Engarrafados .:drarry;

É agressivo.

Um mês. Já fazia um exato mês desde que os dois começaram a se encontrar nos banheiros da escola, desesperados e ligeiramente famintos um pelo outro. Era tudo muito novo, muito bagunçado e muito intenso. Eles não sabem de onde isso veio, só sabem que está lá, forte e esquisitamente permanente – os dois não querem que vá embora. E embora nunca tenham feito nada além de selinhos molhados e gostosos e apertos nas roupas e cabelos, Draco e Harry queimam intensamente na pele até a hora de dormir.

Nos corredores, entretanto, tudo parece afavelmente mais calmo, e sumiram das bocas curiosas dos colegas de Hogwarts, mas não dos pensamentos um do outro. Por isso, agora andam mais relaxados e briguentos por todos os cantos, com um sempre tentando tocar o outro da maneira mais direta e desesperada possível. Harry e Draco não sabem explicar mais a razão de não conseguirem estar separados. Não conseguiam evitar brigar, mas tudo o que querem fazer é tocar, tocar e tocar de novo e de novo. Mas como se estão em público? E isso nem faz sentido, certo? Quer dizer, é só raiva acumulada de todos esses anos. Por tudo. É óbvio.

E em consequência, acabaram de castigo diversas vezes, fazendo lição extra e tarefas como, por exemplo, limpar os caldeirões da Sala de Poções. Eca!

E agora, na diretoria, os dois engolem o seco. Harry está com os óculos tortos e um hematoma na bochecha direita, enquanto Draco tem um corte na sua esquerda e os cabelos jogados para todas as direções; gravata fora do lugar. O olhar severo que os está cobrindo parece cansado e desesperado quanto ao caso dos meninos. Um suspiro corta o silêncio pesaroso.

"O que foi dessa vez, Potter e Malfoy?" Ouviram a calma esforçada na voz decidida, e se olharam, desesperados. Eles só... queriam – se sentir – extravasar a raiva. Rivais fazem isso, certo? "Eu não aguento mais vocês dois," a voz grave de consciência e raiva faz com que o sangue deles congele um pouco. Os corações estão rápidos agora.

"Nós... nós só-" Draco começa timidamente, sem saber o que responder. Eles só tinham se encarado alguns segundos antes de voarem um no outro.

"Nos desentendemos," Harry continua tão timidamente quanto Draco, bochechas vermelhas e nervosas; "nos trombamos, e, bem..." não completa, sabendo que todos ali têm a resposta na cabeça, embora somente os dois garotos (não) saibam o que, de fato, provocou a briga.

O suspiro que atravessa os ouvidos juvenis bloqueia suavemente a paz momentânea. "Bom," a voz, agora menos grave, começa; "eu já tomei uma decisão quanto ao caso de vocês." Anuncia severamente. Eles arregalam os olhos. "É algo... clichê, eu diria. Mas realmente não sei mais o que fazer com os dois, rapazes. Enfim. Vocês terão de fazer dupla nas aulas em que dividirem até o final do ano," pronuncia presunçosamente, contente com os rostos pálidos e quase aliviados dos dois, ainda que desgostosos. "Vale lembrar que a nota que um tiver, o outro terá também, visto que, na sala, agirão como um só," continua suavemente, relaxando os ombros e apoiando os cotovelos velhos na mesa de madeira bonita, entrelaçando os dedos das mãos na frente do rosto; "e como é uma punição, a menor nota será a que prevalecerá. Então trabalhem juntos. Se um fracassar, o outro fracassará também." Completa alegremente, os olhos completamente alheios aos significados que passaram na encarada brilhante que os rapazes trocaram. "Dispensados."

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"Isso é tudo culpa sua, Potter," Draco começa vagarosamente irritado. Eles estão no corredor um do lado do outro, andando calmos até demais para a próxima aula, com os ombros batendo e agradecendo completamente silenciosos pelo contato discreto e necessário.

"Por que minha? Eu não fiz nada, Draco," Harry começa sutilmente relaxado, vendo como o menino Malfoy cora um pouco nas bochechas agora, gostando de ser chamado pelo primeiro nome com aquela voz tão bonita. Droga, ele não deveria parecer tão lindinho assim com as orelhas quentes e vermelhas. E uma delas ainda tinha três adoráveis pintinhas...