Capítulo 3

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Lauren POV
      Havia acabado de deixar Camila no Uber e estava subindo as escadas refletindo o que significava tudo aquilo que tinha rolado hoje. Eu estava estressada de ter minha mãe me convencendo a dar uma festa de aniversário, ainda não tinha conseguido um fornecedor descendente, as entregas estavam ficando cada vez mais longe e eu não tinha um transporte, a semana tava um caos, mas aí aconteceu de dois dias seguidos eu encontrar uma garota por acaso e meu dia ficar tranquilo de repente, eu estava gostando muito daquela companhia mesmo que por algumas horas e fazia toda a diferença no meu humor. 
      Minha mãe estava guardando as louças e o Joey a observava como se fosse a coisa mais interessante na vida. Me encostei na soleira da porta e fiquei observando aquela cena, as duas coisas mais importantes pra mim, meu cachorro companheiro de todos os dias e minha mãe que fazia de tudo pra me agradar mesmo que com o jeito torto dela. Sexta era meu aniversário de 23 anos e eu não estava muito no clima de festejar, mas para Clara Jauregui isso era quase um pecado. Mesmo contra a minha vontade tudo estava sendo organizado, sexta na floricultura, jantar com meus amigos, que no caso eram Normani, Ally e Alessia e minha mãe é claro, depois estava liberada para sair com as meninas para qualquer lugar. Esse seria meu aniversário.
      Tomei um banho e me vestir com o pijama mais confortável que eu tinha, short largo e camisa de moletom. Deitei na cama e coloquei um seriado, Joey se juntou a mim e ali ficamos até eu pegar no sono. De manhã meu despertador tocou e lá se foi mais um dia de acordar cedo e ir pra o trabalho. Conversei um pouco com minha mãe durante o café e pude perceber que estava escondendo alguma coisa mas deixei pra resolver depois, troquei de roupa e pedi um Uber, estava com dores musculares não ia me arriscar de bicicleta pela cidade hoje.
      Cheguei na loja e Alessia já havia feito todo o trabalho de conferir os pedidos e os estoques, estava sendo ótimo não ter que fazer tudo sozinha, entrei para a estufa e ali fiquei com minhas plantas pensando em minha vida e que amanhã eu iria comemorar mais um ano. Só vi que tinha muito tempo que eu estava ali quando Alessia me chamou dizendo que iria almoçar e que voltava logo. Esses dias eu estava aérea, me perdia fácil nos pensamentos, não sei o que tava acontecendo.
      Era final de expediente, despensei Alessia e fui caminhando até a estação de metrô, mas ao passar pelo parque me veio um sensação forte de que eu deveria entrar e sentar e fazer como todos os outros dias. Entrei, sentei num banco e fiquei a observar mas nada me chamava atenção, nada me interessava, talvez o legal era o fato de eu estar de bicicleta. Voltei rumo ao metrô, e de longe vi o hospital e meu rosto foi tomado por um sorriso inexplicável, mas eu não fui até lá, entrei na estação e fui para casa. Sentada no metrô com meus fones eu estava sonhando acordada, toda vez que eu fechava os olhos era como se minha música se transfomasse na risada dela e a imagem dela sorrindo me fazia sorrir. Meu Deus eu nunca fui assim, nunca me senti assim, e eu não deveria me sentir assim, será que minha mãe estava certa e o destino estava me dando um presente?
      Cheguei em casa e dona Clara não estava, achei estranho mas relevei. Tomei um banho demorado e tentava não pensar em Camila, mas era impossível. Ela tinha um jeito de falar tão gostoso, um sorriso lindo, uma personalidade encantadora. Eu poderia ficar horas falando dela, isso me deixou assustada. Sai do banho e me vesti com meletom e me sentei na sala para assistir um filme. Era quase dez quando minha mãe chegou cheia de sacolas de coisas para o jantar de amanhã. Ela estava muito empolgada com meu aniversário e como sempre ela exagerava nas comemorações.  Ajudei a guardar as compras, conversamos um pouco na cozinha enquanto ela fazia um chá.
     — Laur, você ta tão área hoje, já te perguntei mil vezes quem você chamou para amanhã e nada de me responder — minha mãe me cutucava enquanto eu bebericava meu chá —Está acontecendo alguma coisa?
     — Ah mãe nem sei dizer — agora ela parou o que estava fazendo e se sentou a mesa comigo — Eu ando pensando muito em uma pessoa e é estranho se for pensar que eu a conheci tem poucos dias.
     — Já sei de quem você está falando — um sorriso enorme surgiu nos lábios dela — Camila é realmente especial, algumas horas aqui em casa e até o Joey se apaixonou por ela.
     — Quem disse paixão? — me fiz de desentendida.
    — Convide ela para amanhã, não sei mais como funciona essaa coisas de paquera — fiquei com o rosto todo vermelho, minha mãe me dando dicas de como paquerar Camila sendo que a uns anos atrás ela nem se quer aceitava o fato de eu gostar de meninas.
     — Não sei, e se eu estiver fazendo papel de boba? — eu nem sei da vida amorosa de Camila, ia ser constragedor levar um fora assim.
      Minha mãe ficou me encorajando e eu mandei mensagem para Camila, convidei para o jantar na floricultura e falei para chamar sua amiga Dinah também. Ela aceitou e eu não sabia o que fazer com essa informação. Não ia conseguir dormir essa noite. Fiquei virando de um lado para o outro e as vezes levantava para tomar um pouco de água. Nunca fiquei tão ansiosa para meu aniversário desde que tinha 8 anos e meu presente foi uma viagem para Disney.
      Acordei com batidas na porta e me levantei arrastando para abrir. E foi a minha maior surpresa, Taylor e minha mãe com sorrisos cantando parabéns pra mim. Tay segurava balões e minha mãe um pequeno bolo. Eu fiquei muito feliz, esse já era meu melhor aniversário.
     — Feliz aniversário Laur — Tay me abraçava e me beijava, eu amava minha irmã e nunca imaginei que ela viria para NY hoje aposto que era coisa da minha mãe. 
     — Eu não acredito que você veio!
      Nós três tomamos café juntas e fofocando e por um momento parecia que eu tinha voltado para Miami. Era assim todas as manhãs, era o que eu mais sentia falta. Eu fui tomar meu banho contrariada de ter que ir trabalhar, queria ficar ali o dia inteiro com elas.
      Taylor resolveu ir comigo para a floricultura e organizar o local que seria o jantar, aproveitei e a apresentei para Alessia. As duas assim como minha mãe ficaram me enchendo a paciência de como agir com Camila. Quanto mais falavam dela mais eu ficava ansiosa. As horas não passavam e eu estava irritada com qualquer encomenda que aparecia.
      Cheguei em casa finalmente e fui tomar um banho, enquanto isso eu pensava em qual roupa vestir, qual sapato, como eu deixaria meu cabelo, se passaria maquiagem. Eu estava enlouquecendo, parecia uma adolescente. Minha irmã e minha mãe riam de mim enquanto eu andava de um lado para o outro no quarto desesperada. Finalmente consegui decidi minha roupa, um macacão preto com um decote generoso, deixei meus cabelos lisos penteados para trás e maquiagem foi um delineador marcando meus olhos e um batom vermelho. Particularmente falando, eu estava linda.
     — Lauren apaixonada é linda não é mama? — Taylor estava boquiaberta quando eu sai do quarto.
     Nosso Uber havia chegado e eu estava em polvorosa para chegar logo ao nosso jantar. A floricultura estava linda, minha irmã fez um ótimo trabalho. Minha mãe contratou um buffet maravilhoso, apesar de eu achar um exagero, eu estava amando tudo. Alguns minutos depois chegou Normani e Ally, minhas melhores amigas em NY. Normani era dançarina e tinha entradas vips para uma nova boate que abriu na cidade, era pra lá que íamos depois do jantar. Ally, era jornalista e não iria acompanhar a gente por ter que voltar pra casa e cuidar da sua filhinha Miley. Eu estava muito feliz que elas vieram.
      Alessia também havia chegado junto com seu namorado John. E depois as atenções se voltaram para a porta e lá estava ela, com um vestido preto longo, cabelos jogados para lateral, um colar dourado, ela estava simplesmente linda. Ao seu lado uma loira alta com uma postura perfeita, boca carnuda e um corpo de dar inveja. Eu estava paralisada com a beleza de Camila, quem foi até elas na recepção foi a minha irmã. Eu me sentia uma idiota e todo mundo tinha percebido.
     — Limpa essa baba aí Laur — Normani disse fazendo movimento de limpar o canto dos lábios.
      Durante o jantar foi assim, eu babando por Camila, todo mundo me zoando e ela nem percebendo. Ela e Dinah eram muito engraçadas, e quando Normani ofereceu as entradas na boate logo aceitaram também. Normani, Ally, Dinah, Camila e eu estávamos tão conectadasnos papos que parecia conhecer de toda vida. Minha mãe e Taylor falaram isso várias vezes durante o jantar. No final da noite, Alessia e John deram carona para minha mãe até em casa, Troy veio buscar Ally e eu as meninas seguimos para a boate. Taylor não queria vir mas Camila a convenceu, era um dom que ela tinha.
      Chegamos na porta da boate e Normani nos passou sem dificuldades. Entramos e era lindo, tudo escuro e com luzes coloridas no teto. Fomos direto para o bar, eu estava cansada de tomar vinho com minha mãe eu precisava de algo mais forte, fui logo de whisky e a Dinah me acompanhou. Camila e Taylor foram de drinks e Normani demorou horas pra decidir mas foi com as meninas.
      Foram muitas bebidas para eu me jogar na pista de dança com elas. Camila arrasava na dança junto com Normani. Eu e Dinah só ficávamos observando, Taylor já estava beijando um gatinho no canto da festa.
     — Olha Laure, você é incrível estou muito feliz de ser amiga da Camila como eu — DJ puxou um papo estranho enquanto a gente sentava numa mesa para esperar mais bebidas — É minha obrigação abrir seus olhos.
     — DJ eu não estou entendendo —peguei meu copo e dei mais uma golada.
     — A Camila é bem lerda mas eu não — ela segurou meu ombro e chegou perto do meu ouvido — Desde que chegamos no jantar eu reparei seus olhares pra ela, você ta claramente caída por ela.
     — Tá tão na cara assim? — eu estava chocada com a percepção de Dinah.
     — Lógico! Mas eu tenho que te dizer que mesmo que eu apoie super você e até entendo, minha amiga é uma gata — ela fez uma pausa para beber — Ela é totalmente hetero Lauren, acho melhor você deixar isso pra lá.
     As últimas palavras de Dinah  foram como um soco bem dado no meu estômago. Eu sabia que não podia me apaixonar por Camila, mas ter a certeza que seria impossível ter alguma coisa com ela me deixou arrasada.
     — Eu não queria gostar dela Dinah — tentei não mostrar minha tristeza — Promete não contar nada?
     — Eu prometo — ela fez com o mindinho para jurar — Mas queria vocês juntas, ela tem péssimo gosto pra homem — nós duas gargalhamos nessa parte.
     O resto da noite fiquei observando Camila e ficando cada vez mais bêbada com Dinah, era esse meu destino, gostar de alguém e nunca ser correspondida. Apesar de quebrar a cara essa noite serviu para me dar mais uma amiga, eu sabia que Dinah mesmo que de longe estaria comigo agora.

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