CAPÍTULO I

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A PIADA DE MAL GOSTO DO DESTINO

01/06

DEIXAREI A história de Galileu Evans para outra ocasião, pois na narrativa de hoje iremos um pouco além das fronteiras do estado em que nosso antigo protagonista residiu, temos como destino uma casa antiga, portadora de uma aura chinesa. Nela encontraremos Julie Døde, a garota que acredita estar morta.

Iniciarei esta narrativa dizendo que a jovem de ascendência chinesa costumava ser uma garota animada, cheia de vida, dedicada e amigável, no entanto sua vida mudou drasticamente quando, ao acordar em um frio dia de inverno, viu larvas saindo da pele putrefata de sua mão. Daquele dia em diante as coisas não foram mais as mesmas.

Hoje fazem exatamente três meses que a garota foi diagnosticada com a síndrome de Cotard, contudo faz apenas um mês que ela achou, por bem, parar de interromper o tratamento com os remédios receitados pelo psiquiatra. A jovem de longos cabelos negros apenas aceitou continuar a tomar os medicamentos pois sabe o quanto sua doença afeta seus pais, ela viu de perto o quanto isso os assusta, o quanto eles têm medo de perdê-la.

A garota se olha no espelho enquanto passa o batom vermelho nos lábios delineados. Está um pouco mais magra do que o de costume, olheiras — antes inexistentes — se fazem presente sob seus olhos. De tudo o que aconteceu em sua vida, o que mais lhe dói é o fato de que seu namorado escolheu abandoná-la no exato instante em que recebeu o diagnóstico e é isto; caros leitores, que tem lhe tirado o sono.

Jules, seu irmão gêmeo, irrompe por seu quarto, fazendo tanto barulho quanto uma orquestra desafinada. Ele sempre foi barulhento, contudo, isto nunca a incomodou, é bom tê-lo por perto, sua bagunça e ânimo extraordinário fazem com que a mente da garota se distraia e esqueça-se — mesmo que momentaneamente — dos problemas que a rodeiam.

— Olha só quem resolveu voltar a se maquiar. — Jules diz, o ânimo em sua voz ficando mais evidente à cada palavra proferida

Fazia tempo que a garota nem ao menos aproximava-se de suas maquiagens, o fato de ela estar voltando a se maquiar aos poucos pode indicar uma melhora; ao menos é nisto que seu irmão escolheu acreditar.

Jules é apenas alguns minutos mais velho do que Julie, mas, ainda assim, sente a incessante necessidade de protegê-la de tudo e de todos; tal como qualquer irmão mais velho faria. A garota costumava achar isso fofo, costumava... sua concepção mudou drasticamente após Jules ser suspenso por bater no rapaz que a largou.

— Tenho que dar um jeito nessas olheiras. — Ela responde por fim — Estou horrível, não estou?

O rapaz se levanta da cama na qual havia se sentado e caminha até a irmã mais nova.

— Você está tão linda quanto antes. — A sinceridade se faz presente em sua voz — Nunca deixe alguém te dizer o contrário.

Um beijo é depositado em sua testa e a garota sorri, um sorriso que — mesmo sendo mínimo — deixa seu irmão satisfeito. Jules se pergunta todos os dias o porquê de tudo ter acontecido com sua "irmãzinha" e não com ele; certamente ele saberia lidar melhor com o desprezo de pessoas que, outrora, foram suas amigas. Julie sempre foi a mais sensível dentre os dois, não que o rapaz não tenha sentimentos ou prefira escondê-los, ele apenas sabe lidar melhor com a rejeição, adicione isto ao fato de que ele nunca foi de se importar com a opinião alheia sobre si e perceberão o porquê de ele se considerar como o menos sensível da família.

— Só está a dizer isto pois é seu dever como meu irmão. — Seu tom de voz sai incisivo — Eu sei que não estou em meus melhores dias... ou meses. Não precisa de mentir acerca disto.

Jules suspira enquanto bagunça os próprios cabelos em um gesto dramático em demasia. O rapaz sabe que a irmã não muda de opinião tão facilmente, sobretudo quando a opinião que formara é sobre si mesma.

— Sabe que eu jamais seria gentil apenas para não ferir seus sentimentos, não sabe? — Ele pergunta por fim — Eu sempre fui sincero contigo, não é um diagnóstico que me fará mudar neste quesito, por isso, acredite quando eu digo que continua tão bela quanto antes. — Sua frase é concluída e ele deixa o quarto

Estaria a mentir caso dissesse que o fato da irmã ter posto sua sinceridade à prova não lhe magoou, pois isto o fez. Ela, acima de todos, sabe do zelo de Jules para com a sinceridade, sabe que ele jamais seria capaz de mentir tão descaradamente e, ainda assim, ousou duvidar de suas reais intenções.

Eu sei, caros leitores, que anteriormente foi dito que Jules Døde não se importa com as opiniões alheias sobre si, todavia a opinião de Julie está — bem — longe de ser uma mera opinião alheia pois ela o conhece a fundo, ela o conhece melhor do que ninguém e isto apenas corrobora para que seu descontentamento seja ainda mais evidente.

— Droga, Julie! — A garota pragueja para seu reflexo e bate a mão no espelho com uma força desnecessária

Ela sabe que afastar as pessoas que não querem fazê-lo é errado e não estou a dizer inverdades quando afirmo que ela não está fazendo-o de propósito. Para ser sincero, Julie Døde está se autosabotando e nem mesmo os medicamentos são capazes de impedi-la.

O corpo é jogado sobre a cama e os olhos miram o teto, as coisas parecem tão sem sentido que nem ao menos sabe de onde está tirando forças para continuar a conviver com quem a despreza, com quem ignora sua existência ou faz dela zombaria.

"Me desculpa, não queria lhe chatear." — Ela manda uma mensagem de texto para o irmão

Jules, no entanto, não a responde de imediato, não por vingança, ele apenas não quer dizer algo do qual possa vir a se arrepender, assim sendo, optou por esperar seu descontentamento para com a mais nova passar.

Jules, no entanto, não a responde de imediato, não por vingança, ele apenas não quer dizer algo do qual possa vir a se arrepender, assim sendo, optou por esperar seu descontentamento para com a mais nova passar

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