Capítulo Doze

3.4K 209 13
                                    

KESIA MUNIZ

— Ah magoou. — Ela disse fazendo uma cara falsa de choro.

— E sobre isso, ela se muda para cá amanhã. Não aguento mais ter que ouvir minha sogra reclamar toda vez que vou lá. Estando aqui nãopreciso passar por isso. — Meu pai disse animado.

Quando a Carla, nossa mãe nos abandonou para fugir com outro homem. Meu pai ficou arrasado, com quatro filhos para cuidar sozinho, eu e o Valentim ainda sendo bebês. Mas ele conseguiu, está todo mundo vivo e bem.

— Tava na hora. — Hugo concordou.

— Concordo com meu pai. Sua mãe é um pé no saco ninguém merece. — Eu disse rindo.

— O que é pé no saco? — o Angelo perguntou curioso, cutuquei ele por debaixo da mesa e fiz cara feia.

— Samuel?! Minha mãe é um pé no saco pra vocês? — A Fran berrou brava, fiz uma careta.

Ele me olhou incrédulo, esbocei um "desculpa" sem som.

— Eu não disse isso coração, só que é melhor você morar aqui. A Kesia está meio bêbada ainda, não leve em consideração o que ela diz. —
Tentou remediar dando beijinhos na boca da mulher.

— Eca. — Eu e o Angelo viramos a cara para não ver a pouca vergonha deles.

— Que bom Fran que vem morar aqui de vez. — Disse realmente feliz por eles, ela sorriu emocionada.

— Cadê o Valentim? — Hugo perguntou.

— No quarto. Jogando. — Meu pai respondeu.
Enfiei uma torrada na boca enquanto reclamava da falta dele na mesa no café da manhã.

— Vou busca-lo, e Deus queira que eu não quebre aquele celular na cabeça do sujeito. Tá na hora de arrumar um emprego. — Hugo se levantou da mesa e saiu sem me olhar ainda.

— Fran. Cuida do Angelo pra mim? Tenho que buscar minha moto. — Fiz cara de gato de botas.

— Vai lá que eu cuido desse pestinha aqui. — Ela disse bagunçando o cabelo dele.

— Ah tia para. — Reclamou, rimos da zanga dele.

Chamei um uber e fui na boate pegar minha moto.

Quando cheguei em casa ficamos conversando coisas aleatórias anmanhã toda. Fizemos o almoço. O Hugo realmente quebrou o celular do
Valentim, eles quase se agrediram.

Durante a tarde descemos para a academia treinar. Eu tinha uma luta com a Karen, na sexta, minha adversária mais forte, lutei com ela uma vez e perdi.

— Vem Angelo. — Chamei dentro do ringue. Ele veio todo animado, coloquei luvas pequenas nele e me ajoelhei perto para ficar na sua altura.

— Vamos lá campeão. Bate aqui com força e rápido. — Pedi.

Ele começou a socar minha mão com sua força de criança, mas logo se cansou.

— Vai brincar. — Tirei as luvas dando um beijo na testa suada do mini querido.

— Hugo. — Chamei em tom provocativo.

— Que é? — respondeu grosso enquanto dava murros muito fortes no saco de areia.

— Você precisa de uma namorada, tá muito estressado. — Gritei para irritar ele.

Os caras que estavam treinando riram.

— Isso é verdade, falta de sexo. — Nando, um dos lutadores danacademia completou fazendo todos rirem de novo.

A prova de que tenho mantido distância de homem é essa: todo fim densemana passo horas com vários deles, alguns bem bonitos, corpo perfeito, legais, mas nunca me interessei, existe uma enorme barreira a minha volta,
e nenhum desses fortões vão derruba-la.

— Vão se foder! — Hugo respondeu puto.

— Só se for com você amor. — Diego o palhaço da turma fez voz de mulher.

— Que nojo Diego. — Berrei rindo.

— Cala a boca aí. — Nando se meteu.

— Vem fazer. — Desafiei.

— É pra já!

Subi nas cordas do ringue e o chamei com o dedo do meio. O pessoal espalhado pelo local se aproximaram para assistir.

— Não chama assim parece um convite para outra coisa. — Ele disse malicioso entrando no ringue.

— Respeita minha filha porra. — Meu pai esbravejou.

— É porra. — Angelo repetiu.

O olhei chocada e estreitei os olhos pra ele.

— Pai!

— Desculpa. — ele disse levantando as mãos. — Não fale mais isso.Angelo.

— Tá bom vovô. — Respirei aliviada.

Coloquei as luvas para não machucar minhas mãos e me posicionei.

Ele fez o mesmo.

— Vamos lá docinho.

Fui para cima e fiz o primeiro ataque, que se defendeu colocando as mãos na frente do rosto, com a brecha soquei a barriga dele.

— Isso filha! — meu pai gritou. — Defende. Defende!

Distraída, acabei sendo atingida por um soco no queixo que quase me levou ao chão.

— Você vai perder. Quer continuar? Não vou pegar leve. — Ele disse presunçoso.

Sorri desafiadora e balancei a cabeça.

Dessa vez deixei que viesse pra cima primeiro, quando ele levantou o punho para acertar meu rosto de novo, abaixei e acertei a barriga dele e em seguida o queixo com toda minha força. Os telespectadores vibraram. E nós continuamos assim, eu perdi por pouco.

Angelo e eu dormimos cedo, por conta do treino puxado.

Passei o domingo assistindo todos os desenhos que meu filho queria.

◆ ◆ ◆

— Onde você estava na sexta? Por que foi embora sem mim? O que aconteceu? — a Tati despejou uma enchorrada de perguntas quando cheguei no restaurante.

Ela não viu nada?

— Eu que te pergunto onde estava.

— Bom... Eu tava... É… — ela gaguejou. — No banheiro. — Ficou vermelha.

— Tranzando? — perguntei rindo da cara dela.

— Era. — Admitiu com um sorriso sacana. — E quando saí. Perguntei por você, me disseram que bateu em um cara e depois outro cara metido a rico te levou. É verdade isso? — abri a boca para responder, mas ela me interrompeu.

— Que história louca, todo mundo bêbado vendo coisa. — negou com a cabeça.

— É tudo verdade. — Olha assustada.

— Meu Deus! Você tá bem? Quem eram esses homens? Me conta tudo. — Bombardeou com perguntas sem fim.

Respondi apenas sobre o cara da boate, e ocultei tudo sobre o Fellipo.

◆ ◆ ◆

— Última entrega e a mais importante. — Will disse lançando um olhar estranho

— Graças a Deus. Tô quase desmaiando de fome. — Murmurei para mim mesma.

— Não vai comer a comida do cliente. — Ele disse rindo sem parar de ser sério, é possível isso?

Revirei os olhos e consultei o endereço, Construtora Messina.

Só podia ser.

CEO Mafioso Obcecado Pela Mãe Solteira Onde histórias criam vida. Descubra agora