Capítulo Seis: Passado

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" Quem sabe ainda sou uma garotinha

Esperando o ônibus pra a escola

Sozinha...

Chorando baixo pelos cantos, por ser uma menina má

Quem sabe a vida é não sonhar?

Eu só peço a Deus, um pouco de malandragem

Pois só criança e não conheço a verdade

Eu sou um poeta e não aprendi a amar..."

Malandragem - Cássia Eler







Malditos.

Falsos.

Sinto o ódio pulsar em cada batida do meu coração.

- Maria, abra essa porta! - Grita a Sra. McGregor batendo na porta. - Escutei sons de estilhaços! Ande, abra logo isso, antes que os patrões venham aqui. - Insiste.

Como se isso fosse possível.

Meu quarto é bem no fundo da mansão, como poderiam escutar qualquer barulho?

Respiro fundo, tento me acalmar.

O ódio está tão enraizado em meu coração que o sinto meu sangue ferver. Jamais me veria com tanta raiva, tanta coisa ruim dentro de mim.

É tão forte que chego a sentir um gosto ruim na boca.

Amargo.

Enojado.

Sombrio.

Sinto como se qualquer resquício de bondade evapora-se de mim. Pouco a pouco, até que não reste mais nada. Não vejo o que há de bom em ser uma pessoa que quer o bem de outras.

Para quê?

Sempre fui boa mesmo com essa vida repleta de penitência que tenho levado.

Uma vida de escrava.

Uma vida sem qualquer resquício de amor.

A minha amada "vozinha" não passou de uma mera ilusão, sabe-se lá o motivo de ela ter me deixado ficar aqui, mas não importa eu sempre continuarei a amando. Meu coração sempre a agradecerá por isso.

Saio dos meu devaneios ao escutar a Sra. McGregor continuar a bater na porta. Devagar, me levanto e vou até  a porta.

- Por que não abriu assim que chamei? - Respiro fundo para não mandá-la a merda.

A verdade que o jeito dela sempre me irritou.

A necessidade de se mostrar superior a mim.

As malditas vistorias.

Aperto minha mão.

Tenho que ser racional.

O Despertar de uma AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora