É medo.

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Depois da guerra, tudo parece ter ido se ajustando aos poucos – os alunos, a escola. Embora ainda que mudadas, as coisas estavam encaminhando no rumo certo, Harry reparou aleatoriamente no café da manhã, otimista.

Seus amigos estavam conversando sobre qualquer coisa quando seus olhos curiosos caíram no Príncipe da Sonserina, que está sentado de frente para ele de forma despretensiosa e confortável, comendo uma torrada. Harry repuxou um pouco os lábios pálidos para baixo enquanto mordia um pedaço de bacon, intrigado. Draco parecia surrealmente mais calmo, mais leve. Amigável, até: os cabelos claros e charmosos caíam novamente por cima dos olhos claros e atenciosamente gelados; as pernas mais longas e bem desenhadas; os ombros um pouco mais largos, embora magros. Mais relaxado do que jamais – se permitiu – foi, Draco agora ria de, provavelmente, uma piada boba que ouviu do garoto ao seu lado. O pior de tudo era que o desgraçado tinha um sorriso lindo. Um perfeito príncipe, pensa; algumas coisas nunca mudam, conclui, mordendo outro pedaço do bacon, desviando o olhar para pegar seu suco.

Enquanto bebe, o menino dos olhos de esmeralda se permite pensar em como tudo isso, no início, deve ter doído em Draco: as olhadas tortas que recebia; as acusações como se fosse opção própria ele ter estado do outro lado; os insultos... Harry, no entanto, achava tudo isso simplesmente patético. Era nítido nos olhos brilhantes como gelo do outro que nada ali era por impulso do próprio garoto. , tudo bem, eles sempre brigaram – e continuam brigando – bastante, mas algumas coisas são só claras demais para que fossem ignoradas. Uma delas era, por exemplo, a beleza de Draco. Harry fez uma careta com esse último pensamento.

Ele se permite vagar lá no início, quando Draco foi se apresentar para ele com o nariz empinado e os olhos intensos e nublados e lembra, também, dos cabelos cheios de gel que brilhavam na luz do Salão Principal. Harry pondera com calma exagerada sobre como aquelas duas pupilas pretas se destacaram no azul quando o olharam intensamente desafiadoras ao que as palavras "Draco Malfoy" escorregaram dos lábios rosa-claros. Lembra mais do que gostaria de como suas bochechas imploraram para esquentar e de como seu coração bateu rápido naquele dia. Por aquele menino. Harry cora um pouco agora, percebendo como nada, de fato, mudou. Mas não é gay se você odeia o cara que você acha atraente, não é? Além disso, a raiva faz as bochechas corarem também, faz o corpo formigar e faz com que o coração bata bem rápido, certo?, Harry alega para si mesmo, quase que orgulhoso demais. Satisfeito com a – ingênua – resposta que encontrou, ele coloca o copo na mesa e começa a comer seus ovos.

Distraído, acaba por deixar seus olhos atentos caírem no Príncipe mais uma vez. Porém, Harry não esperava que ele também estivesse olhando para si. Draco estava com uma das mãos apoiada nas bochechas, enquanto o outro braço estava despreocupadamente apoiado na mesa. Seus olhos estavam – eram – intensamente curiosos, fundos, lindos. E com a surpresa, Harry se engasgou com os ovos que estava comendo, tossindo e tossindo, colocando as mãos ao redor do pescoço, se curvando para frente, buscando se acalmar, sabendo que algumas pessoas o olhavam agora. Maldito Malfoy.

Ronald, que estava ao seu lado, deu algumas batidinhas nas suas costas. "Cara, você tá bem?" Pede com a voz risonha e suavemente salpicada com preocupação. Harry o olha meio corado, meio ofegante. Por fim, ele apenas arruma os óculos e sorri um pouquinho, sem graça.

"Estou bem, sim. Obrigado..." a voz vai perdendo o volume e ele volta a encarar a comida quando percebe que o menino ruivo voltou a conversar com Hermione sobre qualquer coisa que ele não está realmente interessado.

Harry enrola um pouco os olhos no prato antes de corar nas bochechas e ter coragem para olhar para a mesa da Sonserina. Mais especificamente para Draco. Quando vê que ele ainda está o encarando, agora com os olhos risonhos e as sobrancelhas arqueadas como quem quer tirar sarro, o "menino-que-sobreviveu" jura que se seu olhar matasse, Malfoy cairia duro daquela mesa. Ficou mais vermelho ainda – de raiva, claro – quando viu o garoto imitando seu engasgo, rindo ainda mais. O olhou feio e desviou para o prato novamente, desejando que se engasgasse com a risada, perdendo o sorriso polido que Draco deu depois, parecendo completamente distraído em seu rosto.

Engarrafados .:drarry;Onde histórias criam vida. Descubra agora