Sabe aquelas cartas para o futuro?
Eu mesma já fiz, escrever coisas para um "eu" ler em x tempo.
Depois de umas três cartas escritas e zero lidas, caí na real que não preciso de cartas futuras, preciso de cartas para o agora. Todos nós precisamos.
N...
Imagine só, como seria viver em um quartinho de 10 metros quadrados, entulhado de coisas... cama, armário, livros, computador, mesa de estudos, violão, banheiro, frigobar, fogão... ufa! É muita coisa, né?!
Agora imagine sua vida dentro desse quarto, a adaptação vem com o tempo, mas um belo dia alguém bate a sua porta enfiando um sofá dentro da sua já minúscula casa. Você não pediu nenhum sofá, não seria estúpida o bastante para comprar uma coisa que não caberia ali, e agora la está ele ocupando todo o "corredor" do quarto, além de interditar o frigobar, o armário é o banheiro.
Quando tudo parece ruim, você descobre que para sair do quarto é necessário arrastar o sofá ou passar por cima dele, assim como para ter acesso aos demais móveis. Mas, Ta tudo bem, né? Da para se adaptar, um sofá desses não se tem todo dia...
Só que o tempo passa e você não se adapta, cada dia que passa a rotina fica mais exaustiva. O peso de conviver com uma coisa que lhe foi imposto, cai sobre os ombros, não há mais forças para empurrar o sofá, não mais sentido em achar que alguma coisa vai ficar bem como aquilo no meio da porcaria do seu quarto minúsculo.
...
Por muito tempo, muito tempo mesmo, vivi nesse quarto e vivi essa vida. A diferença é que não era "apenas" um sofá a mais, foram vários sofás, se acumulando na minha vida. Eu não havia pedido por nenhum deles, mas também não recusava... o medo pela reprovação das pessoas era maior que a minha saúde mental.
Fui me moldando em formas que não eram minhas, deixando que definissem por mim o que realmente era importante na minha vida. Eu já não sabia o que era respirar por mim mesma sem que mais um sofá chegasse para me sufocar ainda mais.
CHEGA!
Lembro de ter gritado para mim mesma, porém, ninguém ouviu. Meus desejos continuavam anulados até eu impor o contrário. Aos poucos fui devolvendo tudo o que não pertencia a mim, tirando tijolo por tijolo que não fazia parte de mim. Recolhi todos os cacos, pedacinho por pedacinho.
Olhando assim até parece simples, mas não foi. Afinal nem tudo que parece, é. No caminho, perdi pessoas que eu julgava serem muito importantes para mim... bom, e quando elas não se importaram o bastante para me entender, não tive outra escolha a não ser, me afastar.
No final, meu quartinho tava tão lindo que dava até gosto de sentar e ficar só admirando. Tudo parecia ótimo, até tocarem a campainha e empurrarem um sofá de 5 lugares, quarto adentro.
DROGA!
O encarei tempo o suficiente para decidir o que faria em seguida, repensei todo caminho que trilhei para repor meus tijolos e não iria deixar que mais ninguém se sentisse no direito de impor uma coisa que eu não pedi ou aceitei.
Cuidadosamente, abri a porta. Empurre o sofá com muita dificuldade até o lado de fora do cômodo... ufa. Essa foi por pouco!
Hoje, me sinto muito mais dona de mim, dizendo "não" quando eu acho necessário, sei que isso pode magoar pessoas e não me sinto bem pensando por esse lado, mas não posso viver uma vida que não foi moldada por mim.
Aprendi a me valorizar, valorizar os meus momentos na minha companhia, aprendi a esxautar os meus desejos. Afinal, todo ser humano tem o seu espaço pessoal, e não se trata de vaidade ou egoísmo, pelo contrário. É uma coisa necessária!
Sabe aquele ditado: "respeito é bom e eu gosto"? É muito válido para o espaço pessoal, violar o espaço do outro é violar a essência dele e tudo o que ele construiu e vem construindo.
A sutil arte do espaço pessoal pode ser definida em uma só palavra: E-M-P-A-T-I-A.
Coloque-se no lugar do outro e o respeite, se ser violado não é bom, violar é que não é!
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