Forks

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Louise Swan

Por um tempo tudo pelo caminho é neve, neve e mais neve e também árvores. Muitas árvores. Branco e verde, verde e branco. Alviverde. E então a placa de Forks, nessas mesmas cores. Tudo bem, já que branco é legal e verde é ótimo. É tudo familiar e acolhedor. Claro, paletas de cores à parte, é estranho voltar para Forks depois de tudo o que aconteceu. Tudo ali me faz lembrar de tempos mais simples. Tempos onde eu estava bem, papai estava bem, tia Ellie estava bem. E mamãe estava viva. Tempos que nunca voltariam. Mas, talvez pela tendência de Forks ao mesmismo, passar por aquela placa sempre me traz uma sensação de volta no tempo. E, agora mais que tudo, parece uma brincadeira de mal gosto ler "bem-vindo à Forks" e me sentir tudo, menos bem-vinda.

Droga. Maldita placa, maldito verde, maldito branco.

Abandono meus pensamentos de autopiedade quando minha tia desvia o olhar da estrada para mim e sorri suavemente, um olhar estranhamente conhecedor em seu rosto. E então eu travo, como tenho feito todas as vezes que ela sorriu para mim nos últimos dias. Eu demoro um pouco tentando assimilar e encontrar uma reação à altura, mas fingir para Ellie é como tentar fingir para mim mesma. Então eu não sorrio e nem digo nada, apenas mantenho o contato visual constrangedor.

— Tudo bem querida? — Ellie pergunta em um tom de voz suave.

Aceno levemente com a cabeça, tentando afirmar isso tanto para ela quanto para mim. Ellie não parece convencida, mas volta sua atenção para a direção enquanto eu volto a observar o caminho, pensamentos mais silenciosos e inofensivos passando por minha mente dessa vez. São longos minutos antes que Ellie estacione na frente da casa de Charlie.

Eu suspiro, me virando para Ellie, me sentindo um pouco perdida. Ela toca meu ombro levemente e acena seu rosto em direção à porta do carro. Suspiro mais uma vez antes de sair, dando de cara com um Charlie sorridente. É aí que minha mente começa a trabalhar a mil, tentando encontrar  respostas para o que fazer agora, já que, embora eu sinta muita saudades dele, eu nunca sei muito bem como reagir em reencontros e despedidas.  Mas abraçá-lo parece um bom começo, então o faço, sendo retribuída imediatamente.

— Você não cresceu nada, querida... Ellie, você anda deixando ela com fome, é? — meu pai alfineta minha tia em um tom brincalhão quando eu me afasto do seu abraço.

— Ora, mas é claro que não! Ela cresceu bastante, tenho certeza que pelo menos meio milímetro! — Ellie brinca de volta, entre risadas, enquanto sai do carro, e se aproxima do meu pai para um dos seus famosos abraços de urso.

É estranho ver a interação de outras pessoas assim de tão perto. Para mim, isso é como assistir à uma aula prática. "Quando você encontra alguém que não vê à muito tempo você faz isso" ou "quando você está contente faz aquilo". É interessante, eu não vou negar, mas acima de tudo, é incômodo. Intimidade demais, eu acho. Então, para fugir, eu me viro para a porta da casa, tentando evitar o constrangimento, apenas para encontrar o olhar tímido de Bella.

— Ei. — ela acena em um tom de voz baixo, suas bochechas coradas e os olhos meio perdidos entre eu, papai e tia Ellie, que agora nos observavam.

– Oi, Bella. — eu respondo após uns segundos de um silêncio embaraçoso.

Bella e eu não nos vemos a alguns anos, já que ela parou de visitar nas férias. Eu tento um sorriso, mas não consigo fazer ele parecer muito genuíno... Eu acho. Será que eu deveria olhar por um tempo nos olhos dela? Acenar? Talvez enrugar um pouco o canto dos olhos ajudaria a parecer mais simpático? Tenho certeza que sim. Droga. Merda. Tarde demais para isso agora.

Bloodflood - Jasper Hale (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora