2- Sorrir

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    Sua cabeça dóia. Esse inferno que se passava em sua cabeça era completamente insuportável, e mesmo após tomar tanto remédio, a dor não parava.

  Pegou seu celular e enviou uma mensagem para Logan, dizendo que estava com a cabeça prestes a explodir e por isso não iria ao estúdio naquele dia, mas no dia seguinte iria trabalhar em dobro. Como ele ainda não havia visto a mensagem, olhou sua caixa de entrada, geralmente sem nenhuma nova mensagem, e se surpreendeu com uma mensagem de um número não salvo.

  Oi
  N tô conseguindo te ligar
  Qnd ler essa mensagem me liga aí
Pfv

  Essas mensagens foram enviadas por volta de sete da noite, e o número era o mesmo que tentara ligar para ele no dia anterior. Sorriu ao ver o modo como ela escrevia. Clicou em sua foto de perfil, e lá encontrou a garota com uma careta divertida, ao seu lado um dálmata que parecia sorrir para a foto. Deu um sorrisinho, e logo desligou a tela do celular. Deu um grande gole da água que estava a sua frente, e por alguma razão só agora voltou a perceber que sua cabeça dóia. Estava extremamente irritado, já que sua tia Joanne havia inventado de ir visitá-lo, sabendo-se lá como ela havia descoberto deu endereço, já que não havia dito nem mesmo para sua mãe. Agora ele teria de ir buscá-la no metrô, já que em Corvolis não tinha aeroporto, como ela frisou várias e várias vezes durante o telefonema que fizera pra ele naquela manhã.
   Ele achava que as coisas não poderiam piorar. Mas, ah, como pioraram.

   ㅡVenha, tia Joanne, não tenho o tempo todo do mundo para você.ㅡCaesar, já irritadiço pela dor de cabeça, estava quase a matá-la por fazê-lo esperar muito mais tempo.

   —Oh meu querido, se aquiete, tenho certeza que quem estar por vir o fará parar de ser tão rabugento como está agora.

   —Por favor tia, não me diga que trouxe minha mã...— Mas antes de completar sua fala, sua tia se afasta e abraça uma jovem garota, por volta dos 20 anos, com uma aparência genérica, porém bonita.

  —Venha cá, meu querido sobrinho, quero lhe apresentar Becky, uma amiga jovem minha de New York, que me coloca em par sobre as pessoas mais novas. Ela é uma amiga maravilhosa e é está solteira no momento! — Ela deu um empurrãozinho nas costas da garota, como se oferecesse para um envergonhado e furioso Caesar. 

  —Joa, não faça isso! — Becky diz isso, mas está sorrindo e claramente com interesse no olhar.

Ah, merda, Caesar não queria lidar com outra garota, ainda mais uma que estava se oferecendo descaradamente.

   —Tia... não tenho outro quarto sobrando, só tenho o meu e o de hóspedes, no qual você vai dormir. — Como um gesto de educação, Becky pega uma das malas de mão de Joanne que estava sendo carregada por Caesar. — Obrigado.

   —Ah meu bem, não se preocupe, ela pode dormir comigo... ou com você, se preferir. — E ela lhe dá uma piscadela muito sugestiva. 

   —Tia, a senhora pode por favor não fazer essa merda que se passa na sua cabeça e conversarmos em casa? — Ele suspira, e tardiamente percebe o quanto sua tia ficou ultrajada, ao passo de que Becky parecia claramente desconfortável e envergonhada. — Olha, eu estou com enxaqueca e...

   —Venha Becky, vamos chamar um táxi. Caesar, o que você fez foi muita falta de educação, traga o resto das malas para o táxi e conversaremos em casa.


Caesar abre a porta de seu apartamento, carregando a maioria das malas pesadas com ele enquanto sua tia carregava uma mala pequena de mão, assim como sua amiga quase 30 anos mais jovem. Ele sabia que isso não se passava de uma infantilidade descabida, mas não estava com cabeça para aturá-la, era sua tia apesar de tudo, e sabia que ela havia vindo do outro lado do país apenas por se preocupar com ele, então ele não queria demonstrar ingratidão. Só não... sabia o porquê, mas estava conturbado. Decidiu a si mesmo que iria tomar um banho relaxante e deixar se levar pelas sensações. Sua cabeça latejava cada vez que lembrava daquela maldita garota que acabou desestabilizando sua vida... de um jeito bom, de um jeito que o deixava assustado. De um jeito que acabaria com ele.

  Porém, não conseguiu ficar muito tempo embaixo da água, já que sua tia não parava de atormentá-lo por detrás da porta e se sentia ansioso demais para ficar parado em um lugar apenas. Saiu, apenas com uma toalha enrolada em sua cintura, e o apartamento estava mais silencioso do que ele acharia que iria acontecer, porém, ao entrar em se quarto, viu Becky deitada em sua cama de um jeito confortável até demais, com um pijama consideravelmente sexy. Caesar empacou na porta, não sabendo o que ou pra onde olhar. Finalmente Becky desviou os olhos de seu celular e percebeu que ele estava lá. Deu uma grande olhada em seu corpo, o que fez Caesar se sentir muito desconfortável, até voltar seus olhos para o rosto dele, um tanto envergonhada.

   — Sua tia disse que eu poderia ficar... desculpe se o incomodo. Vou dormir na sala ou com ela. — Ela se levantou, provavelmente já desconfortável demais com a primeira impressão que teve dele.

  — Não se preocupe, você não tem nada a ver com os meus problemas familiares, vou tirar satisfação com minha tia, pode ficar aqui, só irei pegar minhas roupas no armário e me trocar no banheiro. Volte a se deitar.

Ele já estava quase saindo pela porta, mas sentiu uma pequena mão puxá-lo e empurrá-lo contra a parede, e como não estava preparado para o ataque, não conseguiu revidar.

   — O que está fazend...— Antes de terminar a frase, lábios suaves e macios se pressionaram contra os deles, e Caesar se surpreendeu a ver que Becky o trazia mais para baixo, a fim de ficarem da mesma altura. Ele não soube como reagir. Claro que não! Como poderia, se ela o atacou do nada? Sua mente gritava para ele afastar-se dela, dizendo que aquilo não nem um pouco cavalheiresco, mas seu corpo dizia para puxá-la contra o peito, retribuir o beijo e ver onde isso iria dar. E foi esse o lado que ganhou, por um tempo. Ele retribuiu, sentindo a doçura de seus lábios ansiosos, apertando-a contra seu peitoral. Mas quando seu amiguinho lá de baixo se animou e quis se juntar a festa, ele percebeu que tudo naquela situação estava errado. Com muita relutância, segurou-a pelo ombros e a afastou, suspirando. Ela não parecia entender muita coisa, pois demorou para reabrir os olhos. Olho para ele, confusa e corada. 

  — Desculpe... eu não acho que isso foi certo. — E se retirou às pressas do quarto. Sentia que estava fugindo de sua masculinidade, mas por ora aquilo não importava. Como sua tia colocou uma completa desconhecida para dentro de sua casa?




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