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Verão e domingos, definitivamente, não foram feitos para Belly.
Ela nunca gostou de finais de semana e menos ainda daqueles decorrentes do verão mais quente que Ventura já enfrentou, mas isso se dava ao fato que Belly enxerga os domingos como ilusórios. São quentes, curtos e cheio de pessoas com energia transbordante para o lazer. Domingos foram feitos para pessoas gostam de expor seus caprichos, praias, calor, almoço e família enquanto de todos citados, apenas almoço caseiro lhe agrada. Bom, esse é só um dos vários motivos para ela não gostar desse dia.
É cedo, mas a moça já pensa em ter uma dia de folga.
Domingos também é dia de entregas. Ela cuida da loja de ferramentas sozinha enquanto Yun está fora para fazer entregas de encomendas pela cidade e o setor ao lado do seu fica vazio. Belly se sente mais sozinha que o costume e para tentar esquecer a falta que seu amigo agitado faz, pequenos poemas nascem em post-its e tsurus são feitos de dobraduras para cada segredo e desejo contido em seu olhar. Suas frustrações também são depositadas ali.
Yun não entendia porque seus pequenos bloquinhos acabam tão rápido, sendo que o próprio se continha para usar com dó de gastá-los, até ver que além dos seus amarelinhos, Belly também usa os post-its verde de Yun para fazer tsurus.
Mas nada a satisfaz tanto quanto passar alguns minutos do seu dia conversando consigo e a maioria deles gasta se perguntando se aquele espaço gasto dentro de si por aquele moço não poderia ser preenchido por outra pessoa. Já é uma adulta. Poderia vir outro e tomar aquele espaço fácil fácil.
Não poderia ser tudo menos aconchegante e seguro, o jeito ele a faz se sentir, e aquela coisa no peito ser enxotada de uma vez por todas dali? Belly não acha que merece algo tão "bom" como toda a bagunça não planejada que sente. Se é que paixão pode ser maleável para ser planejada.
A verdade é que o moço bonito gosta de brincar com a sanidade mental da moça sem ao menos saber. Seu coração desenhado como um girassol já tomou o moço bonito como seu sol.
Ela já tentou. Uma, duas, três vezes... Esquecer ele, não olhar para ele, trocar ele, pintar ele de formas abstratas para que sua beleza não a importune tanto e nas últimas das opções, odiar aquele moço bonito que sequer bateu na porta sem graça do seu coração. Foi logo entrando, sem bater as botas molhadas da chuva que cessou quando o sol chegou e deixando todos os rastros do seu calor em todos os cômodos frios que ela é.
Belly odeia amar um moço bonito e sequer ter coragem no coração para lhe direcionar um "boa tarde, moço bonito". Nunca passou de sorrisos educados com uma janela e três passos de distância.
Acho que é esse o limite para o seu coração não sofrer outra taquicardia, se houver alguma explicação científica para aquilo. Elas têm sido constantes desde que o moço chegou a cidade.
Melhor assim, ao menos não arrisco a ter picos altos nessa coisa ingrata que bate no meu peito, gosta de pensar.
Há dias que seu peito parece que tem uma britadeira em obra e lembra claramente que em um desses dias foi quando o rapaz a flagrou cantando alto enquanto limpava o lado de fora da vidraçaria da vitrine e o moço bonito lhe direcionou um olhar franzido, mas com um sorriso amplo e lindo. A moça, após anos de abstinência, lembrou o que a clichê frase tão dita por sua avó, "amor causa falta de juízo e ar", significa. Yun precisou ameaçar jogar todo o pó de café no lixo, caso a amiga não voltasse a si e explicasse o motivo do sorriso que não saiu do rosto o resto do dia.
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A Esperança (não) tem Seu Nome • JHS
Teen Fiction"Como eu sou girassol, você é meu sol. Um metro e sessenta e sete de sol e quase o ano inteiro, os dias foram noites para mim" Belly Barkin não gosta do verão e muito menos que a loja onde trabalha seja na região mais quente do condado Ventura. Ela...