18 de janeiro de 1854

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1:02 AM
Acabei caindo em uma breve soneca de no máximo 2 horas, porém ao acordar não sinto a pele quente do Calum ao meu lado, abro os olhos e ele provavelmente já se foi faz algum tempo, então me levanto para vestir de volta todo o meu traje, confesso que é bastante complicado fechar os botões do meu vestido sozinha, e colocar de volta meu cabelo numa trança igual a de antes é uma hipótese quase impossível, porém tive que ao mínimo tentar, não tem possibilidades da minha maquiagem ainda estar intacta em meu rosto agora, quando vou pegar minhas luvas e meu leque acima da cômoda, vejo que o estrangeiro deixou um bilhete.

"Sra. Cooper, anseio vê-la novamente.
Acacia Avenue, 58.
Parabéns pelo quadril."

Não consigo conter o riso quando ele fala sobre meu quadril, é como se eu quase me sentisse uma moça jovem e solteira novamente. Dobro o bilhete ao meio e guardo na lingerie. Abro a porta devagar para ela não rangir e a fecho da mesma forma, ando até o salão e pouquíssimas pessoas ainda estão aqui, porém por sorte Charles me parece bêbado demais para ter percebido que sumi por tanto tempo.
"Querida, onde estava?" Charles fala entre gargalhadas que dava conversando com mais dois amigos.
"Não me senti muito bem, tomei uns remédios na enfermaria e dei um cochilo, me perdoe" Minto mas sei que ele nem sequer vai lembrar disso amanhã.
"Tudo bem, você está com febre?" Ele fala passando a mão em minha testa.
"Não, já estou bem, deve ter sido algo que comi"

8:12 AM
Acordo e quando me sento em nossa cama vejo que meu marido mandou deixarem em nosso quarto, logo num pequeno sofá de um verde claro já apagado com os anos em frente à cama, uma bandeja com algumas frutas, café, pães, e leite. E logo ao lado um bilhete dele com algumas notas de dinheiro ao lado.

"Fui ao trabalho, espero que se sinta melhor após o ocorrido de ontem, volto somente durante a noite, saia para saborear um chá com algumas amigas, Sra. Smith a elogiou muito durante o baile, chame-a."

Peguei as notas, comi algumas uvas roxas e maçãs, e bebi o café, pedi para uma ajudante preparar a banheira enquanto decido que vestido usarei na tarde de hoje.

9:40 AM
Visto um vestido branco com manga longa e alguns babados, salto baixo e um grande chapéu de palha para me proteger do sol, combinando com minha pequena bolsa, não uso maquiagem casualmente.
Comprimento todo o comitê desejando-os um bom dia, levo meu pequinês comigo e vou em um táxi até a Acacia Avenue, a rua é de classe média alta porém sempre foi limpa e aconchegante, gosto da sensação daqui porém não conheço muitas pessoas que moram nela. Quando chego procuro pela casa 58 discretamente, quase que pelo canto do olho, enquanto passeio com meu cão pequinês chamado Arthur.
"Bom dia Sra. Cooper" Uma mulher que não me lembro de conhecer, mas tem um rosto familiar, me cumprimenta.
"Bom dia!"
Enquanto ando pela rua vejo que se destaca de longe uma casa alta, de madeira escura rústica, extremamente bela e provavelmente a mais rica nessa rua, e para minha surpresa tem o número 58. Passo em frente à ela minuciosamente para que ninguém note que vim aqui com esse propósito. As janelas estão abertas e consigo ver daqui cortinas finas balançando na cor amarela, apesar da casa ser escura por fora parece ser bem iluminada por dentro, ando em passos largos até a porta, toco na campainha e volto ao outro lado da rua, como se não tivesse feito nada.
Há poucas pessoas passando por aqui essa hora, mas serei extremamente cautelosa com minhas ações. Depois de alguns minutos finalmente um homem de pele parda e bochechas coradas, alto, de olhos puxados inconfundíveis e cabelo preto bagunçado, com a luz esbranquiçada atrapalhando sua visão e ao mesmo tempo o fazendo aparentar tão harmonioso, ele nem sequer veste uma camisa ainda, somente calças pretas e meias brancas. Quando sua visão parece melhorar, ele me vê e se encosta na parede da porta, olha para um lado da rua e depois para o outro.
"Sra. Cooper! Como vai? Entre para tomar um chá ou um café!"
"Que surpresa Calum! Não sabia que morava aí!" Falo alto com a intenção de que escutem e a cena não pareça tão estranha, e entro com passos calmos em sua casa, carregando uma expressão tranquila e despreocupada em meu rosto, para não levantar suspeitas.
Ele logo fecha a porta, rindo baixinho de nossa atuação improvisada e ainda coçando os olhos como se tivesse acabado de se levantar da cama.
"Oh, me perdoe se te acordei!"
"Não se culpe Rose, me colocou para dormir noite passada também, lembra-se?"
Um sorriso surge quando lembro do que fizemos.
"Sei tão pouco sobre você!" Falo mudando de assunto e colocando meu chapéu e minha bolsa no móvel ao lado da porta, como já havia previsto a casa é iluminada por dentro, a sala de estar é ampla e tem o piso em mármore, os móveis são todos brancos em modelagem vitoriana, a não ser o piano preto no canto direito no fundo do cômodo.
"Deveríamos nos reapresentar, certo?"
"Concordo"
"Prazer, Calum Hood, 23 anos, atualmente trabalho como escritor, escrevendo meu terceiro livro, porém todo o meu pouco luxo foi herança de meu pai"
"E sua mãe? Ela está aqui?"
"Sou filho único e ela está internada numa clínica na Austrália, não lidou muito bem com a morte do marido"
"Oh. Prazer, Rose Cooper, 24 anos, casada com o barão de café da cidade"
"É assim que se define Rose?"
"Como deveria me definir? Acho que sim" Não consigo entender o objetivo da pergunta dele.
"Você não é definida pelo homem com quem casa, me conte sua história, quem é sua família, quais são os seus sonhos!" Calum fala indo até a cozinha para preparar chá e o sigo.
"Nunca pensei sobre isso, não sei se tenho uma história" Falo me encostando na bancada cromada.
Calum sorri e me olha.
"Óbvio que tens, de onde veio?"
"Na verdade, sou austríaca, porém criada aqui" Menciono rindo.
"Interessante Rose! Está progredindo, quem são seus pais?"
"Sr. e Sra. Baumgartner, somente donos de algumas pequenas terras, meu pai está em portugal com uma nova mulher depois que mamãe faleceu, mas estou feliz por ele!"
"Mais um progresso Rose!" Ele fala colocando o chá verde nas xícaras e me entrega a minha.
Bebo alguns goles do meu chá e está ainda mais fantástico do que os que preparam em minha casa, forte como eu aprendi a gostar.
"Fica linda assim" Calum fala baixinho, quase como se fosse um segredo.
"Assim como?"
"Existindo" Ele me faz rir, quase me engasgando com a bebida quente.
"Fica lindo assim"
"Assim como?"
"Quase despido de roupas"
Calum coloca a xícara acima da bancada, se aproxima, e me beija como se estivesse somente esperando uma desculpa para essa ação. Me impressiono como seus lábios e suas mãos podem ser ainda mais quentes que o chá que estavamos bebendo. Coloco minha xícara ao lado da dele e subo minhas mãos pelos seus cabelos escuros.
Calum me pega no colo pelas coxas subindo as largas escadas até o seu quarto, ele me coloca encima da cama que nem sequer já estava arrumada.
"Você vai tirar meu vestido de novo?" Meu corpo pede desesperadamente pelo dele desde que o vi abrindo a porta de casa, ou desde que dancei com ele ontem a noite.
"Dessa vez não acho que haja necessidade Rose" Calum sussurra fazendo com que eu me sinta frustrada, mas se ajoelha em frente a cama e tira meus saltos.
Ele abre minhas pernas e sobe somente a saia do vestido até a curva da minha cintura, puxando a lingerie molhada de lado e passando a língua por mim, ele faz isso de uma forma única, talvez estrangeira. E eu não posso olhar o rosto dele entre minhas pernas sem que essas sensações aumentem consideravelmente. O fato é que ele é tão bom no que faz que temo me tornar dependente, porém como uma boa moça tenho que controlar o que ando consumindo para que não me faça mal.
Os cabelos do Calum suam e suas mãos apertam minhas coxas, fazendo com que minhas pernas tremam involuntariamente, ele me olha de um jeito que só o vejo me olhar na cama, com seus olhos amendoados que só realmente pude descobrir que eram amendoados durante a luz do dia, a língua dele encontra meu ponto de prazer e eu mexo meus quadris para cima e para baixo com a esperança de que ele a mexa cada vez mais rápido, e ele o faz. Eu preciso que ele me faça sentir como ontem. 
O estrangeiro introduz dois dedos que quase fervem enquanto usa a língua e eu não consigo ficar calada ou segurar quando a onda de êxtase que me atinge, ele me faz gozar tão rápido. Calum deita ao meu lado e lambe os dedos.
"Eu disse que não precisava tirar a roupa"
Me viro de lado e passeio com a ponta dos meus dedos pelo contorno do perfil de seu nariz, descendo para a boca e em seguida descendo até seu pescoço, na medida que vou me acostumando com seus traços exóticos vou aprenciando-os cada vez mais. Não duvido que somente ao me olhar ele conseguiria me causar orgasmos.  Ele se vira de lado e passeia com os dedos dele pela curva do meu ombro subindo até meus cabelos castanho claro, e penteando-os com a mão.
"Comecei a escrever aos 14, não sabia se saberia ler meu bilhete"
"Aprendi a ler com meu pai, teoricamente não era algo que eu deveria saber fazer"
"Nunca conheci outra como você"
A pele dourada dele brilha com a luz do sol que entra entre as cortinas. Ele se aproxima e me beija lento, dessa vez sem pretensões, um beijo puro, doce, macio, sem pressa, quase como um sonífero, uma enrascada sutil, mesmo que eu ainda consiga sentir meu gosto em sua boca.
"Vamos fazer uma promessa" Eu sussurro em meio ao beijo.
"Que promessa Rose?"
"Não passa do prazer"
"Não passa do prazer" Ele sussura de volta, teríamos que ser impetuosos com nós mesmos, mas era a única estrada possível, e ainda assim estreita. A luxúria é obscura justamente por não saber o que é o correto.
"Tira a roupa para mim" Provavelmente não seria pedir muito agora.
Calum se levanta da cama, tirando as meias e em seguida a calça que desce pelo corpo dele me causando um debate mental se já vi cena mais bela que essa. Eu me levanto e dessa vez abro meus próprios botões, tiro minha própria lingerie, e em seguida deitamos de volta na cama, repousando ao seu lado, ele passa a mão pesada e macia pelas minhas costas, bem pelo vinco criado no meio delas, pelos meu ombros, como nós redesenhassemos nossos corpos repetidamente, carícias deploravelmente adoráveis numa linha tênue entre o prazer e a paixão. Chega a ser etéreo qualquer movimento de Calum Hood, adormecemos assim.

04:50 PM
Quando me acordo ainda sinto a pele do estrangeiro, abro os olhos e vejo o seu rosto tão livre de preocupações ou qualquer desespero, assim com os olhos fechados e a boca entreaberta, os braços grossos em minha volta e o corpo nu coberto somente do quadril para baixo, ele se assemelha a um anjo, definitivamente um ser de energia em uma vibração que nunca sentira.
Tiro seus braços do meu corpo, levanto com cuidado para que não incomode o sono dele, a última coisa que gostaria agora seria acabar com esse momento tão bonito e singelo. Me visto rapidamente e desço as escadas devagar para que meus saltos não façam tanto barulho, meu pequinês dorme perto do piano preto na sala, então o pego no colo e coloco meu chapéu e minha bolsa que deixara ao lado da porta, saio de cabeça baixa para que ninguém me reconheça e caminho até a avenida mais próxima para chamar um táxi.

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⏰ Última atualização: Jul 16, 2019 ⏰

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Estrangeiro | C.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora