Capítulo 8

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— Mãe! Pai! — chamei, correndo pela casa. Já estava arrumada com o meu look habitual e a mochila nas costas.

— Saiu do quarto! — meu pai falou surpreso.

— Querida, já estás acordada...  — minha mãe mudou de assunto.

— Sim. Preciso que me levem a casa da Kate, por favor. Preciso vê-la... — eu sentia algo por dentro, como um pressentimento e por isso algumas lágrimas saltaram dos meus olhos.

— Querida, não a verás na escola? — meu pai questionou.

— Por favor. — supliquei.

— Ok. — meu pai respondeu e saiu da cozinha aonde estávamos, quando fiz menção de segui-lo, minha mãe se aproximou de mim e segurou em minhas mãos. Foi assim que percebi que eu estava tremendo.

— Está tudo bem, Emy? — ela perguntou, analisando-me cuidadosamente.

— É o que quero saber. — respondi a encarando — Mas, estou com medo. — abaixei a cabeça e me afastei. Como fui seguida por ela, adiantei meus passos, saindo de casa. Encontrei meu pai na varanda, já no carro nos aguardando. Logo eu estava dentro. Logo minha mãe também entrou e assim, seguimos viagem.

Ao chegarmos no local, a casa pequena, simples e afastada das demais da rua por ser a última, estava cercada de viaturas, diversos policiais e aquelas fitas amarelas de filme investigativo e séries como CSI.

— O que será que aconteceu? — ouvi a voz de minha mãe.

— Querida, tem algo para nos contar? Sabes... —  antes que papai terminasse a sua fala, eu saí do carro. Eu corri e não deixei ninguém impedir-me. Eu corri sentindo uma angústia terrível e invadi o local. Eu corri, pelos cômodos procurando-a, pois nunca havia entrado naquele lugar e me arrependi disso. Mas quando a achei, descobri que eu não queria vê-la, não daquele jeito, e tive outros arrependimentos.

Vê-la naquela forma, sem vida alguma nos olhos... Seus lábios estavam brancos e ressecados. No seu pescoço havia uma sacola plástica amarrada e marcas roxeadas, pareciam chupões?!

Que raios aconteceu com minha Kate?

E então percebi que estava chorando, pois minhas lágrimas embaçaram minha visão. Me aproximei um pouco daquele corpo e a observei, suas mãos próximas de algumas pílulas no chão.

— Menina! — dois policiais entraram no quarto e me seguraram.

— O quê houve com ela? — eu estava desesperada.

— Estamos aguardando a perícia para descobrir. Já estão a caminho. A mãe dela que nos ligou, encontrou a menina assim hoje pela manhã. Não houve nada que pudéssemos fazer pelo tempo. — informou — Você era amiga dela?

— Não. — chorei ainda mais — Ela era minha amiga. — me agarrei ao moço tentando não cair, mas apesar dele me segurar e tentar me abraçar, eu escorreguei para o chão.

Engatiei até diminuir a distância do corpo. Seus olhos abertos estavam fixos em algum ponto. Tentei me situar.

— Menina, eu sinto muito, mas não pode se aproximar tanto. — o outro rapaz disse.

— Aquele papel. Ela está olhando para ele. — mostrei e fui levantada e levada para trás por um deles.

Logo um terceiro rapaz entrou no recinto, carregava um mochila. Um dos policiais me segurou pelos ombros e me levou até a porta, enquanto o outro relatava as coisas ao investigador que analisava o corpo de longe e as vezes se aproximava.

— Clássico suicídio. — disse.

— Isso não é possível. — falei e ele nem olhou para mim, pois ainda analisava o local.

O Diário da Perdida - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora