Depois da cansativa aula com o professor André de história, eu estava pronta para ir embora. Fazia cinco meses que eu não ia para casa, nem mesmo para visitar, esse último semestre estava foda e pensar que faltavam poucos meses para gritar: "Sou finalmente uma arqueóloga, seus filhos da puta." Quase ri, só não fiz isso porque tinha muita gente ao redor, tinha que passar no meu quarto para pegar minhas coisas.
Entrei no quarto que eu dividia com uma garota estranha, mas eu estava acostumada com ela (nem tanto). Vanessa era o tipo de pessoa que mesmo depois que acabou a escola ainda sofria bulliyng, para minha linda sorte, era minha colega de quarto.
- Vai pra onde? - ela perguntou, seus cabelos eram verdes, mas nas pontas eram de um rosa meio laranja, afinal de contas, a tinta estava saindo. Tinha os olhos escuros, um pouco gordinha, mas nada exagerado.
- Para casa, querida. - Eu respondi. - Quero assistir TV de verdade, não essa merda de Silvio Santos, mano, não quero ficar em pleno domingo vendo ele dar dinheiro para as pessoas.
- Recalcada. - Ela riu alto.
Sempre tivemos essa conversa, Vanessa até pegou a revista da Jequiti para ser revendedora e eu, é claro, fui nas ideias dela, até porque queríamos ganhar dinheiro, mas não deu certo e nunca fomos chamadas para o programa.Terminei de arrumar minhas coisas, percebi que não tinha encontrado minha camiseta da banda Green Day.
- Vanessa, você... - parei assim que percebi que minha colega estava tentando roubar a minha camiseta.
- Ah, qual é, Clarissa? Lembra quando você disse que daria ela para mim? - perguntou Vanessa, esperançosa.
- Nunca disse isso e nunca vou dizer. - Estendi a mão e ela jogou a blusa toda amassada. - É melhor eu ir, se não você pode roubar mais alguma coisa, né, trombadinha?
Atravessei o quarto e peguei a mão de Vanessa, mas ela me puxou para um abraço apertado.
- Tchau. - Se despediu.
Levantei a mão em sinal de despedida e saí do quarto, fui para o ponto pegar o ônibus que me levaria para o bairro mais discriminado do estado de São Paulo, São Mateus. Ao som de Green Day estourando meus ouvidos, fui ouvindo Kill the DJ.
* * * * *
Parei em frente a uma casa verde, onde eu costumava morar com meus pais e puxei seu portão branco. Atravessei a garagem e subi as escadas que davam acesso a uma grande sala, nada havia mudado desde que fui para a faculdade há quase 4 anos. Subi o primeiro degrau de um lance de escadas que dava para os dormitórios.
- Pai? - Chamei.
Ouvi barulho de passos apressados e logo os reconheci como sendo de meu sobrinho, Thomas, ele estava bem mais alto, assim como seu pai, entretanto, se parecia demais com sua mãe. Os cabelos loiros quase castanhos estavam escondidos pelo boné do Batman, os olhos grandes de um castanho quase verde, brilhavam ao me olhar. A pele branca destacava na camiseta preta, estava de shorts e chinelo, Tom teve seu estilo completamente influenciado por mim, já vivíamos praticamente juntos. Ele terminou de descer as escadas e me abraçou, Thomas estava mais alto que eu.
- Bem-vinda de volta, tia Clara
- Obrigada, Tom. Onde estão seus avós? - Perguntei, segurando suas mãos
- Lá em cima, a vó se machucou e está descansando, o vô tá com ela. - respondeu Thomas.
Subimos até o quarto dos meus pais, minha mãe estava na cama deitada e coberta com um edredom grosso. Meu pai estava na cadeira ao seu lado.
- Oi, Clarissa. - disse meu pai se levantando para me cumprimentar. - Como esta?
- Bem... O que houve com a mãe? - perguntei, preocupada.
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Despertar dos Mortos
HorrorClarissa é uma estudante de Arqueologia, que após as provas resolve visitar seus pais, o que deveria ser um simples reencontro se transforma em pesadelo. As pessoas estão morrendo, mas não permanecem mortas por muito tempo. Desesperada para sobrevi...