ESTOU SOBREVIVENDO

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A gente se acostuma com a ausência, com o fato de querer perto quando se tem longe. A gente se acostuma com a fraqueza, porque sabemos bem no fundo que não somos de ferro, uma hora caímos para levantar duas vezes mais forte.
A gente se acostuma a dormir cedo porque o peso da vida vem à tona nas nossas costas, nos sobrecarregando de algo que não fizemos nada para merecer. Resta-nos descontar tudo isso apertando o travesseiro enquanto ansiosamente tentamos dormir. Antigamente quando ouvíamos a frase: "não poderei ir", era um compromisso sendo quebrado, laços sendo partidos. Dava uma aflição na alma que logo após pedíamos perdão pelo ato não correspondido.
Hoje em dia a gente entende que é o corre da vida; o café mal ingerido por estar atrasado; o cansaço psicológico; o medo patológico; a angústia por se sentir só...
A gente se acostuma com os sorrisos não recíprocos, com as ligações ignoradas, mas no fundo só queríamos ouvir a voz daquele alguém especial. A gente se acostuma a ser ignorado quando precisava tanto ser notado.  Aprende a lidar com a substituições quando na verdade queria estar no lugar daquela pessoa, não por inveja, mas porque no fundo você sabe o quanto o amava para faze - ló feliz.  Em doses pequenas a gente tenta não perceber , mas vai afastando uma dor aqui,  um ressentimento ali , uma visão caótica.
Ao acordar e refletindo fixamos o olhar no espelho pra enxergarmos que não somos robôs, possuímos sentimentos extraordinários tentando não excluir nossos defeitos totalmente , talvez lá na frente ele possa servir como uma defesa pra ofensas alheias. ...Evitando feridas , sangramentos nas recordações , palavras tóxicas. 
A gente se acostuma demais para não sofrer, pois a adaptação da realidade se tornou um motivo de sobrevivência. E eu posso dizer: estou sobrevivendo. 

Desatando NósOnde histórias criam vida. Descubra agora