Harry está sentado com a coluna torta no banco, se sentido um trasgo no café da manhã que sinceramente não está interessado em comer. Seus olhos estão fundos por ter passado a noite acordado; sua gravata está somente ao redor do pescoço sem nó e alguns botões de sua camisa estão abertos de forma despreocupada e não consegue evitar quando boceja fundo e forte, não dando real importância para os óculos tortos. Está tudo uma bagunça. Ele, seu corpo, seus pensamentos, seus sentimentos. Tudo.
Morde um pedaço de bacon contra a própria vontade, notando como Ronald e Hermione não estão ali para irritá-lo com mais perguntas que ele não quer responder e agradece mentalmente, mal-humorado. Suas costas doem e ele está todo quebrado, com medo e sem vontade de olhar para a mesa de Draco.
Draco.
Suspira covardemente, bochechas ganhando vários tons de vermelho e rosa de repente. Lembra de cada pequena coisa estúpida, desde a sensação que derretia como fogo suas veias e o fazia quente enquanto tocava e era tocado por Draco; lembra amorosamente das pintas adoráveis que ele tinha e quase quer dar um gritinho por lembrar que sua boca marcou possessivamente uma delas. Balança a cabeça e a abaixa logo em seguida, envergonhado por estar tão feliz e tão aleatoriamente orgulhoso com isso.
A verdade é que Harry não sabe mais como encarar Draco agora, não sabe lidar com o que tiveram, nem com a vontade avassaladora que sentiu de ter mais. Mais de Draco, mais de seus abraços. Mais dele(s). Cada mínima parte Grifinória sua o suplica para deixar de ser covarde, mas ele não consegue – nem vai – olhar para a mesa do menino alto e loiro e lindo e macio e... porra.
Contorce os dedos dos pés dentro dos tênis, realmente incomodado. Afasta o próprio prato, enjoado de tentar comer. Exausto, mexe um pouco dos cabelos bagunçados, enrolando alguns dedos nos fios grossos e morde os lábios, completamente perdido em si mesmo, em Draco, em tudo o que eles (não) têm. Apesar da exaustão, tudo o que corrói a mente de Harry é a necessidade estúpida de tocar naquela pele mais uma vez. Completamente quente, mas macia. Ele quer se sentir bem naquela paz estranhamente agitada de corações e movimentadas de corpos e braços e bocas. Harry quer (se) sentir (em) Draco.
Por um instante, enquanto abaixa a cabeça e deita a testa em cima de seus próprios antebraços que estão apoiados um em cima do outro na mesa, Harry fecha os olhos e suspira fortemente pela milésima vez. Por um momento, deseja que seja de prazer como ontem à noite. Morde o lábio com esse último pensamento. De repente, enquanto está corado e com o coração agitado, um pequeno pensamento se alastra traiçoeiramente no menino-cicatriz: e se Draco não o quiser mais? E se for atrás dele e for rejeitado? Pior, como nem sequer cogitou isso? E se... e se ele estiver com nojo? Achar que foi fácil demais? E agora?
Junta alguns livros e levanta devagar como quem está num ambiente hostil, coração gelado e quebrado sendo tudo o que sente realmente quando firma os pés, pronto para sair dali e respirar. Asperamente, mas respirar. Somente olha para o chão bem polido de maciço diante das lentes de seus óculos que ainda estão tortos e torce a boca, com um receio enorme de encarar Draco naquele momento antes de ir embora. Não quer ser rejeitado pelos olhos tão claros e tão lindos. Não ali, não agora.
É só medo que isso mude a rivalidade deles, certo? É vergonha de raiva, tenta empurrar inutilmente para seu cérebro enquanto caminha desajeitadamente envergonhado, confuso e não entendendo a decepção enorme que o faz querer chorar horrivelmente solitário por vários dias, Harry só pensa no que fazer. Não vai falar com ele. Não consegue mais. O menino-cicatriz sequer chegou a ver que sua gravata solta caiu no chão perto da porta.
Mas Draco viu.
✿
Draco, por outro lado, na mesa da Sonserina, olhava para seu café da manhã totalmente disperso, sem apetite e sem ânimo. Seus cabelos claros caíam em acima de seus olhos ambíguos enquanto olhava para baixo com uma das mãos apoiadas na bochecha e não sorria, sentindo os pensamentos tão fundos quanto as olheiras da noite anterior que estavam destacadas na pele clara e com acne. Nota quase ansiosamente como tudo nele(s) parecia dar um aspecto mais dramático para a situação, algo maior e mais sentimental. Talvez realmente fosse, afinal.
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Engarrafados .:drarry;
RomanceDraco Malfoy é desafiado a beijar Harry Potter num jogo trouxa. E estaria tudo bem, mas eles não conseguem mais parar. {drarry.: versão pós-guerra, onde eles voltam para hogwarts no último ano}