CAPÍTULO IV

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O CASAL INUSUAL

01/06

HELEN LAUREL e Anton Mulligan adentram o colégio de mãos dadas, é verdade que a maioria dos novatos julgam que os adolescentes são irmãos, afinal, eles não são adeptos à ideia de demonstração pública de afeto; contudo, sendo sincero com vocês, eles engataram em um relacionamento na oitava série do ensino fundamental.

É verdade que eles formam uma dupla um tanto quanto inusual. Helen é roqueira, ama festas e; sempre que possível, está a tragar seu inseparável cigarro da marca Black; já Anton, por sua vez, é um garoto quieto, na dele, que tem um fetiche estranho por lápis de olho preto e esmalte amarelo e está sempre a trajar suas camisas floridas — embora já tenha sido suspenso uma vez pelo diretor por não estar trajado adequadamente. Em suma; Helen é furacão e Anton é calmaria e, apesar de ser algo inesperado, eles jamais tiveram uma briga séria, sempre se deram verdadeiramente bem.

A garota de cabelos curtos costumava ser amiga de Julie na infância, entretanto a vida resolveu separa-las na pré adolescência, quando a chinesa começou a cultivar amizades de cunho duvidoso — as mesmas amizades que a abandonaram após seu diagnóstico; devo acrescentar — e agora as duas mal olham uma para a outra.

É triste ver uma amizade que tinha grande potencial se dissipar tão rapidamente, porém sou sincero ao dizer que entendo os motivos da jovem Laurel: eu também não me sentiria confortável caso tivesse de andar com pessoas de caráter duvidoso apenas para manter uma amizade. Devemos prezar, acima de tudo, o nosso caráter e as nossas crenças pois; no final, eles são tudo o que nos restam.

— Eles não tem nada melhor para fazer além de nos olhar com cara de quem comeu e não gostou? — É a garota que quebra o silêncio instaurado entre os dois enquanto ajeita sua franja com a mão livre

Anton ri, um riso acolhedor e extremamente agradável. O rapaz de olhos verdes-caramelo é assim, raramente se importa com os olhares direcionados a si, não gosta de deixar com que pessoas de mente fechada afetem sua felicidade.

— Talvez você devesse apenas ignora-las... hum? — A voz sai calma e transmite uma tranquilidade inigualável

— Eu queria ser como você, mas não sei... eles nos olham com semblantes julgadores; não gosto disso.

— Eles são adolescentes ordinários e adolescentes ordinários olham com julgamento para qualquer pessoa. — Seus ombros balançam em modo de dar a entender que ele não poderia se importar menos com os olhares julgadores que lhes são direcionados

Helen parece pensar um pouco e acaba imitando o ato do namorado; a garota sabe que ele raramente se engana nesses pontos. Além de ser um exímio fotógrafo, Mulligan tem como hobby estudar a psiquê humana; de fato, seu maior sonho é ingressar na universidade de psicologia.

Como ironia do destino, os armários do casal são separados pelo armário de Julie Døde e, embora raramente se esbarrem nas proximidades, no dia de hoje o destino parece querer reunir as antigas amigas.

Quando a garota roqueira vê a asiática em seu armário cogita a hipótese de dar meia volta e levar sua mochila consigo para a sala de aula; contudo descarta a ideia ao sentir a mão de Anton soltar a sua e apertar seu ombro com delicadeza.

— Bom dia. — É Anton quem cumprimenta a garota que aparenta ter esquecido o que tinha de apanhar na bolsa antes de guarda-la no armário

Não, caros leitores, o garoto descendente de italianos não esperava uma resposta advinda de Døde, afinal, esta parece lhe ignorar sempre que ele tenta uma aproximação amigável. A namorada fala tão bem de sua época de amizade para com Julie que o rapaz almeja dar um jeito para que elas se reaproximem.

Helen o olha como quem diz eu avisei que ela está mudada... mesmo agora depois de ter sido abandonada pelos populares, não nos considera dignos o suficiente para falar conosco.

— Bom dia. — Julie responde após apanhar o caderno de francês — Como estão? — A mochila rosa bebê é guardada no armário e este tem sua porta fechada

Embora tenha tentado, Laurel não consegue evitar que uma expressão extremamente surpresa se apodere de seu rosto: ela realmente acreditava que seu namorado seria ignorado uma vez mais pela garota.

— Agora você se importa? — Hellen solta, sem nem ao menos pensar

O semblante da jovem Døde muda completamente e Anton é capaz de jurar que viu lágrimas se formando sob os olhos acinzentados.

— Eu sempre me importei, Helen, sempre. — Ela responde em um fio de voz e passa o cadeado no armário — Até mais. — Um sorriso fraco em demasia é direcionado ao casal e a garota segue rumo à sua sala

Enquanto isso, os gêmeos Clark saem de seu carro, alguns diriam, esbanjando seu ar de superioridade enquanto caminham rumo à entrada principal, que leva até os corredores dos armários.

Os alunos do primeiro ano os olham tal como se eles fossem deuses e merecessem estar em pedestais; a verdade, que poucos admitem, é que a grande maioria dos adolescentes do colégio querem ser como eles e os têm como inspiração para a vida.

Malia e Michael estão de mãos dadas e riem de alguma piada interna sobre algo que o garoto havia dito; os cabelos platinados da garota balançam com o vento, um balanço que parece ser feito em câmera lenta, e seu nariz é empinado ao passar por uma das  garotas populares que praticam bullying para com os menos favorecidos.

Ela jamais se envolveria com essa ralé, tampouco seu irmão o faria. Embora não tenham cultivado amizades no colégio, os irmãos são portadores de um forte senso de justiça e jamais seriam capazes de usar de sua popularidade para inferiorizar outros adolescentes.

— Deve ser muito triste ter de inferiorizar alguém pra se sentir bem consigo mesmo. — Malia cochicha no ouvido de Michael, que concorda com um leve menear de cabeça

Seus pais os educaram para serem pessoas exemplares, inteligentes, dedicadas e capazes de reconhecer seus méritos sem tentar os comparar com os méritos dos demais e; acima de tudo, os ensinaram que alguém não precisa falhar para que eles ganhem.

Seus pais os educaram para serem pessoas exemplares, inteligentes, dedicadas e capazes de reconhecer seus méritos sem tentar os comparar com os méritos dos demais e; acima de tudo, os ensinaram que alguém não precisa falhar para que eles ganhem

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