Capítulo 4

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Enquanto o clima cada vez pior deixa todos em um humor de merda, ele também os deixa em um clima de café. Rye está tão ocupado durante as duas próximas semanas que ele mal tem tempo para nada. Ele pegou um turno extra no sábado para cobrir Leanne, que está de licença a maternidade e não vai voltar tão cedo e Mikey está sempre atrasado porque fica preso caminhando pela neve. Ainda assim, Andy está lá na frente todos os dias, quando ele chega lá, e todas as noites, quando ele vai embora.

A estranheza que os acompanhou na caminhada para casa naquela noite, parece se demorar entre eles, mas não impede Rye de colocar o saco de rosquinhas no estojo de violão de Andy toda noite e não impede Andy de cantar para ele enquanto volta ao café. Isso só os impede de falar. Rye não faz muito esforço para fugir durante seu intervalo, porque ele não sabe oque dizer, e Andy está sempre convenientemente no meio de uma música quando Rye sai.

. . .

A primeira quinta-feira de dezembro é também o primeiro dia em cerca de duas semanas que ele sai. Ele acorda ao som do alarme de seu telefone, mas antes que ele possa desligá-lo e sair da cama, o toque que pôs para Mikey, se faz presente, alto, saltando ao redor das paredes de seu quarto, fazendo sua cabeça doer. Porque eles colocou uma música da Ke$ha como toque? Ele realmente não consegue se lembrar de por que pensou que era uma boa idéia.

Rye aperta o botão para atender e se arrepende disso imediatamente "Dia de neve!" Mikey berra em seu ouvido "Dia de neve! Dia de neve!"

Rye geme e esfrega a mão por todo seu rosto "Quantos anos você tem? Você soa como uma criança de dez anos."

''Deixa de ser chato" Mikey diz sem animação "Eu estou preso no meu apartamento, tipo, literalmente. Nós não podemos abrir as portas."

Saindo da cama, Rye tropeça até sua janela, tremendo com a sensação de seus pés descalços contra o piso frio. Ele não consegue ver a rua; é oque ele nota primeiro. Tudo está branco. É chocante, eles não tem muita neve por aqui, normalmente. Poucos sentimetros durante a estação, por aí. Eles definitivamente não têm tempestades de neve, mas há uma agora.

Os carros na rua abaixo estão cobertos, e a neve parece ir tão alto que seus pneus estão quase enterrados. Além disso, ainda está nevando, não são só flocos bonitos e gordinhos que vem caindo por semanas agora. É um turbilhão branco que lança névoa em tudo, tornando difícil enxergar, mesmo do outro lado da rua.

"Aulas canceladas?" Rye pergunta.

"Trabalho também" Mikey diz feliz "Eu liguei pro Mark depois de descobrir que minhas aulas foram canceladas e ele disse que não há motivo para abrir a cafeteria. Ninguém vai sair hoje se puder evitar."

Rye afunda de novo em sua cama e deixa um suspiro de alívio escapar. Não que ele se importe em trabalhar duro, ele não se importa, é que faz um tempo que ele não tem a oportunidade de ficar só na cama e ele não tinha percebido o quanto ele precisava disso até agora "Ótimo" Rye inspira "Eu vou voltar pra cama."

Mikey boceja "Dois, eu te ligo mais tarde."

"Beleza" Rye murmura "Até, Mike."

Normalmente ele consegue ouvir o som do trânsito fora de sua janela, mas hoje não há nem isso, é como se a neve tivesse o enjaulado, o bloqueando do resto do mundo e fosse só Rye em todo o universo, sozinho em seu aconchegante apartamento, o resto do mundo parou um momento. Ele deleita-se com isso, afunda-se em seus travesseiros e coloca seus cobertores até o pescoço e sorri para o nada, por nada além do fato de que ele está alegremente quente e confortável e que ele não vai ter que se mover por horas.

Tudo isso é arruinado quando alguém bate na porta. Está tão silencioso que ele nem percebe isso de primeira, e quando ele percebe quase pensa que é alguém batendo alto na porta dos vizinhos. Mas a batida vem de novo e de novo. Tão suave que é como se a pessoa batendo não quisesse que ele respondesse.

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