Lucas estava no lado de fora de casa, recostado em uma cadeira, com um livro de ficção em mãos. De longe, Mateus avistara o irmão e, como um touro enfurecido, apressou o passo até alcançar o gêmeo. Assim que se pôs à sua frente, disparou de modo ríspido:
— Carecemos de uma conversa.
Lucas, sem remover o livro da frente do rosto, apenas franziu o cenho. Já Mateus, impaciente, arrancou o volume das mãos do irmão e o arremessou para longe, aguardando que Lucas finalmente lhe prestasse atenção.
— Por que fizeste isso, praga? — levantou-se Lucas, irritado, afastando-se da cadeira.
— Disse que carecemos de uma conversa — replicou Mateus, ainda se controlando para não avançar contra o irmão. Sua respiração descompassada e a palidez que tingia seu rosto denunciavam a fúria crescente.
— Imagino que se trate de Isabelle... – começou Lucas, mas foi impedido de continuar.
O nome da jovem desencadeou uma explosão em Mateus, que, sem pensar duas vezes, desferiu um soco direto na boca do irmão. O impacto jogou Lucas de volta à cadeira. Encarando Mateus com ódio, Lucas passou o polegar sobre o lábio e constatou que sangrava.
— Por que fizeste isso? — bradou ele, encolerizado, mal contendo a vontade de revidar.
— Como ousas perguntar? Sabes muito bem o que fizeste! — rugiu Mateus, os olhos faiscando de raiva.
— Se referes a Isabelle... Apenas nos beijamos. Nada além disso — confessou Lucas, tentando se justificar, sem notar o quão inflamado o irmão estava.
As palavras de Lucas foram como a última fagulha em um campo seco. Mateus avançou novamente, mas desta vez Lucas estava preparado. Ele o atingiu com um soco no rosto. O que antes era uma discussão tornou-se uma briga feroz, os dois irmãos lutando com a mesma intensidade pela atenção da jovem recém-chegada. O barulho da cadeira sendo jogada ao chão, os gritos e o estilhaçar de vidro finalmente atraíram o pai, João, e sua irmã, Célia, que correram para fora da casa com alguns empregados para apartar os gêmeos.
— Que diabos se passa aqui!? — bradou João.
Os irmãos imediatamente cessaram o conflito, voltando sua atenção para o patriarca da família.
— Vosso filho forçou Isabelle a beijá-lo! — gritou Mateus, ainda contido pelos empregados.
Aquelas palavras fizeram João arregalar os olhos. Ele lançou um olhar furioso para Lucas, que por sua vez, estava atônito.
— Eu... o quê? — murmurou Lucas, confuso.
— Ouvistes bem! Forçaste Isabelle a te beijar, seu canalha! — Mateus rugiu, enquanto os punhos se apertavam, pronto para outra investida.
— Não forcei ninguém a nada! Quem inventou tamanha calúnia? — Lucas disparou, já tomado pela ira.
— Isabelle me disse com a própria boca! — revelou Mateus, ainda tremendo de indignação.
Célia, ao lado, olhou para os dois jovens com suspeita, enquanto João permanecia incrédulo.
— Isso é verdade, Lucas? — perguntou João, aproximando-se do filho, os olhos ainda arregalados.
— Não, senhor! Isabelle e eu nos beijamos, sim, mas foi ela quem tomou a iniciativa, não eu! — defendeu-se Lucas, sem hesitação.
— Eu te avisei, João! Aquela moça não presta, é uma meretriz! — exclamou Célia, sem perder a chance de demonstrar que já previra tudo.
YOU ARE READING
O Amor de Isabelle
VampireLucas e Mateus são filhos de um fazendeiro bem-sucedido no ramo de produção de café. Uma noite sentados em sua varanda, os irmãos conhecem a misteriosa Isabelle, que acabara de mudar-se para o terreno próximo ao deles. Uma violenta paixão arrebata o...