Capítulo 38

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Os dias se passaram e o pessoal de Los Angeles já havia ido embora. A rotina de Amy foi a mesma: acordar cedo, levar as crianças na escola, ficar com Kate e dar os devidos remédios e ainda estudar durante boa parte da madrugada, porque tinha uma prova chegando e se tirasse uma nota baixa, Kate ficaria se sentindo mal e culpada por isso. No meio de tudo, tirava um tempo para ajudar Meghan com detalhes do casamento, fazer as provas do vestido e preparar um discurso.

E o dia do ano mais temido por Amy havia chegado: O dia das mães, que na Inglaterra se comemora no segundo domingo de março. Ela se perguntava como alguém passa o dia das mães não tendo mãe ou filhos. Ela nunca gostou dessas datas comemorativas, porque envolviam trocas de sentimentos e, nisso, não era boa.

Por ser o primeiro sem a mãe dela, todos estavam preocupados e extremamente atenciosos com ela.

Kate: Tem certeza de que está bem?

Perguntou, depois de ter tomado café da manhã com Amy e os filhos, tendo recebido vários presentes feitos à mão por George e Charlotte.

Amy: Sim. Prometo não voltar tarde. Não sei como tia Sam me convenceu a fazer isso.

Amy se despediu da tia e foi encontrar com Sam, que a esperava no carro com o motorista.

Sam: O primeiro ano é sempre mais difícil. Mas, pense pelo lado bom, você ainda pode comemorar o dia dos pais.

Amy: Eu sinto muito.

Sam: Já me acostumei.

O motorista as deixou na entrada do cemitério e vários seguranças cercavam o local.

Sam: Essa é a parte da nossa família.

Ambas carregavam um buquê de flores, depositando no túmulo de suas respectivas mães. A partir daí, um silêncio se instalou, cada uma tendo um momento a sós com suas falecidas mães.

"Eu nunca te dei valor, por achar que você era uma péssima mãe. Tirei conclusões precipitadas de uma conversa que eu nem deveria ter escutado. Sinto muito por cada vez que gritei com você e te acusei de coisas que eu jamais me perdoarei. Você foi uma boa mãe, do seu jeito. Fez o principal: esteve lá quando eu precisei. Eu me lembro daquela vez que caí e tive que levar pontos na cabeça... Você saiu de um compromisso com o presidente do México só para estar lá, segurando a minha mão. Você sabia como me proteger, como me acalmar, como ser mãe. Eu sou tão grata a você, por ter me proporcionado tanta coisa ao longo da vida. Me arrependo tanto de não ter percebido isso a tempo... Mas me arrependo mais de nunca ter dito "Eu te amo", porque eu te amo demais, saiba disso. Eu realmente espero que você esteja em um lugar melhor agora. Só não entendo a sua escolha de esconder a sua doença de mim. Você poderia ter me contado, assim, talvez eu não tivesse metade dos arrependimentos que tenho. Eu vi suas palestras falando sobre os direitos das mulheres e sobre nossos méritos ao longo da história... Você era extraordinária. Amo você.

Sam: Você sabe porque, às vezes, ela encerrava a ligação na sua cara?

Amy: Não.

Sam: Ela só fazia isso quando saía das sessões de quimioterapia.

Amy: Ela passava mal...

Sam: Ela lutou para viver, para ficar com você...

Amy: Então por que ela não veio para Londres?

Sam: Não foi pelo pedido do seu pai, ela não era o tipo de mulher que era subordinada a homens, e os médicos que disseram que conseguiriam ressecar o tumor estavam mentindo, só para fazer ela se sentir culpada por não ter voltado. Ela foi em vários médicos. Eu fui a primeira... E, Amy, eu sou a melhor, no momento que eu vi aqueles exames, eu já sabia que era inoperável. Mas eu não queria perder a minha irmã mais velha, não confiei na minha capacidade e fiz a Ava se desgastar cada vez mais, indo de um médico pra outro. Eu tenho residência em neuro oncologia, o que é quase uma ironia, saber que eu não pude salvar ela, é difícil.

Simplesmente PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora