Sentimentos Confusos

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Louise Swan

Quando eu ouvi o barulho do sinal, algo dentro de mim se agitou. Eu senti meus olhos se arregalarem e minha garganta se comprimir. Então eu levantei da cadeira em que estava sentada e sai correndo dali, sem olhar para trás. Dor física nenhuma parecia importante agora, a única dor que realmente podia ser sentida por mim naquele momento era a crescente dor em meu peito.

Eu sabia que estava surtando novamente. Eu sabia que aquela não era uma atitude racional. Mas é assim que um surto funciona. É como um fechamento mental — às vezes sentimental — num estado crítico, perturbador e assustador que te faz acreditar que algo é mais perigoso ou grave do que de fato é. Mais um dos presentes da depressão.

Sabe, uma coisa que nunca te contam sobre a depressão é que ela não tem hora. Ela é sempre silenciosa, se arrastando até você sorrateiramente e te prendendo em seus braços degradadores. Ela te derruba, te machuca e te corrompe. Te destrói de dentro para fora. Te rouba de si próprio.

Mesmo estando feliz, você se sente insatisfeito. É como se algo sempre estivesse fora do lugar. No início são apenas pequenas recaídas e descontentamentos sem motivo aparente e quando você enfim se dá conta do que realmente está acontecendo, o vazio já é grande demais. E então é como se nada e nem ninguém pudesse preenche-lo.

O amor vira apenas uma espécie de curativo. Ele pode retardar sua corrosão interna, mas nunca vai poder juntar os seus pedaços novamente. Porque você não está quebrado, você está sumindo. Você está se perdendo dentro de si mesmo, como se um enorme buraco negro estivesse se formado dentro do seu peito. E é nesse ponto que as coisas começam a sair do controle.

E ali estava eu, correndo da cafeteria. Fugindo de Jasper e dos sentimentos que ele me causava. Com medo por mim e com raiva de mim. Por um instante acabei me esquecendo de que era impossível fugir de mim mesma, porque me mantive correndo até que Jasper me alcançou. Ele segurou meu pulso com certo cuidado, me fazendo virar para ele.

— Me solta, me solta! — pedi tentando desesperadamente fazê-lo me soltar.

— Por favor... — ele começou, mas foi interrompido por uma voz feminina.

— Jasper, não. — a dona da voz, que descobri ser Rosalie Hale, disse.

Jasper pareceu relutante em me soltar, mas acabou cedendo. Eu me apressei em ir embora dali logo, estava totalmente frustrada e confusa pela mudança súbita dos meus sentimentos em relação à ele. Eu sempre pensei que fosse madura, mas ao que parece eu era mais uma adolescente apaixonada.

Para uma pessoa diagnosticada com apatia, eu parecia estar sentindo coisas demais — e intensas demais. Meus sentimentos eram cada vez mais inconstantes e confusos e eu me sentia afundar à cada passo, como se eu estivesse pisando em areia movediça. Eu tinha vontade de gritar, mas minha voz parecia ter sumido.

Quando cheguei ao estacionamento, fui direto para a caminhonete de Bella. Ela estava me esperando, já sentada no banco do motorista. Entrei no veículo como se minha vida dependesse disso, fechando a porta fortemente atrás de mim. Bella me olhou com olhos arregalados e por um segundo pensei que eles pulariam para fora.

— Você está bem? — ela perguntou com a voz trêmula.

— Vamos embora. — respondi rapidamente. Precisava me afastar daquele lugar.

Bloodflood - Jasper Hale (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora