🌧 // segunda parte

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“Chani-ah, você lembra o que o diretor disse no primeiro dia de aula?” Taeyang, o colega de quarto do estudante calouro, perguntou com toda a calma do mundo, olhando para a situação de seu cabelo no espelho da cômoda. Como não recebeu uma resposta, o loiro se desprendeu do foco inicial para observar o reflexo de Chanhee no canto do espelho, ainda sem o paletó do uniforme e apenas uma das meias brancas nos pés. Toda a concentração do garoto estava voltada para o notebook em seu colo e, obviamente, ignorou o chamado de Taeyang porque ambos os fones estavam presos aos ouvidos. O Yoo suspirou, soltando a escova e se aproximou devagar, não sendo notado até puxar os fones de Chanhee, irritando-o.

“Aish... Hyung! Eu estava um pouco ocupado aqui!” Chanhee começou reclamando, sua voz de tom baixo enchendo todo o cômodo apertado para dois. Então a cara amarrada deu lugar aos olhos arregalados de surpresa ao perceber que o colega de quarto já estava praticamente pronto para as aulas, muito diferente dele. “A aula, eu esqueci completamente!”

E Taeyang riu, voltando a penteadeira para alinhar os fios rebeldes do cabelo, usando a imagem de Chanhee correndo de um lado para o outro no intuito de encontrar o outro par das meias como diversão. “Agora vocês moram a menos de 50 metros do prédio das salas de estudo, não aceito desculpas para atrasos.”

O mais novo bufou, encontrando a meia debaixo da sua cama. “Eu sei muito bem o que o diretor falou no primeiro dia de aula, Taeyang hyung!”

“Oh, o quê? Não, não.” O Yoo sorriu para o próprio reflexo antes de puxar a mochila do chão, colocando as alças dela sobre os ombros. “Eu estou apenas lembrando isso ao meu amigo Taeyang do outro lado da vida.” Ironizou e Chanhee revirou os olhos, também pegando sua mochila. Ele ainda arrumou um segundo para guardar o notebook e dar alguns puxões no forro da cama. Taeyang esperou que ele fizesse isso tudo para sair e perguntar: “Podemos ir?”

O Kang lhe ofereceu aceno positivo da cabeça e após trancar a porta do quarto, eles seguiram lado a lado com passos mais ágeis até o prédio do colégio.

Ainda na metade do caminho, Chanhee buscou os fones de ouvido no bolso da calça e os acoplou no smartphone, passando o dedo na tela até encontrar o álbum que agora fazia parte da sua biblioteca de músicas. Taeyang prestava atenção ao percurso, acenando para alguns garotos que passavam por eles vez ou outra, quando sentiu os passos do colega ficando mais lentos.

Discreto como sempre, o loiro diminuiu a velocidade de seus passos até ter os olhos examinando com cuidado o que fazia Chanhee digitar com tanta fúria. Era algo inconveniente a se fazer, mas ao ver a foto de um famoso rapaz encher a tela, Taeyang entendeu que era preciso.

Não era a primeira vez que ele dividia o quarto com um colega, mas o antigo não era tão ligado a música e seus talentos quanto Chanhee. Do tipo ligado a ponto de acompanhar a todos os desempenhos de Taemin, comprar seus álbuns e passar horas escrevendo ou falando de seu amor pelo artista nas redes sociais. E o Yoo até que gostava disso, dessa paixão incontrolável de Chanhee pelo cantor e vendo como isso não afetava nenhum pouco a vida escolar do garoto - desconstruindo o mito que muitos pais espalhavam uns para o outros -, aproveitou para incentivá-lo a falar mais.

“Ei Chani, o que está acontecendo?” Bateu no ombro do menor, chamando sua atenção. O Kang bloqueou o celular rapidamente e o guardou no bolso, sorrindo sem mostrar os dentes.

“Ah, é que Taemin hyung lançou um álbum novo e estou comentando sobre a qualidade das músicas com meus amigos virtuais.”

“Virtuais?! Isso não é perigoso?” Chanhee negou.

“Na maioria das vezes, não. Mas não se preocupe que não estou dando todas as informações sobre mim a eles. Para se ter um amigo virtual, o básico a saber sobre cada um é nome, idade e gosto musical.” E sorriu novamente. “Ei, hyung, você quer escutar comigo e comentar o que achou? Assim é mais um feedback para postar nas páginas de pesquisa.”

Taeyang assentiu, prestes a pegar o fone de ouvido da mão alheia quando seu lugar foi roubado por Rowoon. Literalmente roubado porque foi empurrado sem dó ou piedade para a margem do caminho enquanto o Kim do último ano pegava o fone e o colocava no próprio ouvido, sorrindo amplamente para Chanhee.

“Bom dia, Chani-ah! Fiquei sabendo que você estaria bastante ocupado esta manhã e achei que iria precisar da minha ajuda.” O mais velho dos três saudou, passando seu braço ao redor dos ombros de Chanhee naquele ato tão familiar, só que desta vez o puxão sendo completo, com direito a abraço de lado e uma caminhada bem desconfortável para o Kang. Rowoon estava tão feliz em vê-lo que nem percebeu a careta alheia pelo aperto, muito menos Taeyang ao seu lado, rindo da imagem. “Oh, bom dia para você também, Yoo Taeyang-ssi!”

“Bom dia, sunbaenim.”

E ele não demorou a compreender que a chegada do Kim significava privacidade para os dois - já que estava sendo completamente ignorado ali -, por isso  pigarreou alto para interromper a conversa desnecessária que estava se seguindo sobre o cabelo impressionantemente cheiroso de Chanhee e falou: “Eu preciso correr para a minha aula com a senhorita Junghye, até qualquer hora, sunbaenim. Até mais tarde, Chani.”

Quando o pequeno balançou a mão em despedida, indicando que não se importava de Taeyang sair na frente, Rowoon viu a oportunidade perfeita para iniciar a conversa que havia ensaiado quatro vezes antes de sair à procura do Kang.

“Então, eu gostei dessa nova música de Taemin-ssi, acho que foi uma boa escolha para título.” Comentou num tom desinteressado, porém, as palavras foram certeiras ao ouvido livre de Chanhee, fazendo-o se soltar do aperto do abraço e dar dois passos para ficar de frente ao maior.

“Sério?” Seus olhos pareciam brilhar, maiores do que o normal pela surpresa de ouvir Rowoon falando de seu ídolo. “O hyung acha mesmo isso?”

“Claro que sim! E a coreografia cheia de movimentos leves, mas impactantes? Taemin nunca decepciona.”

Naquele momento, quando o sorriso doce de Chanhee ocupou seus lábios e a mão dele agarrou-se ao do Kim, entrelaçando os dedos, o maior soube que estava conquistando seu garoto não pela barriga - como naquele velho ditado - e sim pelos ouvidos.

ao som de flame of love ✧ rochanOnde histórias criam vida. Descubra agora