🐰 P R Ó L O G O 🐰

571 42 3
                                    



"Quem é aquela dama, que dá a mão ao cavalheiro agora? Ah, ela ensina as luzes a brilhar! Parece pender da face da noite como um brinco precioso da orelha de um etíope! Ela é bela demais pra ser amada e pura demais pra esse mundo! Como uma pomba branca entre corvos, ela surge em meio às amigas. Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a minha. Meu coração amou até agora? Não, juram meus olhos. Até esta noite eu não conhecia a verdadeira beleza."

Romeu e Julieta - William Shakespeare


Romeo Casanova permaneceu do lado de dentro do seu carro, um Maybach 900 Rocket preto.

Ele amava carros e estava disposto a adquirir outro naquela semana.

Estava fazendo todas as tramitações necessárias para que aquilo acontecesse rapidamente. E mal podia esperar para receber o seu Porsche Panamera Turbo S e-Hybrid.

Estava distraído em seus pensamentos, quando algo lhe chamou atenção.

Uma mulher estava aguardando ansiosamente o sinal abrir para poder atravessar.

Ele podia notar quão estressada ela estava, devido a movimentação ansiosa e quase compulsiva das suas mãos tentando alisar um vestido que visivelmente estava amarrotado.

Um uniforme de trabalho?

Ela deveria estar atrasada e isso de certa forma o irritou, pois, era sempre muito pontual em seus compromissos.

Contudo, a irritação, logo se transformou em preocupação.

O aspecto cansado da moça o atingiu e ele nem ao menos a conhecia.

Não era normal para ele se sentir daquela maneira por algum desconhecido.

Era sempre muito reservado, apesar de ter obtido o controle de várias empresas em uma luta ferrenha, quase corpo a corpo, mas aquilo era totalmente diferente.

A sua paixão pelos negócios não tinha nada a ver com aquela nova apreensão totalmente estranha em seu interior.

Julgou que fosse algo relacionado ao fato de estar cansado de se abster. Nada mais o empolgava, desde a sua última vez no Clube Dark.

Mas aquilo também o cansou...

Ele havia tomado para si uma acompanhante ciente das suas singularidades e que rapidamente assinou o contrato que os mantiveram juntos por dois meses.

Ao fim do que havia sido combinado, Romeu percebeu que ela queria muito mais do que ele estava disposto a dar, mas deixou claro que aquela interação terminaria ali.

Não que aquilo tivesse tido algum significado para ela, pois, continuou a persegui-lo, mesmo depois de ter dado um basta. Chegou a invadir uma de suas empresas e o esperou nua em sua mesa.

Louca...

Mas isso era culpa dele. Havia cometido um erro que não tornaria a repetir.

Desde então, fazia exatamente três meses que não sentia mais prazer algum em assistir as fitas que gravara da sua acompanhante.

Como ela se chamava?

Bem, de qualquer forma, ele não se lembrava.

Era uma das cláusulas que ele precisava urgentemente mudar em seu contrato.

Da primeira vez, cometeu o erro de deixar o seu nome descrito e isso foi a sua ruína. Ouvir a mulher chamando o seu nome, apenas lhe fazia perder o tesão.

Aprendeu com os outros membros do Clube durante as reuniões que ter um Codinome, não só te mantinha protegido legalmente, como evitava que coisas como essas acontecessem.

Ter o seu nome na boca de uma desconhecida é a pior sensação do mundo.

Sim, era de fato horrível...

Os seus pensamentos foram novamente interrompidos quando o sinal abriu e a mulher praticamente voou para o outro lado, entrando em uma espécie de café barato.

Ou melhor...

Café para baratas!

O lugar não era dos melhores, apesar de ser bem localizado.

Do ponto de vista dele, era apenas um prédio velho na esquina mais movimenta da cidade. O problema era que o "negócio" estava caindo aos pedaços.

A tinta da fachada parecia ter sido retocada, mas não houve cuidado. O que fazia parecer que a coisa estava craquelando por toda a parede.

Ele observou atentamente os gestos desesperados da mulher. Ela parecia estar pedindo desculpas.

Suplicando...

Sim, ela estava suplicando!

As suas mãos se juntaram em um pedido de oração quando o homem mais velho a sua frente lhe entregou um envelope branco.

Ele tinha um palpite de que era uma carta de demissão...

Se, pelo estado da espelunca indo de mal a pior ou pelo atraso da mulher, ele não saberia dizer. Entretanto, continuou admirando secretamente, e observando o que ela faria a seguir.

Ao contrário do que ele imaginou, ela colocou um avental preto e amarrou-o na cintura, pronta para qualquer eventual cliente que fosse aparecer.

E aparentemente, como por um milagre, com a sua chegada, alguns poucos clientes começaram a entrar no lugar.

Ela serviu a todos com bastante zelo. Podia observar que a mulher se movia com graça e naturalidade em torno dos clientes, sorrindo e anotando os escassos pedidos.

Um café...

Um muffin...

Um chá...

Não havia nada demais sendo servido naquele lugar, mas Romeo não poderia julgá-la agora, pois, percebia o quão bem trabalhava, mesmo em um antro como aquele.

E de certa forma, sentiu até mesmo, uma pontada de orgulho por ela.

Orgulho...

Ele estava mesmo ficando maluco com tudo aquilo. 

O CONTRATO DO MAGNATA - SÉRIE CLUBE DARK [COMPLETO ATÉ O DIA 15/07/2019]Onde histórias criam vida. Descubra agora