MARSHMALLOW

FAZ ELA FELIZ

Ponto de vista do Jake

Durante todo o último mês tenho visto aquele gavião em cima dela e isso tem sido muito difícil para mim porque ela dá atenção a ele. Eu sou capaz de ver tudo, vejo a forma como ela trata ele, os olhares, os sorrisos, ela sempre sorri para ele.

Quando ele entrou na sala pela primeira vez eu sabia que ele seria um problema, passei o último mês jogando todo o tipo de pragas sobre ele, amaldiçoando todas as suas gerações, mas a verdade é que eu só estou com muito ciúmes e muito medo de perder ela. Eu sei que a culpa não é dele, é minha. Eu que fiz besteira e pedi a mulher que eu amo, se eu tivesse contado para todo mundo sobre nós poderiam aparecer quantos gaviões quisessem e ela ainda estaria comigo.

Entro no quarto dela e seu perfume me acerta como um soco na boca do estômago, invade minhas narinas e me deixa todo arrepiado. Como eu amo esse cheiro, como eu amo essa mulher! Olho envolta e todas essas versões da minha Lily me fazem sorrir. A coisa mais linda que Deus já criou.

Eu ainda vou esperar ela largar todos os dias e no último mês tem sido muito difícil. Tem sido insuportável ver meu marshmallow nos braços de outro, ele sempre está na lanchonete e quase sempre espera ela largar para levar ela para casa. Meu coração se aperta toda vez que eu vejo ela subir naquela moto, primeiro porque eu tenho medo que ela se machuque e segundo porque eu sei que a cada dia ela está mais perto de se apaixonar por ele, talvez já tenha se apaixonado.

Olho a hora e vejo que já está perto dela largar, saio do quarto e pego minha carteira e minha chave saindo de casa, desço pela escada depois de fechar a porta, a lanchonete não fica tão longe daqui, quando mamãe procurou esse apartamento ela pensou em tudo, só escolheu lugares que eram perto para facilitar nossa movimentação. Essa hora não tem trânsito então posso dirigir calmamente sem me preocupar, entro no carro enquanto vou pensando que já está na hora de contar para meus pais o motivo pelo qual Lily nunca voltou para casa. O sinal fecha e olho para o lado, bem em minha direção um casal que não deve ter mais que dezesseis anos estão sentados em um banco enquanto o garoto coloca sorvete na boca da menina, apesar de não ter nenhuma semelhança física, esse casal me lembra tanto meu marshmallow e eu mais novos.

Eu era tão feliz, como pensei que poderia existir algo melhor que aquilo?

O som da buzina do carro de trás me desperta e acelero enquanto ele passa por mim xingando, viro a esquerda e já avisto o letreiro da lanchonete, como não vou descer eu paro do outro lado da rua e desligo o carro, agora é só aguardar, não falta muito para ela sair. Eu faço isso a tanto tempo que já é automático, é parte do meu dia. Pego meu celular e mando uma mensagem de boa noite para meus pais, depois ligo o rádio e fico ouvindo uma música country antiga enquanto olho para a lanchonete. Não demora nem cinco minutos e os clientes vão saindo, o gavião é o último e não consigo evitar fechar a cara, mesmo que ele não me veja. Ele caminha até a moto e se recosta esperando. Se passa mais alguns minutos e os funcionários começam a sair, ela vem soltando os cabelos do rabo de cavalo meio distraída, a mochila em um ombro só e sorri olhando para o chefe.

Tão doce, tão linda! Mesmo que ela não olhe mais na minha cara, pelo menos ainda posso ver ela sorrir para outras pessoas!

Cada um vai seguindo seu caminho e ela vai na direção do gavião, ele sobe na moto e ela coloca a mochila no outro ombro, se apóia nele, mas antes de subir olha em minha direção, nossos olhares se cruzam por uma fração de segundos e depois ela sobe na moto se acomodando. Ligo o carro enquanto ele manobra para fora do estacionamento e quando ele arranca, eu vou atrás. Vou acompanhando eles não muito de perto, mas o suficiente para não perder de vista.

Não gosto nada da forma como ele corre, me deixa apreensivo, os cabelos dela voam para todo lado enquanto tenho a impressão que ela se segura nele com força, mas não demora muito e já estamos na rua onde ela mora. Ele para em frente ao prédio e eu paro um pouco mais distante. Fico vendo ela descer da moto e olhar em volta me procurando, mas não parece me notar, meu coração se apertando quando vejo ela virar para ele e sorrir enquanto ele estica a mão e acaricia o cabelo dela meio bagunçado por causa do vento, quando ela vai lentamente parando de sorrir, sei o que vai acontecer, minha garganta se fecha e minha cabeça começa a girar...