Brincar é no parque

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Pela madrugada, no Bairro Santo António, como quase sempre, voaram um par de sapatos pretos pela janela dentro da casa da Dona Plácido, mas os meninos do bairro chamavam-lhe bruxa Nenê.
-- Estou farta disto! Acaba já aqui... -- Batendo com o seu copo de licor na mesa.
De esperar, ouviram-se passos e risos apressados em fuga. Correram para uma casa qualquer, porque o sr. Nelson tinha que dar uma bassula em Deni, este que (infelizmente) para dramatizar a sua queda fez uma manobra a mais e piorou o estado do calcanhar à perna.
-- Oh Jilson! Pega um pau para ver se está alguém aí! -- Gritou Nelson,  eufórico.
-- Dréd tua boca é bem grande ya, não sabes falar mais baixo, queres apanhar caço? Se sim, te surro, juro que sim. -- Replicou Jilson abanando o punho junto à cara do amigo.
-- Calem as bocas meu Deus!
-- MAS QUEM É QUE TROUXE A JACIRA? -- Gritou Denilson, que estava estendido no chão.
Ouviu-se um ressonar que assustou todos, e aproximou-se Jilson e disse num ar de espanto, elevando as mãos à cabeça:
-- Xê! Olha o cota Léo haha tá bem boiado!
Leonardo é um jovem chulo de 30 anos magro e mulato. como inocentes crianças que eles são claro que sabem disso. Ajudava Jilson com os trabalhos de casa de ciências, português, até matemática, quando os pais não estavam em casa. Foi para o ensino superior, mas não conseguiu lidar com a exigência, acabando por seguir um tipo de vida, mais fácil e em que era respeitado. Estava vestido somente com boxers, uma camisola feminina, às riscas begese laranjas, e um chapéu de pescador velho. Estava adormecido em cima do baú de madeira castanho-escuro, que tinha junto da janela e do sofá.
O mais doce de todos, Lucas, tapou-o e deixou água, aspirina e um pouco de comida para quando o chulo acordasse.
Num súbito silêncio, ouve-se o rebentar de uma porta.
-- Deni não fechaste a porta? -- Perguntou Nelson gaguejando um pouco.
-- Eh! Você mesmo não tem vergonha na cara... -- Disse Jacira com um ar de indignação, colocando os braços à cintura e abanando a cabeça.
De repente apareceu, uma senhora loira, alta, morena, com muitas marcas de idade e um machado nas mãos.
Ouviram-se só, gritos...

 Ouviram-se só, gritos

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