Prólogo

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5 anos antes

Kesia! - meu pai grita surpreso quando saio correndo da academia queimando em fúria.

O mesmo não me deixou participar de uma luta que aconteceria no próximo mês. Minha oponente é um pouco mais velha que eu, porém

temos o mesmo peso e habilidades.

Somos do Rio de Janeiro-RJ. O negócio da família é uma academia de MMA, meu pai treina seus lutadores aqui, e consequentemente, eu e mais 3 irmãos fazemos parte desse meio: Valentim (meu irmão gêmeo), Hugo, Roger o mais velho.

Moramos no andar acima da academia. Nossa mãe foi embora assim que nós gêmeos nascemos. Ela nunca me fez nenhuma falta, meu pai e meus irmãos sempre foram o suficiente para preencher minha vida.

Por volta das nove da noite, os carros iam e vinham por uma das muitas vias movimentadas da grande capital carioca. E eu marchava

decidida rumo a casa do tio Oswaldo, para pedir seu auxílio.

Vestindo uma bermuda de malha e camiseta, ambos pretos, tênis esportivo, trança boxeadora com duas pontas (Hugo as fez). A pele avermelhada do rosto coberto por uma fina camada de suor pelo esforço físico feito há pouco.

Me peguei olhando para os próprios pés em movimento enquanto caminhava tranquila pela calçada, submersa em meus pensamentos, naquele ano iniciei no ensino médio.


Não era tanto como as outras meninas (exceto fisicamente, é claro, acredito que muitas delas não pensavam ou faziam o mesmo que eu), nem

bonita e nem feia, só o básico para não espantar ninguém.

Tinha zero amigos na escola, somente meu irmão gêmeo andava comigo às vezes, sou péssima com amizades. Nunca tive namorados.

Adoro passar meus dias treinando, ficando em boa forma física, aprendendo todo tipo de artes marciais. Serei uma grande lutadora conhecida no mundo todo como meu pai um dia foi, ele agora está aposentado, mas já deixou um legado incrível para trás.

Meu jeito é de moleca, fui criada no meio de quatro homens sem ter qualquer influência de figura feminina.

Quando entrei em uma rua meio escura, não senti medo, a casa era à duas quadras, nunca me aconteceu nada durante anos, já fiz esse caminho mais vezes que posso lembrar, em vários horários diferentes, todos por ali

conheciam eu e a minha família.

Infelizmente, algo estranho fez minha coragem começar a desmoronar: havia um carro atrás de mim com uma velocidade incrivelmente lenta, acompanhando meus passos.

O corpo suou frio, coração saltitou no peito.

Sem condições de continuar a andar normalmente e esperar saírem do carro para me pegar ou seja lá quais fossem as intenções do(a) motorista.

Sem pensar mais, comecei a correr, evitando olhar para trás.

Não sei onde estava com a cabeça quando pensei que conseguiria ir mais longe que um carro, quanto mais eu corria, mais ele acelerava em minha direção. Naquele momento, tive a certeza assustadora de estar mesmo sendo seguida.

Minhas pernas protestaram em resposta as horas de treino que fizera mais cedo naquele dia, sem ter comido algo ou descansado depois.

Em um ato desesperado, larguei a mochila (com algumas roupas, pretendia dormir na casa do meu tio) no chão para conseguir correr mais

CEO Mafioso Obcecado Pela Mãe Solteira Onde histórias criam vida. Descubra agora