Capítulo 1

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Fabio

- Puta que o pariu – esse deve ser o vigésimo palavrão que falo em 20 minutos, a porra do meu gerente financeiro acaba de me trazer a conta do prejú que tomei no rabo por burrice do setor que "esqueceu" de honrar os compromissos de um contrato que demorou horrores para eu conseguir, ou seja, perdi a porra do contrato e vou ter que pagar a conta... ainda não decidi o que vou fazer com esses filhos da puta

Depois do desabafo acima vou me apresentar feito menino educado pela mamãe que sou, prazer Fabio, um moço de apenas 34 anos, tenho uma empresa no ramo de confecção aqui no interior paulista, sou do tipo peão, sim, me visto de botina e cinturão com o som do carro ligado no modão, solteirão mas não sozinho né por que meu amigo aqui de baixo já teria me estrangulado, tive um caso mais serio há uns anos atrás, mas me fudi, a moça era linda, inteligente, tudo o que eu queria, mas todo mundo tem defeito, o dela? Ser noiva, me usou enquanto o macho dela não dava assistência viajando, e eu o besta apaixonado que fazia ela gozar, o fim da história? Eu enchendo a cara enquanto ela casava com ele, acordei numa ressaca desgraçada ficando sabendo que eles tinham morrido num acidente de carro indo pra lua de mel...

Voltando ao presente... enchi o saco, vou pra casa em plena 10 da manhã – sou o dono dessa porra, se eu ficar vou mandar um pro hospital de tanta vontade de socar a cara desses vagabundos do financeiro, pego meu celular, carteira e chave do carro, vou pra minha caminhonete e vazo pra casa, banho frio, uma punheta e estou mais leve; já que odeio televisão, os modão tão tocando no rádio, abro meus aplicativos de caça, amo esse mercado de carne, parece que entrei no açougue, seleciono umas picanhas, uns contra filé, o delícia, apareceu uma menina diferente aqui, costumo selecionar só aquelas que são gostosas e não tem cara de fake, mas essa... tem umas fotos diferentes, ela se mostra ao mesmo tempo que se esconde, um cabelo castanho claro, uma boca carnudinha, dá pra ver que ela é mais cheinha, mas vamos lá, puxo a foto pra direita e Match, eita porra

Como começar uma conversa? Educação primeiro né então... mando um bom dia e depois eu descubro se vale a pena gastar meu tempo com essa, continuo selecionando mais algumas, encho o saco e vou dar uma dormida, quando acordar almoço e ligo na empresa para tentar resolver aquela merda.

Acordo umas duas horas depois com minha barriga me obrigando a caçar comida na geladeira, vamos de restodonté pq a preguiça aqui tá foda, esquento no micro-ondas e começo a comer, a porra do celular começa a esgoelar, número da empresa, o merda...

- Alô

- Seu Fábio é a Cris – Ih.. ela não me liga à toa – deu um probleminha numa máquina aqui e precisamos do senhor

- Chama a assistência, eu lá sou mecânico por acaso? – Dei esporro sem querer, eu com fome sou um saco mesmo

- Já chamei, mas é que o conserto vai sair meio caro, preciso da sua autorização

- Meio caro quanto?

- Cinco mil

- Mas que caralho, que porra que quebrou?

- Foi a máquina de corte, mas não sei explicar o que foi – caralha, não dá para ficar sem essa bosta

- Já pediu desconto?

- Já, ele pedia cinco e meio, consegui cinco, mas em até dez dias para pagar

- Manda fazer, mas exige garantia e pago cinco em quinze dias, esse filho da puta está com graça

- Sim senhor – ela fala com alguém e – Ele não quer aceitar

- Deixa eu falar com ele

- Pronto

- O que quebrou nessa caralha dessa máquina?

- Véi, tu não fez a manutenção correta, estourou tudo lá dentro, vou ter que trocar um monte de peça

- Não fiz a manutenção? Como assim? Caralho é pra você vir todo mês não tá combinado?

- Sim, mas não trampo de graça

- Mas te pago todo mês

- Faz uns seis meses que não recebo, achei até que tinha trocado de firma

- O que? Tá, depois resolvo isso, conserta essa desgraça e o resto a gente conversa depois

Perdi até a fome, pelo que to sacando tem alguém me sabotando no financeiro, vou mandar embora todo mundo, ou me finjo de morto e descubro quem é o filho da puta? Ainda não sei, no meio dessa desgraça toda, vejo que tinha uma mensagem da Marcela, aquela menina do aplicativo, era só um – Oi, bom dia tudo bem? – a vontade era de falar bom dia é o caralho e bem porra nenhuma, maaass não quero assustar a presa né, então – Tudo ótimo linda e você?

Do portão pra camaOnde histórias criam vida. Descubra agora