e poder, seja em posts na internet para vender uma falsa imagem de perfeição. Não importa se estamos em cima de um palco ou não, somos mercadorias, Lucille.

— Nesse caso, o ditado sobre a primeira impressão ser a que fica, não cabe nessa situação? — brinco com ele.

— Qual foi a sua primeira impressão ao me ver? — ele muda sua posição e pega o copo novamente, mas não bebe, apenas brinca com o gelo.

— Um cara bonito. — dou de ombros.

— Apenas isso? Um cara bonito? — rir.

— Jesus, eu já causei melhores impressões antes. Quer saber qual foi a minha impressão quando vi você? — ele para de brincar com o gelo. Engulo em seco antes de responder.

— O que você pensou?

— Eu pensei...— ele levanta da cadeira e dá a volta na mesa, suas mãos tocam meu ombro em um aperto firme, em seguida sinto sua respiração no meu pescoço. — Será que ela cheira tão bem quanto eu imagino? — ele inspira profundamente, passando a ponta do nariz por toda extensão do meu pescoço, involuntariamente inclino a cabeça dando-lhe acesso. — Eu pensei... será que ela tem o gosto tão bom quanto eu acho que tem? — Rare passa a ponta da língua no lóbulo da minha orelha.

Minha respiração fica mais tensa, minhas mãos vão para minha perna e aperto com força. Sentindo o pulsar no meu clitóris. Deus do céu, eu estava extremamente excitada por causa de um desconhecido.

— Não somos prostitutos Lucille, não recebemos para estar aqui. — diz ele, mas sua língua não para.

— Garotos ricos e entediados, então? — digo e fecho os olhos quando as mãos dele descem pelos meus braços, e em seguida, ele as coloca em cima na minha.

Na minha coxa.

É como se todos a nossa volta tivessem desaparecido. Meus olhos ainda estão fechados, recusando-se a abrir. Não sei se com medo de me dar conta que há um cara atrás de mim, lambendo meu pescoço em público, ou se é medo de me dar conta do quão ridícula é essa situação. Quantos anos ele tem afinal de contas, no mínimo, uns dez anos a menos que eu.

Gemo com essa constatação, mas ele entende meu gemido de frustração errado. Delicadamente, ele afasta as minhas mãos da minha coxa deixando somente as dele.

— Garotos ricos sim, entediados nunca. — Ele abre um pouco a minha perna, o tempo todo sua boca passa ao longo do meu pescoço. — Acho que você é do tipo de pessoa que acredita que contra fatos, não há argumentos. — seus dedos começam a subir o tecido do meu vestido.

— Não, eu sou do tipo de mulher que argumenta com os fatos. — Sinto ele sorrir contra o meu pescoço. — E se a sua mão não parar agora Rare, não haverá argumento que mude o fato que você estará na cadeia.

Suas mãos param.

Sua boca para.

Rare sai de trás de mim e se posiciona ao meu lado, inclinando o corpo ele fala próximo o suficiente.

— Eu sabia que a minha segunda impressão sobre você estava correta. — diz ele com um sorriso vitorioso no rosto.

— Qual é ela?

— Que nenhuma mulher que eu estive nesse cruzeiro se compararia a você — ele estende a mão.— Diga que sim Lucille, me permita ser o seu acompanhante durante esses dias.

Olho para sua mão estendida e em seguida para o seu rosto. Ele não sorri, pelo contrário, está sério, parece ansioso.

— Quer mesmo isso? — Pergunto.

— Muito, mas eu não sou um cara de quebrar regras, serei seu durante esses dias, se, apenas se, você aceitar ser minha.

Minha.

A expressão não saiu como algo possessivo, seu tom era mais como uma negociação, uma troca.

Eu pego a mão dele.

— É agora que você vai me mostrar o que é além do óbvio? — Pergunto e deixo-o me ajudar a levantar, pego minha bolsa da mesa e me surpreendo quando ele leva minha mão até a boca e beija suavemente. E tão suave como seu beijo, é a maneira como ele me leva até ele, pressionando nossos corpos.

— Não Lucille, é agora que eu vou te fazer gozar a noite inteira.

Rare leva a mão até a minha nuca e me beija.

Sua língua invade a minha boca em um beijo cheio de desejo.

E pela primeira vez desde que me divorciei, eu me deixo aproveitar.

Outra boca.

Outros braços.

Que não são do Gabe.

JOGOS PERVERSOSWhere stories live. Discover now