"Não, gente, nada a ver," Harry retruca presunçosamente para Hermione e Ronald, olhando para eles com aquele olhar profundamente desesperado. Eles estão casualmente sentados no Salão Comunal da Grifinória, onde aquela merda toda começou e Harry não consegue se impedir de reviver cada momento explicitamente caloroso, dormente e bom. O menino-cicatriz contou com ácida saudade tudo o que aconteceu, absurdamente calmo e medroso. Os amigos, pouco surpresos, somente o perguntaram se ele sempre soube que era gay. "Não é gay se você odeia o cara que você acha atraente, certo?" A súplica na voz dele soa mais como uma alegação de quem quer provar algo para si mesmo – e ele quer. Bom, ao menos, ele tenta. Ronald e Hermione somente se olham e reviram os olhos, preguiçosos para o drama explosivo de Harry. "Além disso, foram só... só uns beijos," comenta vagamente, o peito explodindo com cada sílaba mentirosa que ele prefere – e assegura que tem que – acreditar.
Colocando delicadamente uma madeixa dos bonitos cabelos para trás, a Granger o encara com os olhos limpos como vidro polido e séria como todas as broncas que já levou de Snape. "Harry, escuta," a fala sutil sobressalta a ideia de que o menino Potter não vai gostar do que ela vai dizer, porque provavelmente estará mais certa do que ele quer admitir (para si mesmo); "você não gosta dele?" A pergunta escorrega tão sutilmente cruel que Harry se sente gelado por vários momentos enquanto arregala os olhos de pedras preciosas que deixam, sem querer, escapar o brilho de falar de Draco, deles.
Por instantes, tudo o que o menino Potter pode fazer é encarar a mesa, bochechas vermelhas enquanto sente a necessidade grotesca de ter o Malfoy ali com ele, lidando com todas aquelas perguntas segurando a mão bonita e pálida dele. Não é isso, Harry prefere repetir para si mesmo, é só... uma forma de descontar a raiva, a desculpa explicitamente vazia não o satisfaz e ele suspira, se sentindo inútil e derrotado por todos os segundos possíveis. Com a unha do indicador direito, arranha a madeira cuidada e brilhante da mesa, voltando em cada pequeno segundo que pode pescar em que esteve ao lado de Draco, o menino culpado por essa situação toda. Mas fui eu que o provoquei, se contrapõe, completamente nervoso. Ele não está pronto para tudo isso, nem quer estar. Correu firmemente daquele nariz empinado e daqueles olhos incríveis por todos esses anos, então por que eles parecem a linha de chegada? Porque vê-lo indo embora seria doloroso, repete a resposta três vezes, somente para ter certeza de que está realmente conformado com a verdade que ela traz.
"Ei, cara, tá tudo bem, você sabe. Não vamos te julgar nem nada, eu só não quero ver ele pelado no nosso quarto," Rony diz alegremente, querendo confortar Harry de alguma forma, que continua olhando para a madeira grossamente bonita da mesa. Não há resposta, nem movimento. E apesar disso, está realmente tudo bem, mesmo que eles não entendam a desnecessária carga emocional estrondosa que está nos ombros do menino-herói nesse instante. Harry, pelo menos, não acredita que eles compreendam.
"Olha," Hermione fala propositalmente autoritária, e os olhos verdes e chamativos estão a analisando assustados como os de alguém que foi pego fazendo algo que não devia; "não tem problema. Você entende isso, Harry? Não tem nada aqui entre vocês dois além da indecisão ridícula que estão tentando forçar." Altamente clara e limpa, é assim que o menino Potter ouviu cada sílaba. Entrou pelos ouvidos vermelhos de vergonha como uma navalha e cortou todas as idiotices que tentou argumentar para si mesmo. Portanto, somente a olha por vários segundos assim, perdido, com saudade, confuso, carente, bravo. Tudo ao mesmo tempo o consumindo enquanto está louco somente para abraçar Draco. "Não tem problema você gostar do Draco," a voz macia dela repete mais uma vez, como se fosse para Harry ter absoluta certeza antes que ela sorria para ele junto de Ronald.
"Tudo bem." A voz dele é quebrada e distante, e os amigos somente o observam com calma e silêncio. "Tudo bem," repete tontamente, olhando para os dois nos olhos, que sorriem para ele como se estivessem aliviados, alternando antes de franzir as sobrancelhas. "Mas eu não gosto dele," alega teimosamente, levantando o mais rápido que pode e dando as costas o mais rápido que pode, perdendo como Ronald e Hermione se olham decepcionados – decepcionados com ele. E enquanto caminha pelos corredores até o campo vazio de Quadribol, se permite repetir mentirosamente como um mantra: "Eu não gosto dele; eu não gosto dele; não gosto, não gosto."
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Engarrafados .:drarry;
RomanceDraco Malfoy é desafiado a beijar Harry Potter num jogo trouxa. E estaria tudo bem, mas eles não conseguem mais parar. {drarry.: versão pós-guerra, onde eles voltam para hogwarts no último ano}