NOS BRAÇOS DE ADAM

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Adam não fez nenhuma referência sobre o acontecido na lanchonete e fiquei grata por isso, não queria mentir, nem omitir nada dele, mas não estava pronta para responder caso ele perguntasse sobre toda aquela história com o falecido e meus amigos. Depois da correria inicial o dia foi tranquilo, tivemos muitos pedidos, muita louça suja, mas conseguimos finalizar bem o dia. Depois de lanchar e matar o tempo aos poucos a maioria do pessoal da universidade foi embora.

Acabamos de chegar na minha casa, como temos feito nos últimos dias, Adam ficou me esperando largar, na verdade ele sumiu no começo da noite mas quando eu larguei estava ao lado de sua moto me esperando com os cabelos úmidos, cheirando a perfume e loção pós-barba. Ele me convidou para jantar, mas depois da minha careta e reclamação que precisava de um banho ele aceitou comprar comida e trazer para minha casa.

__ Fica a vontade, eu vou só tomar um banho!

__ Tá bem!__ Ele sorri discretamente.__ Pode ficar a vontade, eu vou aproveitar para olhar os desenhos!

__ Depois eu quero ver!

__ Lily...

__ Você prometeu!

__ Tudo bem!__ Ele fala negando meio contrariado, parece não querer me mostrar os desenhos. __ Depois do jantar eu mostro!

Compramos comida indiana no caminho para cá e estou um pouco ansiosa, adoro comida indiana. Vou até minha cômoda e pego um pijama e peças íntimas, caminho para o banheiro me livrando do tênis, preciso muito tirar essa roupa suja e o cheiro de fritura da minha pele. 

Enquanto tranco a porta e me dispo não consigo evitar pensar na tarde de hoje. Principalmente em Ava, não entendia muito bem porque ela estava agindo dessa forma, mas agora pensando com mais calma sou capaz de deduzir o que se passa na cabeça dela. Eu cheguei a achar que ela estava defendendo o falecido, no entanto Ava nunca foi amiga dele e Henry não seria motivo para fazê-la esquecer tudo que ele me fez. Então a única explicação para mim é que ela está tentando analisar as reações dele, conhece-lo melhor. 

Eu sei que Adam está me esperando mas não consigo evitar de me demorar no banho, a água está morna na temperatura certa e o cheiro do meu shampoo de uva me relaxa.

Uma batida na porta me desperta e desligo o chuveiro me apressando para sair.

__ Você se afogou?

__ O que você faria se tivesse acontecido?__ Falo me secando.__ Ia me salvar?

__ Com certeza! Primeiro eu ia arrombar a porta e depois...

Ele deixa a frase morrer e até consigo imaginar a cara que ele está fazendo. Termino de me vestir e abro a porta, não consigo conter o sorriso quando o encontro deitado no chão, bem a minha frente.

__ Parece que não foi preciso eu usar meus dotes de salva vidas dessa vez!

__ Pois é!

__ Uma pena!

__ Concordo!__ Falo passando por cima dele.__ Você vai me mostrar os desenhos agora?

__ Não! Agora vamos comer!

__ Por favor! Eu estou muito ansiosa para ver!

__ Tudo bem...__ Ele fala se levantando.__ Mas não vou mostrar todos, só alguns!

Me sento na minha cama e seco meu cabelo enquanto ele caminha até a poltrona e pega sua pasta, quando se vira e vem em minha direção seu olhar é tão intenso, tão sério que fico meio nervosa e começo a sorrir. Ele se senta ao meu lado e abre a pasta, tira alguns papéis de dentro e me estende sem falar nada, mas seus olhos não saem de mim. Minhas mãos tremem um pouco enquanto pego os papéis e respiro fundo espalhando os desenhos sobre a cama antes de olhar.




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