Um Asura Rastejando no Éden

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Um cristalino rio fluía, seu som, junto dos cantos dos pássaros, criando uma graciosa e natural melodia que se propagava pelo paraíso. O vento soprava, acariciando as folhas das árvores e os pelos branco-prateados do cervo. Nas nuvens, anjos brincavam como doces crianças inocentes o fariam. Voavam pelos céus, dançavam e, com suas jovens vozes, cantavam e riam.

Mas àquela altura, naquele agradável sonho, uma serpente rastejava até o jardim. Serpenteando, sutil, sibilando. Quem a notaria adentrando o mais puro dos lugares?

Ao longe, um grito preenchido do mais puro desespero ressoou. Toda a música do ambiente cessando e a atenção de todos se voltando para o jovem anjo que corria desesperado, tropeçando e caindo uma vez ao longo do percurso até os outros.

Com seus olhos inundados em lágrimas, insistente ele apontava para uma enorme árvore de madeira branca e folhas que, outrora douradas, agora assumiam uma tonalidade acinzentada e caíam ao chão.

A serpente de escamas negras e levemente avermelhadas se contorcia debaixo da árvore que morria lentamente, sua boca se escancarando até os limites e trazendo para fora um ser banhado em um líquido pegajoso e amarelado.

 Já no chão, a criatura se levantou. Com seus seis braços, pele do mais vivo carmesim e seus três rostos — cada um carregado de uma expressão: felicidade, tristeza e raiva —, trazendo o mais absoluto frio e terror. 

O ambiente assumiu um tom ameaçador, o ar ficando pesado e a anterior música da natureza se transformando em uma terrível cacofonia. Subitamente, uma forte nevasca começou a devastar o local. Esta levando consigo o Cervo, que, indefeso, fora carregado pela ventania gerada.

...

Impacto e então, não obstante, o frio.

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