- J.One, consegui! – abraçou o cão com cuidado e o encheu de beijos, vendo o mesmo se afastar assustado – credo, virei um cacto cachorro homofóbico? – fez bico – enfim, consegui falar com o Woojin! Agora ele está bem e eu também, você não sabe o alívio que eu estou sentindo agora! – suspirou fundo.
“Esse humano é o mais estranho que eu tive, mas ele tem um coração bom”. Jisung escutou um clique e olhou diretamente ao celular que seu dono segurava em uma de suas mãos, provavelmente tirou uma foto sua.
- Ah, você ficou tão fofo aqui! Nem parece que é homofóbico – Minho riu e o cão ficou sem entender, afinal, ele não sabia o que era isso. Virou a cabeça um pouco de lado, expressando sua confusão – ah, é alguém que tem sentimentos negativos por pessoas da comunidade lgbtq+, entendeu? – Jisung ouviu uma das famílias que o adotou falar sobre isso, mas aquilo não fazia sentido na cabeça dele. Quem visse Lee desse jeito pensava que ele estava conversando com uma pessoa normalmente.
Primeiro, que Jisung nunca havia se apaixonado, segundo que, não entendia o porquê desse sentimento negativo existir, seria mesmo tão ruim para algumas pessoas ver a felicidade alheia?
Acabou mergulhando em seus pensamentos e se desligou do mundo. Como J.One foi um cachorro de rua pela maior parte de sua vida, vira de tudo nela. Mulheres que se vestiam como homens, homens que se vestiam como mulheres, dois homens juntos, duas mulheres juntas, e chegou até ver três homens juntos. Tentou se imaginar com todas as pessoas que já vira, mas não conseguia. Afinal, mal sabia como estava sua aparência agora.
Lembrou que perto do banheiro da casa de Minho havia um espelho enorme, que provavelmente pegaria todo o seu corpo. Será que ele poderia ir lá de madrugada, enquanto seu dono dormia?
- Ei? Viu algum espírito?! – Minho bateu no canto da parede em que J.One fixava o olhar, tirando então a atenção do mesmo – ah, eu me assustei – colocou a mão no peito e soltou uma risada sem graça – não tem como meu dia ficar melhor! Esqueci que minhas férias começaram, meu chefe acabou de me notificar, oh meu senhor eu sei que tu me sondas! – beijou o cão novamente na cabeça – vou tomar banho, depois eu venho dormir, porque amanhã eu vou acordar bem tarde! Estou tão cansado.
Horas se passaram e Jisung permanecia acordado. Olhou no relógio digital que estava ao lado da cama e marcavam três da madrugada. Levantou-se e caminhou direto ao espelho que era no corredor do quarto de Minho, sorte sua que ele havia deixado a porta do quarto encostada.
Olhou no espelho e ele pegava apenas sua cabeça, riu internamente por isso. Talvez fazer isso de novo depois de tanto tempo fosse difícil, mas ele não havia esquecido como fazia. Ele deveria concentrar seus sentimentos e pensamentos em um só, deveria reunir suas forças e pensar apenas em trocar de “pele”.
Olhou para suas patas e olhou novamente para o espelho, em seguida fechou os olhos e concentrou tudo o que sentia em um só, e pensou em apenas uma coisa. Sentiu o corpo formigando e esquentando, os dedos alongarem e sua coluna levantando, as pernas esticando, tudo de uma vez só.
Abriu os olhos e viu seus pés, estava com a mesma bermuda que usou há anos atrás, ela estava um pouco apertada, mas não estava tão desconfortável. Olhou para cima e viu a faixa em seu abdômen, a dor era um pouco incômoda ainda. Viu seus braços um pouco sujos, mas nada que um banho tirasse. Subiu mais o olhar e viu o seu rosto.
Jisung se assustou um pouco, arregalou os olhos e se aproximou mais do espelho, passou a mão direita sobre sua bochecha, subiu aos cabelos e os apertou, depois apoiou as duas mãos na parede e continuava se olhando. Digamos, que estava satisfeito com o que via.
- Wow – falou e prestou atenção na própria voz. Era como se tudo aquilo fosse tudo novo para ele, faziam anos desde a última vez em que se transformou, não lembrava mais de sua aparência.
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O Golden Retriever || Minsung (repostada)
Novela JuvenilJisung poderia se transformar em um golden retriever e em humano quando quisesse, mas como a maldição seria uma vida de cachorro ele tinha um grande problema. Cachorros dessa raça vivem entre 10 e 12 anos. Será que ele poderá amar e ser amado nesse...