🐰 C A P Í T U L O | 4 🐰

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"Romeu: Eu amo uma mulher, mas ela jurou não amar ninguém.
Benvólio: Aprenda a esquecê-la.
Romeu: Oh, ensina-me como eu poderia esquecer de pensar!"

Romeu e Julieta - William Shakespeare


—Hmm... Senhor!? – Anne perguntou incerta se deveria ou não atrapalhar o homem carrancudo.

Ele tinha se sentado ali por pelo menos uns cinco minutos e não havia esboçado qualquer movimento para chamá-la.

Ele estava com os braços apoiados sobre a mesa e as mãos entrelaçadas em frente ao rosto. Sua expressão era de pura amargura e quando ele ergueu os olhos verdes para ela, sentiu vontade de correr.

Que olhar sombrio...

Anne tremeu diante o pensamento e estava prestes a se retirar quando o homem disse em um fraco de voz.

— Café! – pigarreou e tornou a repetir o pedido. — Por favor, traga-me um café com algo que sugerir da confeitaria e um Latte gelado para viagem.

— Tudo bem senhor, mais alguma coisa? – ela perguntou quase com medo dos seus olhares observadores. Ele parecia estar desnudando-lhe a alma e, por isso, repentinamente se sentiu incomodada.

— Sim, qual é o seu nome? – ele perguntou com interesse que lhe deixou preocupada.

Anne estava tentada a mentir dizendo que o seu nome fosse outro, mas ele poderia se dar ao trabalho de confirmar a sua identidade com o seu chefe e com facilidade seria pega na mentira.

Por isso, tratou de dizer-lhe a verdade...

— Anne, senhor!

— Prazer, Anne! Eu me chamo Javier. Aguardarei ansioso o seu retorno. Lhe darei uma boa gorjeta, prometo.

— Não precisa, senhor!

Ela tentou se livrar até mesmo da gorjeta do homem, temendo que ele fosse um perseguidor.

— Bom, isso vai depender do quão rápida você é para me trazer os meus pedidos – diz e ela se dá conta de que estava ali parada debatendo com ele mesmo que indiretamente, as suas paranoias.

Javier suspeitava de que Anne, a garçonete, estava com medo dele. O modo como ela o olhava lhe dava alguns sinais disso. E sabia que grande parte daquilo era devido a sua expressão. Reabrir velhas feridas sempre o deixava de péssimo humor.

Enquanto ela corria de um lado para o outro, ele a seguia com o olhar atento. Entendia porque Romeo a queria e não poderia deixar de torcer para que de alguma forma aquela pequena e doce mulher fizesse algo na mente dele mudar.

Sabia pela expressão cansada da garçonete que ela precisava do emprego e definitivamente, precisava de ajuda.

Em uma das vezes que ela estava concentrada limpando as mesas perto, deixou cair um papel próximo a sua mesa.

Ele se inclinou e pegou discretamente o papel, novamente olhando para ela que não havia se dado conta disso, mas havia percebido os olhares que ele estava lhe dando.

Quando o pedido dele havia ficado pronto, ela fez questão de lhe entregar rapidamente. E ele observando que ela estava se aproximando, escondeu o papel por baixo da mesa e retirou do bolso uma boa gorjeta.

Antes que ela pudesse colocar tudo em cima da mesa, ele já havia colocado a nota no bolso do avental que ela estava usando.

— Senhor, não precisa disso! – disse sem jeito se afastando rapidamente de perto dele.

Sim, definitivamente ela estava com medo.

— Obrigada, você pode se retirar! Se eu precisar de mais alguma coisa lhe chamarei, Anne.

Mais do que depressa ela correu para o outro lado do salão, colocando a maior distância que conseguia entre eles.

Aproveitando a distância que ela tinha estabelecido entre eles, abriu o papel e de imediato ficou chocado com o conteúdo. Havia algumas notas e uma carta de recomendação.

Anne tinha sido demitida...

Em uma nota trêmula, uma pequena carta explicativa sobre o dono não poder mais manter o negócio funcionando. Ele ia perder aquele lugar e ela ficaria sem emprego.

Guardou tudo novamente na carta e colocou em cima da mesa. Buscou em seu bolso o cartão negro e admirou que Romeo dessa vez tinha acrescentado uma nota.

Sorrindo, ele deixou o estabelecimento.

O CONTRATO DO MAGNATA - SÉRIE CLUBE DARK [COMPLETO ATÉ O DIA 15/07/2019]Onde histórias criam vida. Descubra agora