ONDE ELA ESTÁ?

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Durante muito tempo achei que seria difícil contar toda a verdade, mas inexplicavelmente foi libertador.  Agora todos sabem o lixo de ser humano que eu sou e eu não poderia me importar menos. Não sei o que eu pensava que ia sentir quando todo mundo descobrisse toda a verdade, tive medo do que as pessoas pensariam de mim e acabei pagando um preço muito alto. Eu tive muita vergonha de admitir para as pessoas que eu era só um babaca que largava a namorada por bobagem, que permitia que tirassem brincadeiras de mal gosto com ela sem defendê-la, mas só me toquei que nada era mais importante do que a Lily quando eu a perdi. Não tem nada que eu possa fazer para mudar isso, eu errei muito e nunca vou conseguir me redimir. Agora a única coisa que posso fazer por meu marshmallow é deixa-la em paz. Sair da sua vida para que ela possa encontrar um pouco de paz e felicidade. As pessoas que estavam no auditório vão se encarregar de espalhar a história e ninguém vai voltar a perturba-la, pois agora sabem que não vou permitir mais brincadeiras e o Brian não tem mais motivos para continuar com as idiotices, uma vez que todo mundo já sabe a verdade. Hoje realmente tive a certeza que nossa amizade acabou, eu já não estava falando com ele desde aquele maldito jornal falso, mas hoje eu percebi que o intuito dele não é só irritar a Lily e fazer ela se afastar de mim porque acha que não devemos ficar juntos, o que ele quis foi expor a minha Lily, fazer ela sofrer e por mais que eu pense não consigo entender o motivo. Não entra na minha cabeça que alguém seja capaz de não gostar de uma garota tão doce e gentil quanto meu marshmallow!

Saí do auditório me sentindo quebrado, relembrar o sequestro é algo muito doloroso para mim. Foram os piores dias da minha vida e até hoje não consegui superar. A morte do Carter foi uma dor insuportável e por incrível que pareça me agarrei a ela para não pensar nas outras coisas, porque perder alguém que você ama é uma dor real demais e foi isso que me manteve são! Mas nem essa dor foi capaz de manter as outras dores afastadas, eu passei vários dias sem conseguir dormir pois toda vez que fechava os olhos eu me lembrava do que tinha acontecido e quando conseguia dormir acordava aos gritos, depois de pesadelos tão reais, que me deixavam aterrorizado. Fiz acompanhamento psicológico e psiquiátrico durante quase dois anos e tive que tomar medicamentos para dormir durante um tempo e embora eu já tenha sido liberado pelo médico do remédio diariamente, eu ainda tenho pesadelos as vezes e quando não consigo dormir eu ainda tomo algum medicamento.

Não sei como consegui dirigir para chegar em casa ontem, quando dei por mim eu já estava aqui, embaixo do chuveiro, ainda de terno  e sapatos. Eu fui para o quarto dela e fiquei lá olhando suas fotos até pegar no sono, mas sonhei com ela chorando debruçada sobre o caixão do pai, enquanto alguém a espionava de longe e acordei. Não consegui voltar a dormir então vim para o terraço que mamãe fez para ela, onde estou até agora. Eu já coloquei água nos pequenos vasos de flores que ela comprou e colocou aqui da última vez que veio e agora olho para eles lembrando do sorriso feliz que ela tinha no rosto ao espalha-los por todo o lugar, já que o apartamento dela era pequeno demais para que ela tivesse um jardim.

Não fui para a universidade hoje, não era uma fuga, eu sabia que seria o assunto durante muito tempo, mas eu ainda estava quebrado, meu corpo doía como se eu tivesse levado uma surra e eu queria ficar um pouco sozinho, não que eu tivesse muitas coisas para pensar, tudo estava muito claro, eu tinha perdido a Lily para sempre, eu precisava continuar os estudos até me formar e depois voltar para Los Angeles, mas hoje eu não queria ver ninguém. Amanhã eu voltaria para a universidade e seguiria em frente. Só tinha mais uma coisa que eu precisava fazer hoje, contar aos meus pais porque Lily não voltou para casa nos últimos dois anos e depois aceitar o fato de que eles também nunca me perdoariam pelo que fiz.

Eu esperei até a hora do almoço porque sei que papai estará lá, ele tem ido almoçar em casa quase todos os dias desde que Lily e eu vinhemos para Yale pois mamãe se sente muito só. Procuro na lista o número de papai e aperto para chamar.

MARSHMALLOWOnde histórias criam vida. Descubra agora