A ideia deste conto foi indicada por @BelaBorboleta
Bora lá?!
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- Bom dia novamente, Victória. - O doutor estendeu o braço para cumprimentá-la e acompanhado de um sorriso amistoso estampado em sua face.
- Bom dia, Afonso. - Victória estava com os olhos fundos; mal havia dormido naquela noite, mesmo assim, sorriu de volta e devolveu a cortesia do cumprimento. - Tudo bem hoje?
- Ha ha ha. - O sorriso amistoso de Afonso havia se convertido numa gargalhada sincera. - Eu é que deveria fazer essa pergunta. - Ele indicou o caminho para o divã. - Venha, sente-se e fique à vontade.
Com um caminhar lento, Victória seguiu para o divã, avaliando o possível conforto do semi-leito; ela não estava habituada àquele lugar nas seções de psicanálise, mas a novidade lhe trazia uma sensação de conforto.
- Quando você me ligou ontem à noite eu fiquei surpreso - dizia Afonso -, eu adiei o paciente de hoje cedo pra ajudar.
Victória encarou-o com ternura.
- Afonso, não precisava de tudo isso. Eu só queria conversar com alguém.
- Ah, para com isso, Victória, mas é claro que precisava. Depois do acidente você se afastou de todo mundo e receber sua ligação essa manhã foi instigante.
Os olhos de Victória se encheram de lágrimas, mas logo ela se recompôs e sentou-se no divã. Afonso acompanhou-a, sentando ao seu lado num banco tão confortável quanto o semi-leito.
- Como você veio pra cá hoje? - indagou Afonso.
- Eu vim andando. Não consigo nem pegar ônibus ainda.
- Andando?! Caramba, mas você mora a uns 4km daqui, Victória.
- Mas foi bom, sabe? Eu consegui sentir um pouco de ar, parei numa padaria aqui perto e tomei um café da manhã, vi pessoas. A gente sabe o quanto isso é bom.
Afonso sorriu.
- Sabemos sim.
- E meus pacientes?! - questionou Victória.
- Estão todos ótimos, fica tranquila. O mais complicado é o Rafael, tem sempre perguntado por você e ele sente falta dos seus conselhos nas seções. Ele é bem ansioso, mas a gente tem se acertado.
- O Rafael é muito tímido, acho que eu sou uma das poucas mulheres com quem ele conversa. - Os dois riram. - Não é à toa que sente a minha falta. Eu vou mandar uma mensagem pra ele.
- Fica tranquila, tudo bem? Assim que você resolver voltar, eu redireciono eles a você.
Victória assentiu, tranquilizada.
- Eu já sabia, Afonso, você têm me ajudado muito, confio em você.
Os dois se entreolharam.
- Você melhorou o sono esta noite?
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Seções de Improviso - Contos e Histórias
Short StoryUm compilado de diversos contos com temática e estilo de escrita diferentes. Você pede, eu avalio a possibilidade e elaboro uma história sobre o tema. Essa é uma forma que encontrei de crescer como escritor, explorando minhas habilidades.